Detidos seis ativistas do Climáximo após pintarem e bloquearem avião no aeródromo de Cascais

9 meses atrás 67

Seis ativistas do grupo Climáximo foram detidos, esta quarta-feira, depois de terem pintado um avião com tinta vermelha e bloqueado o aparelho, avança à TSF a porta-voz do movimento, Leonor Canadas.

"Jatos privados são armas de destruição maciça, não têm lugar numa sociedade em chamas", afirmam os ativistas, em comunicado, sublinhando que "é necessário combater as causas mais injustas da crise climática" pelas próprias mãos, uma vez que "todas as negociações resultam em falhanço".

À TSF, Leonor Canadas refere que os voos dos jatos particulares são "uma hipocrisia criminosa", mas também o meio de transporte preferido de muitos dos que viajam para a COP28.

"Apoiantes do Climáximo entraram no aeródromo de Cascais, em Tires, pintando um jato privado que estava estacionado na pista e bloqueando-o com os seus próprios corpos, causando a paragem do funcionamento da infraestrutura", descreve a porta-voz, referindo-se a "uma ação de denúncia".

"Os voos de luxo e os voos de jatos privados dos super ricos são uma hipocrisia criminosa, nomeadamente dos líderes mundiais que se deslocam à COP28 neste meio de transporte que nós sabemos que é o pináculo da injustiça climática", considera.

No comunicado, o movimento refere que uma viagem num jato privado entre Londres e Nova Iorque "emite mais CO2 [dióxido de carbono] do que uma família portuguesa num ano inteiro".

"Estar aqui corta mais emissões do que qualquer escolha individual. Os donos do mundo culpam pessoas normais de forma ingrata pelos seus hábitos, quando na realidade esta é de longe a forma de transporte com mais emissões per capita, e é usada quase exclusivamente por ultra ricos", afirma Noah Zino, do Climáximo, citado no comunicado.

O Climáximo lembra ainda: "A ONU afirma que o 1% tem de cortar mais de 97% das suas emissões, mas os voos duplicaram no ano passado."

"Só a poluição da queima de combustíveis fósseis já mata, todos os anos, mais pessoas que os campos de concentração", refere o movimento. O grupo critica ainda o facto de os líderes mundiais se deslocarem "de jato privado aos Emirados Árabes Unidos para 'negociações climáticas'", considerando que "pintam uma imagem da realidade tão nítida como a tinta vermelha que os denuncia".

Cortar as emissões de luxo e "voos supérfluos", como os de jato privado e os voos de curta distância, travar qualquer plano de aumento da aviação - "seja um novo aeroporto em Lisboa ou a expansão em curso do Aeroporto de Cascais" - e requalificar milhares de trabalhadores, desenvolvendo amplamente a rede ferroviária nacional e internacional, são algumas propostas avançadas pelo Climáximo para travar a crise climática.

O movimento convida ainda todas as pessoas a juntarem-se e saírem à rua no próximo sábado, numa "manifestação de resistência climática".

* com Lusa

(Notícia atualizada às 10h10)

Ler artigo completo