Discípulo de Bobby Robson e com golo à Roberto Carlos

A reboque da deslocação do Benfica a Toulouse, o zerozero vasculhou a história e falou com o francês que mais golos marcou de águia ao peito: Laurent Robert.

Tranquilo, afável e resolvido com a vida (ou não fosse ele originário da ilha do Índico de Reunião), encontrámos alguém afastado do futebol, mas com a memória bem viva de tudo o que viveu.

«Moro em Montpellier, agora jogo golfe nos tempos livres. Há quatro campos aqui na cidade para jogar e mais três em Montpellier.» A afirmação de Laurent Robert desperta curiosidade, mas tal como uma peça de puzzle, tudo se ligou: «Comecei a jogar golfe com o Bobby Robson em Newcastle, nessa altura tinha um jogo muito fraco, mas o golfe é muito bom para a concentração e o Bobby Robson procurava dar-nos isso.»

Já com um nível aceitável, confessou, Robert, dono de um pontapé canhão, esteve em Faro, no último verão e repetir presença este ano, num torneio de benefeciência em homenagem ao antigo treinador do Magpies, FC Porto, Sporting, Barcelona, Inglaterra, PSV Eindhoven, Ipswich e Fulham.

«O golo contra o FC Porto foi mágico»

Laurent Robert teve uma passagem fugaz pelo Benfica. Chegou em janeiro de 2006 e assinou contrato por três épocas e meia, mas acabou por sair no final dessa temporada: «O Benfica tinha problemas financeiros e foi por isso que saí. Gostaria de ter continuado.»

O antigo internacional francês confidenciou que apesar de já conhecer o nome do Benfica, foi impactante ver a dimensão do clube, quando chegou: «É um clube popular e quando me falaram do Benfica nem hesitei, disse logo sim ao projeto. Era um clube que queria muito vir, porque iria participar na Champions League, o campeonato não conhecia, mas descobri. Gostei muito do campeonato. Foi muito bom para mim, para a minha família, foi maravilhoso conhecer Lisboa e as suas gentes, além do Estádio da Luz, que tinha um ambiente fabuloso.»

O jogador somou 20 partidas de águias ao peito e marcou três golos, mas houve um que ficou na memória: «O golo contra o FC Porto foi um golo mágico, lembro-me perfeitamente. Foi o primeiro golo que marquei pelo Benfica.»

Com as recordações a surgirem sem parar, Laurent Robert detalhou o momento da temporada: «Esse tipo de jogos tem sempre muitas emoções envolvidas, o Estádio da Luz estava cheio, os adeptos estavam moralizados, pois tínhamos ganho ao Liverpool para a Liga dos Campeões. Nestes jogos os jogadores estão sempre mais concentrados. Foi um bom jogo da equipa e tive a sorte de marcar. O golo foi a cerca de 40 metros. Fiquei muito contente e fiquei contente pelos adeptos.»

A bola saiu do seu pé esquerdo com um efeito enorme: «É um pouco similar ao golo do Roberto Carlos ao Barthez: o efeito que a bola toma, a distância. Já vi o golo várias vezes na televisão e a imagem de topo ajuda-nos a ver isso. Rematei com a parte exterior do meu pé esquerdo e o efeito traiu o Vítor Baía.»

Alertas para o Benfica

Afastado do futebol desde 2020, depois de ter estado a trabalhar na formação do Montpellier, como treinador de avançados do clube do Sul de França, Laurent Robert disse-nos estar sempre atento a todo o futebol, que mantém contacto com vários colegas com quem privou no Benfica, como Luisão, Nuno Gomes e Karagounis.

Atento ao futebol francês sublinhou que a força do adversário encarnado desta quinta-feira, o Toulouse, está na juventude: «Toulouse é uma equipa que surpreendeu muita gente, teve uma estreia na Liga Europa muito boa. É uma equipa muito jovem, recheada de vitalidade e não podem menosprezá-la.»

Laurent Robert comentou ao zerozero a forma fervorosa como os adeptos do Téfécé se envolvem com a equipa de Carles Martínez e alertou: «O Toulouse é equipa muito talentosa, joga muito bem, o Benfica já percebeu que eles são rápidos em sair ao contra-ataque e apesar do Benfica ter mais experiência na Liga Europa, o Toulouse pode causar muitos problemas.

O Benfica venceu a primeira-mão em casa por 2-1 e joga esta quinta-feira na Ville Rose, a partir das 17h45.