A reeleição de Vladimir Putin vai permitir reforçar a mensagem de que, na Ucrânia, a Rússia está a defender-se de uma ameaça potencial de proporções muito maiores. E o povo tende a acreditar.
Como vários analistas têm salientado ao longo destes dois anos que a guerra na Ucrânia já leva, a invasão do leste do país vizinho pelas tropas de Moscovo não é “um fator de impopularidade”. Pelo contrário, “induz unidade nacional”, refere o Embaixador Francisco Seixas da Costa. É nesse quadro que as eleições – cuja realização teria sido facilmente descartada por decisão do Kremlin – fazem sentido, precisamente porque são um fator de união.
Não está em causa a vitória Vladimir Putin – num ato eleitoral que terá lugar em 15 e 17 de março – mas, mesmo assim, o Kremlin parece seguir a máxima de que não vale a pena arriscar. É por isso que o candidato anti-guerra e opositor de Putin na corrida às presidenciais russas Boris Nadezhdin, viu esta quinta-feira a sua candidatura rejeitada pela Comissão Eleitoral. Irregularidades na recolha de assinaturas – o mais básico de todos os argumentos – foi a teoria avançada pela comissão sobre o discreto veterano da política, natural da ex-república soviética do Uzbequistão e formado em Matemática e Física. Segundo as agências internacionais, Nadezhdin já afirmou que pretende contestar em tribunal a rejeição da sua candidatura. Como se lhe valesse a pena.
Vale a pena recordar que nas eleições anteriores, em 2018, Vladimir Putin conseguiu ser eleito com 76% dos votos. O ocidente desconfiou – mas o certo é que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que acompanhou o ato eleitoral, não detetou qualquer irregularidade que pudesse transformar a votação num caso de polícia.
Conteúdo reservado a assinantes. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor