Detidas 1.793 pessoas por motivos políticos na Venezuela

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A organização não-governamental (ONG) venezuelana Foro Penal (FP) disse no sábado que 1.793 pessoas estão detidas por motivos políticos na Venezuela e que mais de nove mil continuam “submetidas arbitrariamente” a restrições à liberdade.

“Balanço de presos políticos registados pelo Foro Penal na Venezuela: 1.793 presos políticos dos quais 1.659 desde 29 de julho de 2024 [início dos protestos pós-eleições presidenciais]. Registámos e qualificámos o maior número de presos políticos conhecido na Venezuela, pelo menos no século XXI e continuamos a receber e a registar detidos”, anunciou a ONG na rede social X (antigo Twitter).

De acordo com a FP, entre os detidos, 1.568 são homens e 225 mulheres e 1.636 são civis e 157 militares, incluindo 59 adolescentes.

A ONG precisou ainda que 149 detidos foram condenados por tribunais e que na última semana se realizaram 99 detenções e 86 libertações.

“Histórico das detenções políticas na Venezuela desde 2014 até à data: 17.571”, sublinhou.

A FP explicou ainda que assistiu mais de 14 mil pessoas que foram libertadas e que mais de nove mil pessoas estão submetidas a medidas restritivas da sua liberdade.

“O número de presos políticos inclui as pessoas que se encontram privadas de liberdade. Ainda não inclui todas as pessoas que foram detidas e libertadas ou que estão a ser mantidas em detenção de curta duração (até 48 horas)”, sublinhou.

Numa outra mensagem, a Foro Penal explicou que “a maioria dos novos presos políticos, homens, detidos desde 29 de julho de 2024, foram transferidos para as prisões de Tocorón no estado de Arágua, Yare 3 em Miranda, e Tocuyito, em Carabobo, apesar de terem sido detidos em regiões muito distantes como Zúlia, Amazonas e Táchira.

Entretanto, familiares dos detidos no âmbito dos protestos pós-eleitorais queixaram-se no sábado aos jornalistas que, depois de viajarem centenas de quilómetros para os verem, foram informados que as visitas de família estavam suspensas.

Os dados sobre o número de presos políticos no país, segundo a FP, foram enviados à Organização de Estados Americanos e à ONU para verificação e certificação.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo nas ruas milhares de polícias e militares para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.

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