Economia do Reino Unido em recessão técnica a poucos meses de eleições legislativas

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O fraco crescimento segue-se a uma quebra do Produto Interno Bruto britânico de 0,3 por cento no último trimestre de 2023, a seguir a uma contração de 0,1 por cento no período de julho a setembro, referiu o Gabinete Nacional de Estatísticas do Reino Unido, ONS, confirmando um cenário de recessão técnica no final do ano passado. Uma recessão é definida por dois trimestres consecutivos de contração.

"Todos os setores principais abrandaram no trimestre, com a manufactura, a construção e as vendas por atacado a constituírem o maior arrasto do crescimento, marginalmente compensado por crescimentos na hotelaria e no aluguer de veículos e de máquinas", referiu a diretora do ONS, Liz McKeown em comunicado.

A queda da atividade económica entre outubro e dezembro de 2023 foi generalizada a todos os setores, com os serviços a registarem uma contração de 0,2 por cento, enquanto as atividades de produção caíram um por cento e a construção 1,3 por cento.


O PIB do Reino Unido registou apenas uma expansão de 0,2 por cento no primeiro trimestre de 2023, tendo estagnado entre abril e junho do ano passado e caído 0,1 por cento no terceiro trimestre e 0,3 por cento no quarto trimestre.

O ONS estima assim que, em 2023, o PIB britânico tenha aumentado uns meros 0.1 por cento, o que seria a variação anual mais fraca do PIB desde 2009, quando a economia ainda sofria os efeitos da crise financeira global, exceção feita a 2020, ano afetado pela pandemia de Covid-19.


O ano de 2022 registou um crescimento de 4.3 por cento mas, "ao longo de 2023, a economia como um todo foi geralmente plana", afirmou McKeown.

O impacto das revelações poderá refletir-se rapidamente nas sondagens, onde o Partido Trabalhista goza já de uma larga vantagem face ao Partido Conservador de Sunak antes das eleições legislativas do final do ano.
Otimismo de Hunt
"Apesar da escassa profundidade desta recessão ser reconfortante, os números confirmam igualmente que a nossa economia se manteve presa a um ciclo de estagnação persistente em 2023", refletiu Suren Thiru, diretora de economia no Instituto de Contabilistas Certificados de Inglaterra e País de Gales.

O responsável pelas Finanças do Reino Unido não se mostrou apesar disto impressionado e preferiu lembrar anteriores previsões do Banco de Inglaterra que não se concretizaram.

Jeremy Hunt preferiu o otimismo e garantiu que os seus planos para a Economia estão a dar resultados positivos. E, apesar de fraca, existe de facto uma luz ao fundo do túnel recessivo e praticamente estagnado.

No mês passado, diversos analistas consultados pela Agência Reuters, apontaram expetativas de crescimento económico de 0.1 por cento no primeiro e no segundo trimestre de 2024, aumentando ligeiramente para 0.2 por cento no segundo e quarto períodos do ano, quando as eleições legislativas deverão realizar-se.

Um crescimento substancialmente inferior à média de 0,5 por cento trimestral, verificada nos cinco anos anteriores antes da pandemia mas ainda assim superior às estimativas do Banco de Inglaterra.

Hunt deverá anunciar mais cortes de impostos qaundo comunicar o seu orçamento dia 6 de março próximo, o que poderá ter um impacto económico positivo.

Em novembro passado, Sunak e Hunt anunciaram diminuição de impostos para os trabalhadores a par de uma redução das contribuições sociais, que teve início em janeiro. Em abril, os lares com rendimentos mais baixos terão mais um empurrão, quando o salário mínimo subir quase 10 por cento.

Outros indicadores
Quarta-feira, o Financial Times anunciou que Jeremy Hunt se preparava para anunciar igualmente novos cortes de milhares de milhões de libras ao orçamento público para financiar os seus cortes de impostos.

A inflação é um fator a vigiar. Os rendimentos das famílias sofreram uma enorme quebra em outubro de 2022, quando esta atingiu 11,1 por cento. um recorde em 41 anos. Desde então tem vindo a diminuir, mais acentuadamente nos meses mais recentes, mas poderá inverter a tendência mais para o final do ano.

Apesar de tudo os salários têm estado a subir mais rapidamente do que a inflação, cerca de seis por cento em termos anuais no final de 2023, levantando um pouco a pressão. Nos meses mais recentes, a confiança entre os consumidores aumentou.

Já o desemprego deverá aumentar em 2024, quando as empresas começarem a sentir o impacto das subidas acentuadas das taxas de juro decretada pelo Banco de Inglaterra entre dezembro de 2021 e agosto de 2023.

As estimativas apontam contudo um crescimento do desemprego de 4.6 por cento no fim de 2024, abaixo das previsões iniciais de 4.9 por cento, e num nível substancialmente inferior, por exemplo, a 2011, quando o Reino Unido, ainda a recuperar da crise financeira global, atingiu 8.1 por cento.

Com agências

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