Dívida externa líquida de Portugal reduziu-se para 51,8% do PIB, o rácio mais baixo desde 2006

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A economia portuguesa revela uma capacidade de financiamento de 2,2 mil milhões de euros no primeiro trimestre.

O Banco de Portugal conclui que a dívida externa líquida de Portugal reduziu-se de 53,8% do PIB (142,7 mil milhões de euros), no final de 2023, para 51,8% do PIB (139,7 mil milhões de euros), no primeiro trimestre de 2024. Trata-se do rácio mais baixo observado desde o primeiro trimestre de 2006.

O banco central português publica hoje as estatísticas da balança de pagamentos e da posição de investimento internacional atualizadas para março de 2024.

No primeiro trimestre de 2024, a economia portuguesa apresentou um excedente externo de 2,2 mil milhões de euros, que compara com um excedente de 0,6 mil milhões de euros no período homólogo. O que dá uma medida da capacidade de financiamento da economia sobre o exterior.

Esta evolução reflete a diminuição do défice da balança de bens, de 494 milhões de euros, uma vez que as importações diminuíram mais do que as exportações (-1.248 milhões de euros e -755 milhões de euros, ou -4,9% e -3,8%, respetivamente). Reflete ainda o aumento do excedente da balança de serviços, de 852 milhões de euros, tendo a evolução do saldo de viagens e turismo justificado mais de metade da variação, com um aumento de 555 milhões de euros. Por fim é o espelho da diminuição do défice da balança de rendimento primário, de 140 milhões de euros, devido essencialmente ao maior recebimento de subsídios.

O banco central destaca ainda que até março de 2024, o saldo da balança de bens e serviços aumentou 1,3 mil milhões de euros em relação ao mesmo período de 2023.

O excedente das balanças corrente e de capital no primeiro trimestre de 2024 representa 3,3% do PIB trimestral.

Olhando só para março deste ano, o saldo das balanças corrente e de capital – componentes da balança de pagamentos onde se regista a vertente real das transações entre os residentes e não residentes de uma economia – foi de 672 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 508 milhões de euros relativamente ao mesmo mês de 2023.

Em detalhe, a balança de bens e serviços apresentou um saldo de 723 milhões de euros. Este valor traduz um aumento de 545 milhões de euros em relação ao mês homólogo, em resultado da redução de 204 milhões de euros do défice da balança de bens, para 1.687 milhões de euros.

Esta evolução deveu-se a decréscimos das importações, de 1.147 milhões de euros (-12,5%), e das exportações, de 943 milhões de euros (-12,9%).

Mas também resultado do aumento do excedente da balança de serviços, de 2.069 milhões de euros, para 2.410 milhões de euros. Sendo que as exportações de serviços aumentaram 6,2%, e as importações de serviços diminuíram 5,4% relativamente a março de 2023.

O aumento das exportações reflete, sobretudo, o contributo das viagens e turismo (+300 milhões de euros). As exportações de viagens e turismo totalizaram 1.937 milhões de euros, o valor mais elevado da série para um mês de março, explica o BdP.

Por outro lado, o saldo da balança de rendimento primário praticamente não se alterou, tendo apresentado um défice de 726 milhões de euros em março de 2024, que compara com um défice de 725 milhões de euros no mês homólogo. Também a balança de rendimento secundário praticamente não se alterou, tendo apresentado um excedente de 484 milhões em março, que compara com um excedente de 485 milhões de euros no mês homólogo.

Já a balança de capital apresentou um excedente de 192 milhões de euros, o que traduz uma diminuição de 36 milhões de euros relativamente ao período homólogo, devido ao menor recebimento de ajudas ao investimento.

A balança de capital engloba as transferências de capital entre residentes e não residentes, com destaque para os fundos comunitários com vista ao investimento e as transações sobre ativos não financeiros não produzidos, incluindo as transações de passes de atletas.

A terceira componente da balança de pagamentos é a balança financeira, onde é registada a vertente financeira das transações.

A capacidade de financiamento da economia portuguesa no primeiro trimestre de 2024 traduziu-se num saldo da balança financeira de 1.486 milhões de euros. O que é fruto do aumento dos ativos sobre o exterior, de 11.185 milhões de euros e do aumento dos passivos de 9.700 milhões.

No que toca só ao mês de março, o Banco de Portugal diz que a capacidade de financiamento da economia portuguesa verificada no mês traduziu-se num saldo da balança financeira de 353 milhões de euros. Este saldo “reflete o aumento dos ativos sobre o exterior, de 4.726 milhões de euros, com destaque para os ativos externos de bancos e das administrações públicas em títulos de dívida (1.465 milhões e 708 milhões, respetivamente), do Banco de Portugal em depósitos (614 milhões de euros) e das sociedades não financeiras em empréstimos (466 milhões) e instrumentos de capital (414 milhões) relativamente a entidades do mesmo grupo económico”, avança o BdP.

O saldo da balança financeira também reflete “o aumento dos passivos externos, de 4,372 milhões de euros, explicado, por um lado, por emissões líquidas positivas de títulos de dívida (2.316 milhões), nomeadamente por parte de bancos (1.600 milhões de euros) e das administrações públicas (1.195 milhões), e, por outro lado, por um aumento dos depósitos de não residentes em bancos nacionais (1.229 milhões de euros) e dos passivos do banco central na forma de depósitos (942 milhões)”.

Por fim, o BdP revela a posição de investimento internacional (PII) de Portugal que passou de -72,5% do PIB (-192,5 mil milhões de euros), no final de 2023, para -67,7% do PIB (-182,5 mil milhões de euros), no final de março de 2024. Este é o rácio menos negativo da PII desde o segundo trimestre de 2005.

Da redução de 4,8 pontos percentuais (pp) no rácio negativo da PII no PIB, 3,7 pp resultaram da variação nominal da PII, e 1,1 pp do crescimento do PIB.

A posição de investimento internacional, também conhecida por PII, apresenta o saldo entre os ativos financeiros e os passivos que os residentes de uma economia têm relativamente ao resto do mundo. Ou seja, o valor dos ativos financeiros emitidos por não residentes que estão na posse de quem reside em Portugal e o valor dos passivos de entidades residentes em Portugal que estão na posse de não residentes, num determinado momento do tempo.

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