“É fundamental” que Bruxelas pague a agência para palestinianos este mês, diz Gomes Cravinho

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O governante acrescentou que o pagamento é necessário uma vez que, independentemente das “conclusões dos dois inquéritos que estão em curso”, só a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente pode fazer chegar a ajuda humanitária.

 O ministro dos Negócios Estrangeiros defende que “é fundamental” que a Comissão Europeia faça a contribuição ainda este mês para a agência das Nações Unidas que apoia os refugiados palestinianos, face a alguma relutância em concretizar o apoio.

“Quem tem um pagamento pendente é a Comissão Europeia, no final de fevereiro, e é fundamental que esses – creio que são – 82 milhões de euros sejam pagos”, disse João Gomes Cravinho, em entrevista à Lusa, em Bruxelas.

O governante acrescentou que o pagamento é necessário uma vez que, independentemente das “conclusões dos dois inquéritos que estão em curso”, só a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) pode fazer chegar a ajuda humanitária, “absolutamente necessária e imprescindível”, à população palestiniana.

A UNRWA está a fazer um inquérito, na sequência de uma acusação feita por Telavive, para apurar o envolvimento de um grupo de funcionários da organização no atentado de 07 de outubro, perpetrado pelo movimento islamista Hamas em várias partes do território israelita.

Em simultâneo, está a ser feito um inquérito independente conduzido pela antiga ministra dos Negócios Estrangeiros francesa Catherine Colonna.

A suspeita levou vários países, incluindo Estados Unidos e Reino Unido, a suspender a ajuda à agência da ONU, enquanto Portugal anunciou, no início do mês, uma doação especial de um milhão de euros à UNRWA.

João Gomes Cravinho considerou que hoje ainda não há “elementos muito concretos sobre aquilo que se passou” e advogou que “a ideia de que se vai cortar o financiamento à UNRWA é uma baseada em dois erros inaceitáveis”.

“O primeiro erro é dizer que devido às acusações contra dez ou 12 funcionários de uma organização que tem 13 mil num território extremamente radicalizado – a possibilidade de dez ou 12 terem cometido crimes, por mais horrendos que sejam – isso seja razão para congelar o pagamento à instituição”, sustentou.

O ministro completou que é um “erro mais grave ainda” dizer que, “por causa dos eventuais crimes de dez ou 12 pessoas, dois milhões de palestinianos em Gaza, porque depois há mais dois milhões e meio em outras partes – na Síria, no Líbano, na Jordânia – que também vão ser penalizados”.

Questionado sobre a rejeição de Israel à deliberação do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e às críticas da comunidade internacional, João Gomes Cravinho considerou que “é absolutamente inaceitável qualquer desqualificação a priori” das decisões por parte do Governo de Benjamin Netanyahu e que uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, “que tem força de lei”, obrigaria ao seu cumprimento.

“Israel tem obrigação, se não quiser ser um Estado pária, a aceitar essas decisões internacionais e a avançar no sentido da paz. Não é aceitável dizer que farão guerra, independentemente daquilo que o resto do mundo pensa”, completou.

Mais de quatro meses desde o início da incursão israelita na Faixa de Gaza, João Gomes Cravinho reconheceu que foi possível “evitar o pior dos cenários”, que era “uma deflagração em várias frentes” do conflito, com o envolvimento de milícias na Síria e no Iraque, do Irão e de outros países.

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