Encher o papo antes do Natal

A confiança começa a crescer, de jogo para jogo, no Benfica e os encarnados aproveitaram os erros de um corajoso AVS - especialmente sem bola e a pressionar alto - para ferir os de Vila das Aves, golear por 4-1 e carimbar a passagem para a Final Four da Taça da Liga, no seu último jogo antes do Natal.

Era dia de fecho de contas na fase de grupos da Taça da Liga e o Benfica, apesar de precisar apenas de um empate, apresentava-se praticamente na máxima força, com Tomás Araújo, no lugar de Otamendi, como única novidade. Do outro lado, o AVS, uma das melhores equipas na Liga Portugal SABSEG, que precisava de vencer, apresentava o seu onze inicial habitual, com destaque para o experiente Nenê na frente de ataque.

Saber reagir

O Benfica entrava para este jogo a precisar apenas de um empate, mas tentou claramente dar seguimento ao bom momento de forma dos últimos jogos e entrou pressionante - pressionava a saída a jogar do AVS em 4x2x4 - e com um ritmo mais semelhante ao da época passada, de tal modo que João Mário quase marcava logo no primeiro minuto. Do outro lado, por sua vez, o AVS começou por tentar não se apequenar e mostrou que sabia ter bola, com Nenê a servir de pivot ofensivo e a baixar para fazer jogar e abrir espaço à velocidade de Vasco Lopes e Mercado na frente.

Contudo, a intensidade encarnada era alta e a vantagem no miolo criava vantagem ao Benfica, o que permitiu a Kokçu juntar-se mais facilmente ao ataque e tentar servir e fazer o golo (atirou à barra aos 13'). Apesar disso, o AVS foi letal e, aos 20', aproveitou uma perda de bola de João Neves para fazer uma transição rápida e marcar um golaço, num remate de fora da área de Mercado. 

A turma de Vila das Aves tentou claramente baixar o ritmo de jogo depois de marcar (precisavam de ganhar para passar) e numa primeira fase o Benfica até teve dificuldades em voltar ao ritmo, mas conseguiu fazê-lo pelo acréscimo dos dois médios em posição ofensiva e acabou mesmo por empatar por Di María, aos 31', num lance genial de João Neves, a deambular da esquerda para o meio, antes de Rafa servir o argentino na direita da área.

O golo fez o AVS voltar a mudar de atitude e voltar também a pressionar mais alto, à imagem dos primeiros minutos, e o Benfica soube aproveitar isso mesmo. Aos 44', os comandados de Roger Schmidt mostraram-se pacientes com bola na primeira fase de construção, chamaram bem essa pressão e conseguiram sair a jogar pelo centro numa arrancada de António Silva, o que abriu por completo o espaço e permitiu a Aursnes surgir isolado na direita, para cruzar rasteiro para o 2-1 de João Mário. Estava feita, com mérito ideológico, a cambalhota das águias.

Muito bem, Roger!

A vantagem encarnada trazia algo diferente para a 2ª parte, uma vez que o AVS estava obrigado a correr atrás do prejuízo, se queria retirar algo do jogo e isso mostrou os forasteiros com vontade de ter bola e de atacar e isso abriu o campo. Além disso, também mostrou as fragilidades encarnadas ao nível do equilíbrio no miolo, perante as características mais ofensivas de Kokçu e Neves - difícil encontrar o equilíbrio entre defesa e ataque com e sem Florentino. 

Contudo, o Benfica, à semelhança do lance do 2-1, soube ler essa pressão, foi paciente com bola no primeiro terço e soube tirar dividendos, especialmente depois da boa leitura de Roger Schmidt, que colocou Gonçalo Guedes e Tiago Gouveia (além de Arthur Cabral), aos 58', para dar a velocidade na transição que estava a faltar e aproveitar o espaço nas costas da defesa do AVS.

Não demorou a tirar dividendos e apenas seis minutos depois Kokçu desmarcou Tiago Gouveia com um grande passe nas costas da defesa e, com um chapéu de belo efeito, o jovem extremo faturou. Pouco depois, num lance com algumas semelhanças, Guedes desmarcou-se na direita da área, cruzou e viu Anthony Correia, infeliz, colocar a bola na própria baliza.

O plano de Roger Schmidt tinha funcionado às mil maravilhas e facilitado o jogo na 2ª parte e para a ponta final. O AVS ainda tentou dar sinais de vida ofensivos depois do 4-1 e até teve uma oportunidade de reduzir enorme nos pés de Jonatan Lucca, aos 80', mas a verdade é que o resultado fez o ritmo de jogo baixar consideravelmente e o Benfica limitou-se a gerir esforço, vencendo por 4-1 e carimbando a passagem à Final Four da Taça da Liga.