Dois terroristas abatidos e recuperado material bélico em Mocímboa da Praia

8 meses atrás 68

"As FDS [Forças de Defesa e Segurança de Moçambique], mais a força do Ruanda, fizeram a perseguição aos terroristas, foram encontrados, travou-se combate. O que nós podemos ouvir parece foi que foram dois terroristas, os outros puseram-se em fuga", disse hoje, em entrevista à Lusa, Sérgio Domingos Cipriano, administrador distrital de Mocímboa da Praia.

Trata-se insurgentes e alegados terroristas que nas últimas semanas protagonizaram diversos ataques contra posições militares na província de Cabo Delgado, próximo de Mocímboa da Praia, que resultaram em pelo menos seis mortos entre civis e diversas casas e barracas destruídas.

Além da morte de dois terroristas, acrescenta a fonte governamental, as FDS e a sua congénere do Ruanda recuperaram diverso material bélico e bens da população, que haviam sido pilhados nas comunidades de Ntótwé e Chinbamga, depois entregues aos legítimos proprietários.

"Em Chinbamga entregamos seis bicicletas, em Ntótwé, entregamos aos comerciantes a sua mercadoria que tinha sido tirada mais alguns pertences da população e finalmente o material bélico fizemos a entrega às Forças de Defesa e Segurança", continuou.

Só em alguns dias de dezembro e no início de janeiro, os terroristas conseguiram atacar cinco comunidades de Mocímboa da Praia, casos das aldeias de Ntótwé, onde foram mortos três civis, seguido de Chinbamga, onde também três civis foram mortos. Os insurgentes atacaram depois as comunidades de Nacige, Nantadola e Chinda, estes três últimos sem registo conhecido de óbitos.

Apesar dos ataques, Sérgio Domingos Cipriano considerou a situação "calma" no distrito, embora se mostre preocupado com uma alegada "onda de desinformação", dando conta de que os militares são os que protagonizam ações de destruição de bens nas comunidades.

"A situação até ao momento está calma, está controlada, estamos a sensibilizar a população. Anda aí um vídeo falso que revela que quem faz essas ações são os soldados, são os membros das FDS, que vão às comunidades para depois perpetrarem essas ações. Isso é mentira, é pura mentira", lamentou.

O responsável observou igualmente que esta onda de ataques a civis em Mocímboa da Praia ameaça os esforços das comunidades neste momento empenhadas na produção agrícola para reduzir a dependência da ajuda externa.

"É um aspeto um bocado triste porque tínhamos mobilizado a população para poder abrir áreas de cultivo para produzir a comida, porque o PAM [Programa Alimentar Mundial] já tem os recursos praticamente esgotados. A mensagem chegou, a população acatou e depois esse fenómeno que vem deitar tudo por água abaixo, de facto alguma população já tinha lançado a semente, há promessa de boa produção", acrescentou o administrador.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Além da SAMIM, da SADC, e das forças governamentais moçambicanas, combatem a insurgência em Cabo Delgado as tropas do Ruanda, estando estas a operar no perímetro da área de implantação dos projetos de gás natural da bacia do Rovuma.

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