Devíamos ter orgulho nos carros dos emigrantes

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Está oficialmente aberta a época dos carros dos emigrantes em Portugal. Sejam bem-vindos ao vosso país. Agosto vai ser inesquecível.

Meu querido mês de agosto, uma frase eternizada pela canção de Dino Meira. É precisamente ao som dessa melodia, que transmite como poucas o entusiasmo do regresso ao nosso país, que escrevo este artigo.

É um momento feliz. As nossas estradas enchem-se de carros, de norte a sul, com o mesmo destino: a “nossa terra”. Aquele local onde está a nossa família, os nossos amigos, as nossas memórias e, no fundo, as nossas raízes.

A felicidade do regresso a Portugal é tão grande que, como sabemos, nem os carros «escapam» a estas manifestações de orgulho. São as bandeiras nos vidros, os autocolantes nos parachoques e claro… o símbolo da Federação Portuguesa de Futebol.

Olho para tudo isto como cartas de amor à nossa Pátria.

Para quem está tanto tempo longe da sua Pátria, acredito que todas as desculpas sejam boas para se sentirem mais próximos de casa. E o carro — quer queiramos, quer não — é uma manifestação social. E o futebol — quer queiramos, quer não — também. Por isso compreendo esta mistura.

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Gostos à parte, acho que devíamos sentir orgulho nos carros dos nossos emigrantes. E na verdade, acho que, lá no fundo, todos nós sentimos esse orgulho. Mesmo os que fazem «memes», os que contam piadas e os que gozam com as escolhas decorativas destes carros. Felizmente, ainda não perdemos a capacidade de brincar connosco próprios. Sou alentejano, querem que vos conte quantas anedotas sobre alentejanos?

Se são manifestações ridículas? Eventualmente sim, eventualmente não. Olho para tudo isto como cartas de amor à nossa Pátria. Como escreveu Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, “todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas (…)”.

Por isso ridículo é não sentir amor.
Sejam bem-vindos a casa. Já tínhamos saudades vossas.

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