Daniel Sousa: «Chegar ao 6.º lugar é um dos objetivos»

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Daniel Sousa fez, ao início da tarde deste sábado, a antevisão do Arouca-Boavista, jogo referente à 29.ª jornada do campeonato e marcado para amanhã. Esta pode ser a ronda em que os lobos consumam matematicamente a permanência no primeiro escalão, mas os objetivos foram redefinidos e já se olha para o lugar acima, o 6.º da classificação, que dará acesso à próxima edição da Allianz Cup e, mediante algumas conjugações, ainda pode apurar mais uma equipa para a provas da UEFA em 2024/25.

Completa amanhã uma volta do campeonato como treinador do Arouca. Que balanço faz do seu percurso até aqui?
"Bem, acho que é cedo para fazer balanços. No final, faço um resumo da época, porque acho que qualquer balanço que possa ser feito já pode dar uma sensação de algum relaxe, porque ainda temos muito trabalho para fazer. Como eu disse na jornada anterior, os objetivos foram redefinidos e perante essa redefinição nós temos que nos manter focados, porque temos adversários ainda bastante difíceis, inclusive já neste fim de semana, o Boavista, que tem feito um campeonato até bastante regular, dadas as circunstâncias em que tem vivido, que são sempre circunstâncias difíceis do ponto de vista desportivo para dar as respostas que eles têm dado. Por isso, o balanço será mais para o final."

Esta pode ser a jornada em que o Arouca assegura matematicamente a permanência, que era o objetivo inicial. Isso mexe com a equipa ou já estão todos focados em chegar ao 6.º lugar?
"A redefinição de objetivos passa pela posição na tabela que nós queremos alcançar, obviamente que chegar ao 6.º lugar é um dos objetivos, o outro é manter esta posição na parte de cima da tabela. Isso é um objetivo importante, porque sabemos também que o Morelense não está muito longe, mas os outros que estão para baixo de nós também não estão muito longe e nós tivemos sempre essa cautela, porque aquilo que nós temos que fazer é ganhar jogos. Primeiro é querer ganhar o jogo e, depois, saber que queremos consolidar essas posições. O objetivo inicial era a permanência, obviamente, e isso sendo um objetivo e sendo alcançável já nesta jornada, tanto melhor. Obviamente que depois os objetivos já passam por consolidar numa posição e olhar para cima o máximo possível."

O 6.º lugar permite ao Arouca aceder à próxima edição da Allianz Cup...
"Exatamente."

E também poderá dar acesso às provas da UEFA.
"Há lá uma conjugação de fatores, mas é uma conjugação difícil. Tem a ver com quem ganha, quem não ganha, assim, ou seja, há uma conjugação de fatores que eu acho que ainda assim é possível. Se o Benfica ganhar a Liga Europa é mais que possível. Por isso há todo um conjunto de fatores que pode fazer com que o 6º lugar ainda permita... Se dependesse de nós... Mas não depende apenas de quem possa ficar em 6.º, depende de todo um conjunto de fatores que não são minimamente controláveis."

O Arouca já bateu o seu próprio recorde em termos de golos marcados. Sempre disse que pensa o jogo a partir do golo, sente satisfação por a equipa estar a produzir muito?
"A satisfação vem dos números, vem da posição na tabela, vem da capacidade da equipa de criar essas situações de golo, não é só de os marcar, ou seja, não é só do destaque individual, que é mais do que merecido a quem o está a ter, mas também do trabalho da equipa toda, que realmente é inexcedível nesse que é o objetivo do jogo. Realmente eu penso o jogo sempre a partir do golo, porque lá está, eu também já falei várias vezes que eu tento respeitar a essência do jogo e a essência do jogo é a procura do golo, a procura da vitória. Isto tem tradução, isto não é só filosofia, eu tento que isto tenha uma tradução em comportamentos, em comportamentos no treino, em comportamentos no jogo, obviamente, que também tem que ver com as dinâmicas de equipa, mas também com dinâmicas que nós tentamos implementar nos treinos nesse sentido."

O Arouca tem o 5.º melhor ataque da Liga e vai defrontar a 4.ª pior defesa. Isto pode ser uma vantagem para o Arouca?
"Não, não é pelo simples facto que, quando foi o jogo do Moreirense, fizeram-me uma pergunta sobre o Moreirense vir numa série de jogos sem marcar... Isso é o que está para trás... É interessante se o registo for positivo, mas também não nos podemos empoleirar nesses registos, porque cada jogo tem uma história diferente. Seguramente nós tivemos dificuldades contra alguns adversários, também a encontrar a baliza, com o Moreirense, Casa Pia... Foram jogos em que nos criaram bastantes dificuldades, e o Boavista também acredito que vai ser uma das equipas que nos vai criar bastantes dificuldades. Por isso esse registo não tem grande expressão para aquilo que é a motivação. A motivação é querer ganhar, essa é que tem que ser a motivação, tem que partir daí."

Vê grandes diferenças entre este Boavista de Ricardo Paiva em relação ao que defrontou quando Petit ainda era o treinador?
"Tem algumas diferenças, sim. Sou admirador do trabalho que o Petit fez e que o Ricardo está a fazer e parece-me que há uma linha de continuidade, ainda que tenha ali uma outra situação que é cunho do Ricardo."

Esta semana ficou marcada por notícias sobre o interesse de clubes grandes em jogadores do Arouca. É fácil gerir isso?
"Claro, é uma circunstância normal do sucesso da equipa. Ou seja, quando a equipa trabalha e faz as coisas bem, e é o que tem acontecido, acaba por haver um pouco mais de destaque. Eu acho que isso é uma consequência natural e temos que a interpretar como natural. Agora, interesse, mais interesse, menos interesse, não senti nada, senti uma semana de trabalho muito, muito boa. Ao nível das melhores que já fizemos, não sei se até a melhor que já fizemos até agora. Quer em termos de volume, quer em termos de intensidade, concentração, foi de facto uma boa semana de trabalho. E isso é o que a mim e a equipa técnica nos apraz muito, essa qualidade do trabalho que os jogadores põem durante a semana."

Tem três laterais-esquerdo no plantel, como é feita a gestão?
"Isso é difícil, porque tem a ver com a gestão das expectativas de cada um. Há um motivo para haver três e tem a ver com as lesões que realmente assolaram numa parte inicial até meio da época. Sempre fomos bastante assolados, infelizmente com lesões, lesões até com alguma gravidade, que felizmente já estão ultrapassadas e que agora estão disponíveis. Aquilo que me importa a mim é ser coerente com aquilo que eu decido. Há uma frase que eu costumo dizer logo de início, que é 'por vezes a injustiça individual faz parte do equilíbrio coletivo.' E isto é muito importante para mim e faço questão de transmitir, porque eu quero mesmo que eles todos estejam bem, eu quero mesmo ajudar toda a gente. Depois ao fim de semana só podem jogar onze, isso é lei. Se nós pudéssemos jogar com 15 ou 16, se calhar metíamos lá, obviamente, porque a forma, o comprometimento de quem está a jogar e quem não está a jogar tem sido excepcional."

Também foi fundamental para o sucesso desta época o facto de a direção ter construído um plantel bastante profundo?
"Eu acho que, mais do que tudo, quem joga são os jogadores e esse equilíbrio, essa profundidade faz parte de uma das tarefas mais importantes do clube, da direcção, da consonância das pessoas que tomam decisões, que é a construção do plantel. Eu acho que é, de facto, uma das coisas mais importantes que existe no futebol e no sucesso desportivo, quer pela profundidade, quer pelo equilíbrio. As coisas não estão garantidas por si, não se garante só com a construção do plantel, mas tem um peso muito grande naquilo que é, ou não, o sucesso desportivo."

O que vê de mais especial no Boavista?
"O Boavista é um clube histórico, que transporta consigo uma certa, não sei se será mística, há qualquer coisa ali no Boavista que o torna um clube histórico e especial. Cada um com as suas particularidades, o Vitória também tem alguma dessas particularidades. Agora, em termos de jogo são uma equipa com qualidade, com bastante qualidade, que estão organizados agora um pouco diferente, com uma linha de cinco, podem criar alguns problemas com as unidades que têm, sobretudo nas saídas para o ataque, na profundidade que têm pelos corredores, também no ponta de lança, que é uma referência muito importante ali dentro da área. Tem um meio campo também de bastante trabalho e de qualidade. Para além disso, o Boavista vai trazer mil e tal adeptos, ou seja, transporta consigo isso, que o torna também um clube especial nesse sentido."

Quem são as baixas por lesão?
"Galovic."

Tem Arrubarrena, Rafa Mujica, Jason e Cristo em risco de exclusão...
"Sim, mas faz parte do jogo. Se no jogo tivermos que gerir alguma coisa vamos fazê-lo. Caso contrário, a gestão que temos que fazer é quem está à espera da oportunidade, sabe que é um momento em que pode aparecer uma oportunidade e tem que a agarrar com tudo o que tiver para mostrar o trabalho."

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