Cuba apoia processo da África do Sul no TIJ por "genocídio" na Faixa de Gaza

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O Governo cubano manifestou hoje o seu apoio ao procedimento iniciado pela África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) por um possível delito de genocídio na sua atuação na Faixa de Gaza.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros explicou em comunicado que esta decisão da África do Sul "deve ser entendida e considerada um apelo urgente para conter os horríveis crimes internacionais de genocídio, lesa humanidade e `apartheid` que estão a ser cometidos contra o povo palestiniano".

Na sua perspetiva, na Faixa de Gaza está a ser cometido "um crime de genocídio" de "proporções extremas", que exige "a ação conjunta dos povos e governos do mundo" para "terminar de imediato o extermínio indiscriminado de crianças, raparigas e rapazes, mulheres e população civil em geral".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano também reitera a sua "profunda preocupação pela contínua escalada de violência por parte de Israel nos territórios palestinianos ilegalmente ocupados" e denuncia a "total impunidade de Israel" através da "proteção cúmplice" dos Estados Unidos.

O comunicado também condena "energicamente" os "assassínios de civis, em particular de mulheres, crianças e trabalhadores humanitários do sistema das Nações Unidas, assim como os bombardeamentos indiscriminados contra a população civil palestiniana e a destruição de casas, hospitais e infraestrutura civil".

O Governo de Cuba, defensor desde há décadas das reivindicações palestinianas, tem criticado repetidamente Israel nos últimos meses, a quem acusou de "genocídio" e prática de crimes de guerra na Faixa de Gaza.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 23.000 pessoas -- incluindo perto de 9.000 crianças e adolescentes e 6.000 mulheres, 70% do total de vítimas mortais -- e feridas mais de 59 mil, também maioritariamente civis.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

A organização não-governamental (ONG) Oxfam indicou hoje que o ataque israelita na Faixa de Gaza tem originado uma média superior a 250 mortes por dia, um número sem precedentes em qualquer outro conflito no século XXI.

Desde 07 de outubro, pelo menos 332 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.

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