Edmundo González, um candidato mais ou menos por acaso

1 mes atrás 79

Edmundo González Urrutia ficou muito admirado quando, tendo sido solicitado para assinar um documento a entregar ao Conselho Nacional Eleitoral, descobriu que dele constava o seu nome como candidato da Plataforma Unitária Democrática (de oposição) às presidenciais da Venezuela. Mais admirado terá ficado quando percebeu que pelo menos 60% da população com direito a voto […]

Edmundo González Urrutia ficou muito admirado quando, tendo sido solicitado para assinar um documento a entregar ao Conselho Nacional Eleitoral, descobriu que dele constava o seu nome como candidato da Plataforma Unitária Democrática (de oposição) às presidenciais da Venezuela.

Mais admirado terá ficado quando percebeu que pelo menos 60% da população com direito a voto – e muitos milhares, os que vivem fora do país, não têm – pretende votar nele para substituir Nicolás Maduro, uma caricatura mais anafada e sem carisma de Hugo Chávez, que se mantém no poder contra quase tudo e quase todos. Estando a falar-se da Venezuela, as sondagens não querem dizer nada – não só porque as sondagens querem dizer cada vez menos em todo o lado (a França é a prova mais recente), mas principalmente porque o regime tem nas mãos a capacidade (e a vontade) de subverter a realidade em favor dos seus registos particulares. Tanto assim é, que, recorrendo a pantominas jurídicas ou a contingências processuais infantis, tratou de afastar todos os candidatos da oposição que lhe causavam algum tipo de temor. Foi assim com María Corina Machado, Corina Yoris, Ramón Guillermo Aveledo ou Manuel Isidro Molina, entre outros.

Discreto diplomata de carreira, com 74 anos, Edmundo González nasceu em La Victoria, a 110 km de Caracas e ali viveu até entrar na universidade. Formou-se em Estudos Internacionais pela Universidade Central da Venezuela (UCV), obteve um mestrado em Relações Internacionais pela American University e entrou na chancelaria. Foi embaixador na Argélia e na Argentina – de onde saiu em 2002, tendo mais tarde, e apesar de ser um servidor do regime, aderido à Mesa da Unidade Democrática (MUD). Num país onde a oposição é um somatório de oposições que tendem a entrar em conflito umas com as outras, Edmundo González parece ter a mesma capacidade que se reconhecia a María Corina, de estabelecer consensos onde outros só conseguem cavar buracos. Esta desordem entre as oposições tem sido, aliás, a melhor notícia possível para o regime de Nicolás Maduro, que não tem tido dificuldade em controlá-las, aliciando umas e afastando outras para, finalmente, a todas perseguir. Mas a prova de que há ainda muita coisa a fazer para ‘colar’ as oposições é que os mais de 21 milhões de venezuelanos com direito a voto, o podem fazer em mais oito candidatos – entre completos desconhecidos e outros nem tanto, todos eles assegurando que são opositores a Maduro.

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