FUTSAL | Guia ZZ: Baralha e volta a dar: está de volta a Liga Placard!

2 horas atrás 24

O Campeonato do Mundo foi um ótimo aperitivo, digamos assim, mas agora é que é a sério: está aí a edição 2024/25 da Liga Placard! A nova época na elite do futsal nacional arranca com muitas novidades e com história ainda a ecoar da temporada transata: o Sporting chegou a um inédito tetracampeonato e o SC Braga intrometeu-se definitivamente na luta, garantindo o acesso à Champions e deixando o Benfica sem presença europeia pela primeira vez desde 2017/18.

Na Luz pede-se, por isso, uma resposta à altura no arranque para uma nova era. Mário Silva deixou o banco encarnado para rumar à Arábia Saudita e Cassiano Klein foi, por fim, apresentado como o sucessor após uma longa novela. Os tempos são de recomeço, mas a exigência imposta num clube como os encarnados obriga a que o processo seja célere e a equipa possa no imediato ombrear com os coletivos já bem mais oleados por Nuno Dias e Joel Rocha, que se mantêm nos bancos de suplentes de Sporting e SC Braga.

Os três habituée

No arranque para uma nova temporada, é difícil fugir à regra dos últimos tempos: Sporting, SC Braga e Benfica partem na linha da frente em relação aos restantes. E dentro deste trio, os leões são, naturalmente, favoritos a revalidar o troféu e a alcançar o pentacampeonato.

Contudo, há várias questões às quais só o arranque da competição vai poder responder. No covil do leão já não mora Pany Varela e ninguém chegou para reforçar a ala, pelo que pode ter ficado uma lacuna por colmatar no emblema verde e branco. Ao mesmo tempo, Tatinho pode surgir com outro protagonismo - e mais minutos - em 2024/25, numa posição para a qual as outras opções são Alex Merlim, Pauleta e Taynan.

@Sporting CP

A última temporada trouxe, para além do tetracampeonato, mais uma Taça da Liga para o palmarés do leão, mas faltaram duas coisas: a Taça de Portugal e, sobretudo, a Liga dos Campeões, na qual os sportinguistas terminaram num dececionante quarto lugar. Embora não tenha havido oportunidade para contratar um substituto à altura de Pany Varela, o mercado não esteve parado e ao João Rocha chegou Allan Guilherme, depois de uma larga negociação com o SC Braga e que levou Hugo Neves no sentido inverso. Um parceiro de fogo para Zicky Té, o melhor jogador da última edição da Liga.

Em Braga, depois do vice-campeonato e com a presença europeia em cartão, muitas mudanças. Depois da melhor temporada desde que assumiu os destinos dos Gverreiros do Minho, Joel Rocha tem agora novos desafios pela frente. O técnico perdeu a sua extensão em quadra com a saída de Robinho e o poder de fogo do ataque com a mudança de Allan Guilherme para o rival Sporting. Chegou então Hugo Neves em sentido oposto, para fazer parelha com Ítalo Rossetti na posição de pivot, dois alas brasileiros, Gabriel Penézio e Gabriel Mazzeto, para tentarem fazer esquecer Robinho e ainda o regressado Leandro Costa para oferecer concorrência a Dudu, face à rescisão contratual de Deivd.

@SL Benfica

Por fim, o Benfica. Com novo treinador, se há algo que pode ajudar a que o processo seja mais célere é o facto de o plantel encarnado ter praticamente as mesmas caras. Houve muitas saídas, é verdade, mas de jogadores tidos como excedentários. As caras novas são poucas e a base do elenco é a mesma, o que pode facilitar o trabalho de Cassiano Klein numa primeira fase. Raúl Moreira vai integrar o plantel depois de ter estado cedido à ADCR Caxinas Poça Barca e os dois reforços, André Coelho e André Correia, são já bem conhecidos da casa.

Nas saídas, uma mini-revolução: Bruno Coelho (RFS Futsal), Rocha (L84 Volpiano), Gonçalo Sobral (Quinta dos Lombos), André Sousa (Leões Porto Salvo), Martim Figueira (Leões Porto Salvo e Bruno Cintra (KS Constract Lubawa) deixaram a Luz. Afonso Jesus herdou a braçadeira de capitão e vai ser o líder em quadra para esta nova águia.

Leões para encabeçar pelotão

Fugindo da esfera dos três candidatos, entramos na dos conjuntos que procuram aproximar-se da frente e garantir um lugar no play-off de forma natural. Atentando às últimas edições, é difícil não olhar para o Leões Porto Salvo, à partida, como o best of the rest.

De projeto consolidado, novamente com Cláudio Moreira ao leme, a equipa de Porto Salvo tem apenas uma grande contrariedade em relação a 2023/24: Bruno Pinto deixou o clube e rumou à Arábia Saudita. André Correia também saiu, é certo, mas a sua ausência foi colmatada com as chegadas de André Sousa e Martim Figueira para a baliza.

Wendell também deixou o plantel, mas o Leões garantiu a continuidade de Peixinho, Rúben Teixeira (regressa de lesão e pode ser peça importante), Bruno Maior e Rúben Góis, ao mesmo tempo que conseguiu o empréstimo de Pedro Santos junto do Sporting Da AMSAC chegou ainda Henrique Rodrigues. Isto tudo, juntando aos experientes Rodrigo Hiroshi e e aos desconcertantes Mamadú Ture e Ruan Silvestre, deixam os Leões numa posição confortável.

@Leões Porto Salvo

Neste pelotão inclui-se também o Ferreira do Zêzere. As saídas de Nicolas Tomé (Torreense), Xisto (Torreense), David Costa (Quinta dos Lombos) e Pedro Peixoto (Viseu 2001/Palácio do Gelo) pesam, mas os achigãs mexeram-se bem no mercado e garantiram a Ricardo Lobão nomes muito interessantes - Jô Cambangula (Nun´Álvares), Diogo Silva (Sporting), Djaelson (MNK Square), Francisco Oliveira (ADCR Caxinas Poça Barca), Rafael Silva (SC Barbarense), Pedro Martinho (Leões Porto Salvo), Alan Gitahy (Piast Gliwice), Duarte Correia (Sporting), Rúben Carrilho (Leões Porto Salvo) e Tiago Tavares (Leões Porto Salvo). André Galvão também foi reforço, mas deixou a equipa ainda antes do arranque oficial.

Com um projeto praticamente novo, mas que deixa água na boca, o Torreense posiciona-se como candidato forte nesta luta de play-off. Agora orientado por Miguel Velez, o emblema de Torres Vedras fez uma reestruturação profunda no plantel, mas qualidade há de sobra. Da equipa despediram-se Rúben Santos (Al-Ettifaq), Giovanny (Araz Naxçivan), Fábio Lima (Quinta dos Lombos), Gutta (KS Constract Lubawa), Russo (Belenenses), Tomás Reis (UJS Toulouse), Luís Nunes (UPVN) e Leandro Costa (SC Braga), mas as entradas foram também muitas e de qualidade.

Cristiano Marques (Anderlecht), Nicolas Tomé (Ferreira do Zêzere), Xisto (Ferreira do Zêzere), Danny (Quinta dos Lombos), Célio Coque (Eléctrico), Tomás Silva (AMSAC), Tiago Correia (Vitória FC), Tiago Correia (AMSAC), Gustavo Rodrigues (Eléctrico) e Matheus Correia (Sergipe) foram as caras novas apresentadas pelo Torreense, cujo objetivo é agora o de fazer o coletivo funcionar o quanto antes. Matéria-prima para isso existe, não haja dúvida.

Reformulações na ordem do dia

Crónicos candidatos também a lugares de play-off, Eléctrico, ADCR Caxinas Poça Barca, Quinta dos Lombos e AD Fundão promoveram várias alterações no mercado de verão, umas mais sonantes do que outras, e apresentam-se novamente com argumentos fortes o suficiente para discutir o acesso à segunda fase da temporada, algo que os dois últimos falharam na última época.

Começando pelo Alentejo, João Freitas Pinto continua a orientar um Eléctrico que mantém a estratégia de um plantel curto, com 11 jogadores. De Ponte de Sor partiram Simi Saiotti (Riga FC), Gustavo Rodrigues (Torreense), Célio Coque (Torreense), Garrincha (Noia FS), Léo Santana (KS Eurobus Przemysl) ou Tiago Cruz (Piast Gliwice), mas os reforços têm, na sua grande maioria, provas dadas e selo de qualidade. Nilson Miguel (Quinta dos Lombos), Milton Dias (ADCR Caxinas Poça Barca), Henrique Vicente (Quinta dos Lombos) e Telmo Sousa (Quinta dos Lombos) são boas soluções que o Eléctrico conseguiu internamente e às quais acrescentou o regresso a Portugal de Fernandinho (Sporting de Paris) e os alas brasileiros Alê Teixeira (Umuarama) e Thiaguinho (Guarany Espumoso).

@Eléctrico

Nas Caxinas há garantia de competência numa equipa técnica que continua a ser chefiada por Nuno Silva, mas as mudanças no elenco vilacondense são para lá de muitas. Peças importantes como Francisco Oliveira (Ferreira do Zêzere), Tiago Fernandes (Fortitudo Pomezia), João Miguel (KS Constract Lubawa), Amílcar Gomes (FC Famalicão) ou Milton Dias (Eléctrico) deixaram o clube e os reforços têm a sua quota parte de incógnitas, nomeadamente os argentinos Martín Dorda (17 de Agosto) e Juan Pablo Cuello (Boca Juniors). Thales de Sousa (Lusitânia dos Açores), Edson Moreira (Belenenses), Pedro Marques (Benfica) e Tomás Colaço (Benfica) também são caras novas numa ADCR Caxinas jovem, mas com ambição de repetir a presença no play-off.

Muito diferente é o estado de AD Fundão e Quinta dos Lombos, que poderão vir a precisar de mais algum tempo para maturar as suas equipas face às inúmeras mudanças que foram feitas. Depois de uma temporada abaixo da expetativa e que deixou a equipa fora do play-off, os beirões reforçaram-se para garantir que tal não volta a acontecer. Ao regresso de Peléh (Levante) juntaram-se as contratações de Romarinho (Assoeva), Caio Pedro (Grupo Santos), Pedro Nunes (SC Braga), Afonso Serra (Benfica), Dinis Lopes (SC Braga), Nuno Chuva (Legia Warszawa), Sissi (Lusitânia dos Açores), Luís Fernandes (Sporting) e Liedson Varela (Sporting). Muitas caras novas, muita juventude e irreverência, receita que em tantas temporadas deu sucesso no Fundão.

Já os Lombos também tiveram um número considerável de entradas, mas o projeto definido para esta temporada também assenta muito na promoção de talento da casa. Ricardo Nascimento, João Brum, David Fontoura e Rui Pedrosa subiram da formação para o plantel principal, que recebeu ainda uma dose de experiência com as chegadas de Bruno Felipe (Lusitânia dos Açores), David Costa (Ferreira do Zêzere), Gonçalo Sobral (Benfica) ou Fábio Lima (Torreense).

Gonçalo Paixão (Lusitânia dos Açores), Pedrinho (Amigos de Cerva), Rodrigo Jorge (Audace Monopoli) e Guilherme Cintra (Sporting) são também reforços para um plantel que perdeu grande parte das suas figuras, sendo elas Telmo Sousa (Eléctrico), Henrique Vicente (Eléctrico), Eddy (UPVN), Danny (Torreense), Schutt (Noia FS) ou Murilo Duarte (Córdoba Ptm da la Humanidad). Os tempos são, por isso, de recomeço em Carcavelos, sempre sob a competente batuta de Jorge Monteiro, que já traçou o regresso ao play-off como objetivo.

Lutar para fugir ao sobe e desce

Recém-promovidos, Dínamo Sanjoanense e Lusitânia dos Açores são, naturalmente, os conjuntos com maior trabalho pela frente para procurar evitar nova queda imediata. A equipa de São João da Madeira está de regresso ao convívio dos grandes e vai apostar na base que garantiu sucesso na II Divisão, liderada por nomes experientes do nosso futsal como são Óscar Santos, Cigano ou Sérgio Costa.

@Dínamo Sanjoanense

A estes, a equipa técnica liderada por Bruno Guimarães acrescentou dois reforços cirúrgicos: Márcio Moreira (Al-Arabi) e Bruno Soares (SC Braga), as únicas novidades num plantel que perdeu também apenas dois jogadores para outras paragens, Diogo Tavares (FC Famalicão) e Chico Leitão (FC Azeméis by Noxae). Um plantel vasto, conhecedor da realidade do clube e da ideia de jogo proposta pela equipa técnica é a chave para o sucesso, na ótica sanjoanense.

O Lusitânia dos Açores é exatamente o oposto. Em estreia na Liga Placard, a equipa insular operou uma completa revolução no plantel, que não manteve muita gente em relação à temporada passada. O investimento açoriano não é o mesmo de outros conjuntos, mas o Lusitânia olhou sobretudo para o mercado brasileiro na hora de preencher as vagas que o mercado interno não permitiu. Nilton (Ferreira do Zêzere), João Silva (Ribera Navarra), Léo Evangelista (Foz Cataratas Futsal) e Cadu (Joaçaba Futsal) são os reforços mais experientes para um plantel que depois é preenchido com a juventude de Landelino Neto (Blumenau Futsal), Salu Gnagno (Albufeira Futsal), Welinton Oliveira (Foz Cataratas Futsal), Sandro Silva (AMSAC), Pedro Sales (CP Vila São Sebastião), Enzo (Magnus Futsal), Marco Gomes (Ferreira do Zêzere) e Leonardo Travessa (Benfica).

A missão adivinha-se difícil para a equipa açoriana e a temporada vai ser longa e desgastante, mas prognósticos só no final do jogo. 12 equipas, cada qual com as suas lutas, entram em ação já este fim de semana e começar mal não está no cardápio.

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