EDP. Goldman Sachs corta recomendação cinco anos depois

4 meses atrás 75

O Goldman Sachs (GS) anunciou hoje que cortou a recomendação da EDP de ‘comprar’ para ‘neutra’. O banco norte-americano também reduziu o preço-alvo em 5 cêntimos para 4,40 euros.

“Apesar de apreciarmos o outlook mais positivo em retorno das renováveis e reconhecer que o novo plano de investimento deverá traduzir-se em free cash flows mais fortes”, o GS decidiu cortar na recomendação por duas razões: “a nova estimativa de earnings-per-share não implica crescimento até 2027, devido à normalização na produção hídrica e nos preços de energia”, e “apesar de apreciarmos a redução no Capex e a melhoria no free cash flow, esperamos que a alavancagem permaneça acima dos pares (economic net debt/EBITDA em 4,3 vezes em 2026)”.

Os analistas apontam que, desde que foi acrescentada à lista de recomendação de ‘comprar’, a 21 de março de 2019, as ações da EDP valorizaram quase 11% contra os 35% do índice FTSE World Europe, “refletindo uma mudança no ambiente das taxas de juro (particularmente desafiante para os ativos de longa duração).

A EDP segue a desvalorizar 3,6% para 3,71 euros na bolsa de Lisboa esta quinta-feira.

A EDP anunciou um corte no investimento para 17 mil milhões de euros até 2026, face aos 19 mil milhões previstos anteriormente. O custo elevado de financiamento, com as taxas de juro em alta, e a queda nos preços da eletricidade levaram a companhia a mudar o seu plano.

Do total, 80% deste valor vai direto para os segmentos de renováveis, clientes e gestão de energia, com 20% a ir para as redes. Por geografia, 45% destina-se ao mercado da União Europeia, 33% para os EUA, 14% para o Brasil, e 7% para o resto do mundo.

“Atualização de plano 2024-26, altamente focado na optimização de capital e a robustez do balanço da EDP: desaceleração do investimento, com 17 mil milhões de euros de investimentos brutos entre 2024-26. Critérios de investimento disciplinados e seletivos, priorizando retornos sobre volume”, segundo a apresentação da EDP ao mercado.

Já a EDP Renováveis anunciou, na quinta-feira, um corte de três mil milhões de euros no seu investimento líquido face ao previsto no plano estratégico: 7 mil milhões de euros. A companhia prevê agora investir 4 mil milhões de euros nos próximos três anos em termos líquidos, menos 40% em relação ao  plano.

O investimento bruto em renováveis vai ser de 12 mil milhões de euros para o período 2024-2026, “preservando um balanço saudável”, com foco na melhoria de eficiência.

O Goldman Sachs (GS) anunciou na sexta-feira um corte do preço-alvo da EDP Renováveis (EDPR) de 17,5 euros para 17 euros. A recomendação mantém-se em ‘comprar’.

“Após 10 anos de aceleração consistente de Capex – e dois aumentos de capital – a EDP mudou a sua alocação de capital para proteger o balanço de aumentos nos custos de financiamento e o declínio nos preços de eletricidade mais rápidos do que o esperado. Acreditamos que o mercado vai receber bem esta atualização estratégica pois faz um reset das metas financeiras e operacionais, focando-se nos projetos com retorno mais elevado e mais auto-financiados”, começou por dizer o banco norte-americano na nota hoje publicada.

Recordando que o Capex vai cair de cinco gigawatts anuais para três gigawatts anuais, o GS destaca que o EBITDA para 2026 caiu dos três mil milhões para 2,4 mil milhões, com a meta de lucro a cair de 900 milhões para 700 milhões.

Parecer do GS? “Consideramos que o novo plano é viável: as nossas estimativas para 2026 ficam acima das estimativas” da EDP.

Os analistas destacam que a redução em nova capacidade vai permitir à EDP focar-se em “projetos de retorno mais elevado”. A empresa “vê um cenário mais competitivo (particularmente nos EUA), assim apoiando retornos mais elevados”, com destaque para os centros de dados e a vaga de eletrificação.

Até 2026, a EDPR está a planear manter a sua dívida financeira estável nos sete mil milhões de euros. “Por outras palavras, o plano parece ser autossuficiente em financiamento. Isto é possível pela redução significativa nos investimentos”.

Ler artigo completo