Do caso ao apoio dos "soldados". Líder dos Super Dragões deve falar hoje

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O líder da claque dos Super Dragões deverá prestar declarações esta sexta-feira, dois dias depois de ter sido detido – juntamente com 11 outras pessoas. A informação de que Fernando Madureira deve falar esta tarde foi divulgada pelo seu advogado, na quinta-feira, à saída do Tribunal de Instrução Criminal do Porto.

"Há quem lide com a situação de uma forma melhor e há quem lide de uma forma menos aprazível. Poderão não ser prestadas declarações em virtude do estado emocional das pessoas", explicou Miguel Marques Oliveira, referindo que a esposa de Madureira, que também foi detida, deverá permanecer em silêncio.

Também esta sexta-feira deverá prestar declarações Fernando Saul, funcionário do FC Porto. Segundo a sua advogada, Saul está disposto a "esclarecer" os factos: "O meu cliente esteve sempre disposto para prestar declarações, a defesa entendeu que poderia não ser necessário, mas ele quer mesmo esclarecer e tem de o fazer", referiu Cristiana Carvalho.

O advogado de António Sá, outro dos detidos, garantiu na quinta-feira, que este iria ”explicar a situação toda e vai esclarecer aquilo que o juiz pretender". Em declarações à CNN Portugal, o advogado, Jorge Correia referiu que o seu cliente se envolveu numa altercação com um sócio do clube, Henrique Ramos. Questionado se a investigação tem apenas com a assembleia geral do clube portista, o advogado respondeu: "Ele vai explicar o que é que leva aquilo ali, porque há circunstâncias anteriores, no início da própria assembleia e também há situações posteriores".

A mensagem de apoio dos Super Dragões

Já na quinta-feira a claque portista deixou uma mensagem de apoio ao seu líder nas redes sociais. "Só os mais fortes sobrevivem, nós seremos eternos. Somos os teus soldados, que nunca te deixarão", lia-se numa mensagem publicada numa storie do Instagram.

Investigação atrasará eleições?

A candidatura de Nuno Lobo deseja reunir com urgência para solicitar o adiamento das eleições dos órgãos sociais do FC Porto, anunciou na quinta-feira um dos dois atuais concorrentes assumidos à presidência do vice-campeão nacional de futebol.

"A nossa candidatura reunirá com urgência de forma a sugerir ao presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), Lourenço Pinto, face à instabilidade causada interna (equipas em competição) e externamente (associados), o adiamento das eleições para uma data a combinar com as candidaturas", disse o empresário, numa nota enviada à agência Lusa.

"Pensamos que seria mais tranquilo para todos (especialmente as equipas que estão em competição) deixar a espuma destes dias desaparecer ou esvanecer", reconheceu Nuno Lobo, cuja candidatura "não se revê em nenhum dos acontecimentos que se passaram".

O que está em causa?

A investigação, recorde-se, teve início em novembro de 2023, na sequência de uma assembleia geral extraordinária do Futebol Clube Porto polémica.

Além de Fernando Madureira, foi também detida a sua mulher, Sandra Madureira. Entre os detidos estão ainda Vítor Catão, adepto do FC Porto e antigo presidente do São Pedro da Cova, e dois funcionários do clube: o oficial de ligação aos adeptos, Fernando Saul, e Tiago Aguiar, que trabalha na formação.

Segundo a Procuradoria-Geral Distrital do Porto (PGDP), "está em causa a prática dos crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objeto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação".

Segundo documentos a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público considera que a claque liderada por Fernando Madureira pretendeu "criar um clima de intimidação e medo" na assembleia-geral para que fossem aprovadas as alterações estatutárias em votação. 

Adelino Caldeira, administrador da SAD do FC Porto - que não está entre os 12 detidos - através do oficial de ligação aos adeptos, Fernando Madureira e a mulher "definiram o que deveria ser colocado em prática para que lograssem a aprovação da alteração dos estatutos em benefício de todos os envolvidos e sem perda de regalias, designadamente vendo garantido os seus ganhos tirados da bilhética para os jogos de futebol".

A investigação sublinha que, "movidos pelo propósito e alcançarem a aprovação dos novos estatutos, de manterem inalterada a sua esfera de influência e de silenciarem as vozes dissonantes de descontentamento apoiadas na figura e André Villas-Boas", os suspeitos, em conjunto com outros elementos, "levaram a que, ilegitimamente, um número elevado de não-sócios do FC Porto entrasse no espaço reservado" da AG.

O administrador do FC Porto SAD Adelino Caldeira já veio repudiar as acusações de que é alvo, dizendo ser "falso que tenha instruído seja quem for a fazer fosse o que fosse na dita AG".

O que foi apreendido na Operação Pretoriano?

Segundo a Polícia de Segurança Pública, na operação foi possível apreender "equipamentos eletrónicos e demais documentos de interesse para a investigação em causa, estupefacientes vários, nomeadamente cocaína e haxixe, três veículos automóveis e vários milhares de euros, uma arma de fogo, artefactos pirotécnicos e mais de uma centena de ingressos para eventos desportivos".

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