Dessalinizadora do Sudoeste Alentejano pode custar entre 125 e 200 milhões de euros

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Miguel Sousa Prado, português envolvido no estudo da dessalinizadora, diz ao JE, que o montante do investimento depende da solução a adotar. Em cima da mesa há três cenários. Também o preço a pagar pelo m3 de água dessalinizada depende de vários fatores. Os cenários extremos variam entre um mínimo de 33 cêntimos e um máximo de 1,08 euros.

O investimento numa dessalinizadora que sirva de água o Sudoeste Alentejano pode variar entre os 125 milhões de euros e os 200 milhões, revela Miguel Sousa Prado, português envolvido no estudo realizado pela empresa israelita da especialidade ADAN para a Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA).

Intitulado “Água do Atlântico para o Sudoeste Alentejano”, o estudo foi apresentado em S. Teotónio, no concelho de Odemira, no Colóquio Hortofrutícola, promovido pela Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos, em parceria com a Universidade Católica.

A futura central terá capacidade para dessalinizar 25 milhões metros cúbicos de água/ano. Miguel Sousa Prado explica ao JE que o valor final da água a pagar pelo consumidor depende de vários fatores, a saber: “O nível de comparticipação do investimento a fundo perdido, as taxas de juro e o preço da energia”. Os cenários extremos variam entre um mínimo de 33 cêntimos e um máximo de 1,08 euros.

“A dessalinizadora seria um garante para o sector e para possíveis investimentos na região, dado que é a única fonte independente da precipitação. Trabalha com um recurso infinito – a água do mar e é nessa ótica que o Estado deve olhar para esta solução”, afirma Miguel Sousa Prado.

A infraestrutura é apontada pelos produtores do Sudoeste Alentejano com uma das soluções para resolver o problema da escassez de água que tende a agravar-se com as alterações climáticas, como referem todos os cenários avançados pelos especialistas.

O estudo “Água do Atlântico para o Sudoeste Alentejano – dessalinização de água do mar para fornecimento de água à região do Perímetro de Rega do Mira” explora três cenários. O primeiro aponta o local de construção da dessalinizadora junto à costa do concelho de Odemira e, como tal, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, ainda que fora da área do Programa da Orla Costeira. O segundo cenário passa por recorrer à estação de dessalinização prevista para Sines à qual seria acoplado um adutor de água dessalinizada, que estaria ligado a Odemira, por mar ou por terra, transportando a água para o reservatório de regularização. O terceiro cenário defende a instalação da dessalinizadora em Odemira fora do Parque Natural a uns 3,5 KM de distância da costa.

A barragem de Santa Clara”, a fonte da região, está a 31% da sua capacidade a uma cota de 105 metros, com um volume de armazenamento de 150 milhões de m3 de água. Num cenário que tem por base um consumo agrícola anual de 12 milhões de metros cúbicos e uma precipitação anual de 350mm, dispõe de quatro a cinco anos de garantia máxima de fornecimento de água.

Os 12 milhões de m3 atingidos em 2023 são tidos como “valor mínimo que permitirá manter o nível de atividade agrícola atual do território”. Qualquer redução dos consumos anuais abaixo deste número conduzirá a uma “falência progressiva do tecido económico mais ou menos acelerada”, o que coloca em risco cerca de 10.000 postos de trabalho diretos dos quais 10% altamente qualificados, 300 milhões de euros de exportações de frutas, legumes e flores, o equivalente a 15% do total nacional, bem como outras atividades do território que prestam serviço à agricultura.

“Os três cenários da dessalinizadora avaliados poderão ser tecnicamente viáveis, contudo dependem da recolha de informação adicional”, nomeadamente: análises à qualidade da água do mar, testes geofísicos do fundo mar e em terra (reservatórios e túneis) e avaliação da capacidade de ligação à rede de distribuição de energia elétrica nacional. Dado o peso que a energia elétrica tem no custo final da água, importa igualmente estudar alternativas ao fornecimento/produção de energia elétrica, salienta.

Outros indicadores essenciais são a definição do envolvimento do sector privado e do Estado, fontes de financiamento como o PRR e o compromisso dos agricultores com o projeto.

No Colóquio Hortofrutícola, empresas e autarcas defenderam a existência de novas fontes de água para a região, essenciais à manutenção da atividade agrícola e de tudo o que dela depende: o emprego e a coesão territorial.

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