E-Cigarette Summit defende “vaping” como alternativa para redução de danos do tabaco

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Os especialistas defenderam que os fumadores precisam de todas as opções possíveis para deixar de fumar, incluindo o vaping.

Na 11ª edição do E-Cigarette Summit especialistas de todo o mundo debateram ciência, regulação e saúde pública, abordando temas como o consumo de nicotina (sobretudo entre a população mais jovem), a redução de danos e o controlo do tabagismo, com tudo o que foi alcançado e os desafios para o futuro.

A principal conclusão é que a modalidade de “vaping” entre os jovens é a mais eficaz para deixar de fumar cigarros convencionais. Isto é, o vaping supera, em qualidade e em eficácia, os cigarros electrónicos (tabaco aquecido) como alternativa aos cigarros convencionais.

Os especialistas alertaram para uma tendência crescente que equipara os riscos do consumo de cigarros aos do vaporizador de nicotina, incentivando as pessoas a optarem pelos cigarros convencionais ao criar a perceção social errada de que são igualmente prejudiciais.

Em fevereiro de 2024, será publicado o estudo “Smokeless Nicotine. Reducing the harm of smoking”, um estudo do Royal College of Physicians que apoia a utilização de cigarros eletrónicos e incentiva os fumadores a utilizarem este produto para deixarem de fumar e também para evitar que os jovens iniciem o hábito.

John N. Newton, diretor do departamento de análise da saúde pública no Gabinete para a Melhoria da Saúde e Disparidades, afirmou na conferência que se realizou em Londres no mês passado, que o principal objetivo do Reino Unido de afastar as pessoas dos cigarros convencionais (a forma mais prejudicial de consumo de nicotina) está a ser alcançado. “Enquanto o consumo de cigarros eletrónicos está a aumentar, o consumo de cigarros está a diminuir”, tal como o número de mortes e de doenças relacionadas com o tabagismo.

John N. Newton disse que “sabemos que o vaping é menos perigoso do que fumar; sabemos também que ajuda as pessoas a deixarem de fumar”.

Os especialistas disseram ainda que “há 60% mais hipóteses de deixar de fumar com cigarros eletrónicos do que com outras formulações de nicotina”, como adesivos, medicamentos ou outras terapias de substituição. Esta é a principal conclusão de um outro estudo efetuado pelo Wolfson Institute, que faz parte da Queen Mary University of London.

Sobre o impacto e as consequências do vaping de uso único, o investigador Harry Tattan-Birch, da University College London, baseia-se em dados do Smoking Toolkit Study para argumentar que, desde 2021, a prevalência do vaping aumentou rapidamente na Grã-Bretanha, impulsionada pela popularidade do vaping de uso único.

“É necessário tomar medidas para travar o aumento do consumo de nicotina. Não tanto através da proibição, mas através de uma melhor aplicação da lei”, defendem.

Já Abigail Friedman, Professora Associada da Escola de Saúde Pública de Yale, defendeu que a restrição do acesso ao vaping pode aumentar o consumo de cigarros convencionais. Esta é a principal conclusão de um estudo realizado nos EUA, que mostra que, por cada 0,7 mililitros de “e-líquido” de cigarro eletrónico que não é vendido devido a restrições de sabor, são vendidos 15 cigarros convencionais.

Os especialistas defenderam que os fumadores precisam de todas as opções possíveis para deixar de fumar, incluindo o vaping.

“Há provas de que o vaping, quando utilizado temporariamente para reduzir o consumo de cigarros de combustão ou para experimentar uma alternativa de menor risco, pode levar à cessação do tabagismo, tal como a utilização experimental (por exemplo, experimentar o dispositivo de um amigo)”, defendeu Louise Ross, Consultora Clínica do NCSCT e Presidente e Diretora de Saúde Mental da New Nicotine Alliance.

No que toca a desafios do sector, foi revelado que “existe uma forte oposição a qualquer estratégia de redução dos efeitos nocivos do tabaco e muito interesse em aplicar mais restrições aos produtos alternativos”.

“As políticas nesta matéria são incoerentes e desproporcionadas em relação ao risco”, defenderam os especialistas.

Foi ainda apontado que faltam peritos credíveis/respeitados e independentes, bem como capacidade técnica para avaliar objetivamente as provas científicas, a fim de informar e desenvolver políticas sólidas.

A conferência acusou de hostil a posição da OMS em relação à THR (redução de danos do tabaco através de novos produtos).

Outro desafio é o “diálogo polarizado, acrimonioso e improdutivo, alimentado por desinformação e informações tendenciosas”.

Foram também deixadas recomendações para o futuro. Nomeadamente continuar a mobilizar a comunidade científica internacional, a fim de aumentar a qualidade da investigação local e produzir evidências sobre as principais questões de (THR – Tobacco Harm Reduction).

Mas também a divulgação de políticas levadas a cabo em países como o Japão e o Reino Unido para liderar os esforços para alterar a posição da OMS sobre a THR.

Os especialistas que falaram na cimeira disseram que é preciso defender junto dos decisores políticos a “regulamentação e não a proibição”, com regras que melhorem o acesso dos fumadores adultos a alternativas mais saudáveis, limitando simultaneamente o consumo de tabaco pelos jovens.

“É preciso combater e mitigar a desinformação com estratégias eficazes de comunicação e educação. Dirigir-se tanto aos apoiantes como aos detratores da THR”, concluem.

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