Da Ucrânia à União Europeia, uma esquerda que concorda em discordar

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As posições divergentes face à guerra da Ucrânia e ao posicionamento face à União Europeia foram as exceções num debate em que Paulo Raimundo e Rui Tavares mostraram-se disponíveis para um entendimento à esquerda: “À direita temos um processo de canibalização interna”, sublinhou o deputado-único do Livre.

Entendimentos à esquerda, posicionamento face à guerra da Ucrânia, as questões em torno das forças de segurança e do futuro do trabalho foram alguns dos temas abordados por Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP e Rui Tavares, fundador e deputado-único do Livre.

Sobre os eventuais entendimentos à esquerda, ambas as forças políticas negaram que o caminho seja um voto massivo no PS. “Nunca falharemos e estamos disponíveis”, realçou Paulo Raimundo sobre esse acordo, sublinhando que será sempre importante que haja “convergência para aumentar salários, pensões, alterações da legislação laboral, para resolver os problemas no SNS”. Considera o secretário-geral do PCP que “o país tem uma injustiça crescente e tem que haver um caminho de ruptura para com esta situação” dando  como exemplo o sector bancário: “Os bancos com 12 milhões de euros de lucros por dia e as pessoas com dificuldades em manter as suas casas?”, questionou.

Rui Tavares defendeu que “a melhor ideia de pôr em prática o programa do Livre é votar no Livre e quanto ao PS, nem essa se tem revelado a melhor forma de pôr em prática esse programa”. O fundador do Livre considera que uma maioria de esquerda “será mais coerente: porque há uma ideia de valorizar os trabalhadores, apostar na reindustrialização e na transição energética. Acrescentamos os pilares da esquerda. À direita temos um processo de canibalização interna. Basta ver como têm sido feitos os debates à esquerda e à direita. Queremos a desestabilização da extrema-direita?”.

A propósito da possibilidade das posições face à política externa da CDU poderem penalizar a coligação nas urnas, Paulo Raimundo rejeita essa associação: “Estranharia muito se uma força como a CDU, que alertou para os problemas na Ucrânia desde 2014, fosse penalizada nas eleições por causa disso. Fizeram uma caricatura da posição do PCP face à guerra e passados dois anos, veja-se o resultado de apoio à guerra. Precisamos de paz na Ucrânia e na Palestina”.

Rui Tavares reconheceu que o PCP e Livre “têm posições divergentes sobre a União Europeia mas têm posições coerentes e aqui podemos ter um debate profícuo”. Para o fundador do Livre, a única hipótese que os europeus têm é de se “unir contra os imperialismos, seja russo ou norte-americano, é unirem-se em torno do projeto europeu”.

Questionados sobre o direito à greve na Polícia de Segurança Pública, CDU e Livre preferiram direcionar o foco naquilo que são as condições de trabalho das forças de segurança. Para Paulo Raimundo, essa “nem sequer é a questão central, é importante dar condições às forças de segurança. Defendemos a fusão das forças de segurança”. Rui Tavares alertou para aquilo que considera ser “a partidarização das forças de segurança é um caminho” algo que no seu entender “só interessa ao partido que sabemos”.

Sobre os desafios do trabalho e dos recursos humanos em Portugal, o deputado-único do Livre defendeu a semana de quatro dias considerando-a “muito importante para equilibrar a vida pessoal e profissional”. Já Paulo Raimundo notou que “é importante a reorganização dos ritmos de trabalho para evitar situações de grande stress profissional”.

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