Eleições EUA. Kamala na mira dos democratas para suceder a Biden

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Uma ala do partido e diversos doadores de fundos questionaram se o presidente pode e deve continuar a sua campanha de reeleição. E caso Joe Biden se afaste, o foco já está na vice-presidente, Kamala Harris. Dois terços dos democratas e independentes de tendência democrata aprovariam que Harris se tornasse a indicada presidencial.

Aproximadamente metade aprovaria o secretário de transportes Pete Buttigieg como substituto e uma proporção semelhante escolheria o governador da Califórnia, Gavin Newsom.

Harris destaca-se por ser caracterizada como a mais competente e uma melhor comunicadora do que Biden. Porém, menos pessoas descrevem a vice-presidente como simpática, qualificada ou autêntica em comparação com Biden.

Na mais recente ação de campanha como vice de Biden, Kamala compareceu como já é costume, no festival cultural negro em Nova Orleans, neste fim-de-semana, onde falou sobre a sua história de vida e no que sentia ao ter conquistado a Casa Branca.

Durante estes mesmos dias, uma das alas democrata reuniu para pressionar a saída de Biden e a falar em vários canais televisivos sobre propostas. Desta forma, o nome de Kamala Harris para o substituir ganhou protagonismo. Foi então visível o aumento para dezenas, o número de repórteres que apareceram no festival de Nova Orleans.

A vice-presidente não abordou questões sobre a aptidão de Biden para o cargo ou se deveria retirar-se da corrida presidencial. Em vez disso, Harris optou por encorajar o público a não dar ouvidos aos pessimistas.

“As pessoas ao longo da vida vão dizer que não é a nossa hora. Não é a nossa vez. Mas nunca devemos dar ouvidos. Ninguém como nós fez isto antes", afirmou, defendendo Biden. Haris ainda acrescentou que acredita , que ninguém faria melhor, no debate da CNN a 27 de junho.

Já o congressista Adam Schiff da Califórnia sublinhou numa entrevista ao Meet The Press da NBC que Biden tem que ser capaz de “ganhar esmagadoramente ou então tem que passar o testemunho para alguém que o possa fazer”. Acrescentou ainda que Kamala Harris poderia “muito bem ganhar esmagadoramente contra o Trump”.

Jamal Simmons, um pensador da estratégia democrata e ex-diretor de comunicação de Harris, referiu como ela foi subestimada. “Seja ela uma parceira do presidente ou tenha que liderar o caminho do partido, Harris é alguém que os republicanos e a campanha de Trump precisam de levar a sério”, argumentou Simmons.

Desde o confronto televisivo e as alegadas consequências, Harris alterou a própria agenda para não se afastar do presidente. Inclusive apareceu numa reunião na quarta-feira passada, onde Biden tentou tranquilizar vários governadores democratas sobre sua aptidão para o cargo, ao fortemente escrutinado.

Kamala tem-se concentrado a alertar o eleitorado de que Trump é uma ameaça à democracia e aos direitos das mulheres. Ao mesmo tempo, têm se mantido equilibrada “entre a ambição e a lealdade”, não oferecendo nada além de apoio firme a Biden, diz a BBC.

Para já, a equipa de Harris tem se recusado a envolver em especulações públicas.

Entretanto, os republicanos reconheceram que Harris seria a favorita para substituir Biden. O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, alertou no domingo que os republicanos devem estar prontos para uma "corrida dramaticamente diferente" caso Harris - a quem ele descreveu como uma candidata "vigorosa" - se torne a indicada.

Somam-se análises sobre onde Kamala pode beneficiar os democratas na corrida eleitoral. Muitos apontam que na Geórgia, Harris pode trazer votos eleitores negros relutantes. No Michigan, pode persuadir o bloco considerável de eleitores árabes americanos a votar nos democratas porque aí, Harris conquistou mais empatia do que Biden pelos civis palestinianos mortos em Gaza. No Nevada e Arizona, Kamala pode falar sobre a economia e a inflação. Também Harris já percorreu o país falando sobre direitos reprodutivos, aproximando muito eleitorado jovem.

Por outro lado, é possível que nada disso aconteça. Harris deixou claro à equipa da campanha que Biden não desistiria: "Neste momento, sei que todos nós estamos prontos para lutar por ele". Biden afirmou que estava "nesta corrida até o fim".

Quem é Kamala
A vice-presidente norte-americana Kamala Harris, tem 59 anos, é negra de ascendência sul-asiática, filha de mãe indiana e pai jamaicano. Cautelosamente, tem vindo a abrir caminho no mundo patriarcal da política.

Nascida em Oakland, na Califórnia, a 20 de outubro de 1964, Harris começou a carreira como procuradora assistente dedicando atenção especialmente a crimes sexuais. Mais tarde, foi recrutada para o escritório do procurador de São Francisco , onde se concentrou a tratar casos de prostituição adolescente.

Após conquistar a posição de procuradora distrital de São Francisco, Harris recusou-se a aplicar a pena de morte a um homem que assassinou um polícia em 2004, causando alguma indignação. No entanto, Harris promoveu um aumento na taxa de condenação em São Francisco entre 2004 e 2007, de 52 para 67 por cento. Em novembro de 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia.

Kamala lançou um projeto “Open Justice” que deu ao público acesso aberto a dados de justiça criminal, investigou a má conduta policial e tratou casos de direitos civis.

Em 2016, foi eleita para o Senado dos EUA, seguindo a candidatura à nomeação democrata para presidente, que suspendeu. Em 2020 foi nomeada como candidata a vice-presidente de Biden, cargo que agora ocupa.

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