CRÓNICA | Um arco de uma flecha!

7 meses atrás 70

Que momento! Que golo!! Galeno assegurou, nos descontos, uma preciosa vantagem para o FC Porto ir guardar a Londres. Mesmo a fechar, quando já ninguém acreditava, o luso-brasileiro teve um momento soberbo que coloriu uma noite amarrada e de muita contenção. Diogo Costa não fez qualquer defesa.

Num duelo entre duas equipas muito tentadas a anular o adversário, o Arsenal só conseguiu perigo nas bolas paradas, num jogo em que teve muita bola, sem conseguir com ela desfazer a boa organização de Sérgio Conceição. Aos portistas faltou clarividência quando puderam ter espaço para o contra-ataque. E seria a principal flecha, tantas vezes solicitado para correrias, a decidir com muita classe.

Bem agarradinhos

Aquelas constantes batalhas em pontapés de canto que se verificavam a cada momento desses na área portista espelharam bem o desenho do começo da eliminatória. Sim, falamos de eliminatória e não de jogo apenas, porque se percebeu que um e outro treinador quiseram ganhar cada centímetro sem nunca perder o equilíbrio. Um jogo de forças que fez com que a primeira parte fosse constantemente amarrada.

49.111 espectadores num Dragão cheio @Catarina Morais / Kapta +

O FC Porto, sabedor que teria muito menos bola, fez o que se esperava: meio-campo contido para impedir jogo entre-linhas de Odegaard e Havertz, pressão moderada (só Francisco Conceição arriscava mais em cima, com as costas protegidas) e muito jogo direto para Galeno, o homem em maior destaque numa primeira parte escassa em situações para resumos televisivos. Ganhou um amarelo a Rice logo a abrir e teve a grande oportunidade nesse período, traído pelo ferro e, a seguir, pela errada ilusão de golo - que até o sistema sonoro do estádio fez disparar.

Do ponto de vista do espetáculo, nada que se recomende. Do ponto de vista tático, uma prestação muito interessante dos dragões, onde o bom nível de Wendell (o melhor desde que chegou) foi importante para estancar as ações de Saka num lado em que se sentia o natural nervosismo de Otávio, estreante nestes palcos maiores num jogo de grande exigência.

Grande jogo de Varela @Catarina Morais / Kapta +

Por vezes, sentiu-se que o FC Porto podia ter sido mais aventureiro quando recuperava a bola. Pepê teve algumas precipitações, Galeno nem sempre foi bem sucedido, Evanilson - quase sempre em apoio - teve muito pouco espaço para rodar e acelerar.

O saldo não era mau e até podia sugerir amargura pela bola ao poste. Mas havia justiça perante um Arsenal com muita bola, mas pouquíssimo produtor: para registo, só dois cabeceamentos ao lado na sequência dos tais cantos.

Até aos deliciosos descontos

No segundo tempo, o conceito não mudou, até porque ninguém tinha de se dar ao risco. Surgiram mais falhas de marcação do lado portista, como a que deixou Trossard sozinho na sequência de um canto, mas foram normalmente resolvidas ainda antes de alguma invasão à área de Diogo Costa.

Imperial nas alturas @Catarina Morais / Kapta +

Nada livre de trabalhos - lá está, sobretudo em cantos e cruzamentos - o guarda-redes portista conseguiu a proeza de não ter de fazer qualquer defesa. Ou, por outras palavras, o Arsenal não fez qualquer remate enquadrado.

Só que, do outro lado, continuou a faltar a melhor definição nas chegadas ao último terço. Os gunners também melhoraram na abordagem defensiva, não marcando tão em cima os velocistas portistas e tirando-lhes a capacidade de ganhar a frente em aceleração. E, ao mesmo tempo, a frescura física foi desaparecendo.

Mesmo assim, por ver a equipa a cumprir sem bola, Sérgio Conceição tardou bastante as mexidas na equipa. Arteta fê-lo primeiro, embora com clara mensagem de prudência (saiu o avançado Trossard, entrou o médio Jorginho) e o líder portista só aos 80 minutos alterou, com Ivan Jaime. Depois, com os refrescos Borges e Toni Martínez.

Tudo se encaminhava para uma igualdade pouco atrativa para Londres. Eis que, cansado e com poucas forças, Galeno foi à técnica para um fabuloso remate que deu numa importantíssima vitória!

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