Retomamos o exercício dos últimos artigos, continuando a identificar alguns dos domínios das preocupações dos cidadãos, preocupações que precisam de respostas claras.
O Trabalho e as EmpresasO país viciou-se na discussão do valor do salário mínimo. Uns porque fazem do seu aumento bandeira, outros, porque o entendem sempre como referencial para o valor do trabalho.
Talvez seja chegado o momento de nos dizerem como é que se posicionam perante a remuneração do trabalho, todo, e a sua participação na riqueza nacional. A par disso, se a estrutura empresarial existente é a adequada para Portugal dar “o salto” de que necessita na produção de riqueza. Dito de forma mais clara, queremos ter, ou não, actores económicos capazes de transformar a economia portuguesa, reter talentos, pagar salários elevados e afirmar-se no exterior? Precisamos saber que papel se entende que deve ter, ambiciona ter, a economia portuguesa na economia global.
O Investimento ProdutivoÉ conhecida a nossa escassez de capital, pelo que assume especial importância que nos digam como, nas próximas décadas, vamos investir para poder aumentar o rendimento disponível e, consequentemente, o bem-estar dos portugueses.
Será com a captação de investimento directo estrangeiro para novos sectores produtivos? Será com estímulos públicos, designadamente fiscais, ao reforço dos capitais das empresas existentes? Será estimulando e favorecendo fusões e aquisições, proporcionando a dimensão que suporta maiores e mais diferenciados investimentos?
Por outro lado, ganharíamos todos em conhecer, de forma simples e inteligível, quais os capitais que a União Europeia disponibiliza para o investimento privado, em que sectores podem ser aplicados e quais os territórios preferenciais. Também aqui se ganharia em transparência e em motivação dos cidadãos e das empresas, se a relação destes com os fundos não tivesse de ser intermediada por “especialistas” que tornem inteligível o emaranhado regulamentar.
O Investimento PúblicoPortugal tem visto projectos infraestruturais relevantes eternizarem-se nas diversas fases que precedem a sua realização. Por uma vez não seria possível fazer um diagnóstico rápido do que está em curso, do que é necessário, do que tem financiamento assegurado e, feito isso, concretizar os investimentos? Terão os que querem a nossa confiança a coragem de dizer não e de dizer sim, em função de critérios objectivos e visando o longo prazo e as necessidades dos portugueses que vamos ser nas próximas décadas?
Os portugueses querem saber o que lhes vai ser proposto. O que vai e o que não vai ser feito, quando vai ser concretizado, quanto custa e quem vai pagar.
(Continua)
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.