Ensaio – CFMOTO 450NK – prenda dos 18 anos

6 meses atrás 89

Mesmo no final do ano chegou mais uma proposta da CFMOTO. A bastante aguardada 450NK foi buscar influência estética à irreverente e divertida 800NK (que testámos em agosto), mas com um conjunto de motorização e ciclística muito semelhante à da desportiva 450SR que também já testámos por duas ocasiões aqui na revista, a última das quais em novembro. Fomos até à terra dos ovos moles perceber se esta 450NK confirma tudo aquilo que se esperava dela.

2023 foi um ano excelente para a CFMOTO, não só globalmente com a apresentação de novos produtos que já estão a dar que falar, mas também em Portugal com os números de venda a colocarem a marca entre vários consagrados fabricantes, com muitos mais anos de mercado. Ter boas motos ajuda bastante, mas também uma boa rede de concessionários e o grupo Multimoto por trás, que através de uma equipa de marketing muito jovem e irreverente tem levado a marca a excelentes patamares – nas redes sociais por exemplo – mas também nas belíssimas apresentações onde já estivemos presentes. Agora, falemos da 450NK que fomos conhecer a Aveiro!

ESTÉTICA TRANSALPINA

O conceito NK baseia-se em modelos leves e ágeis, e com motores enérgicos para emoções fortes. A primeira geração surgiu há alguns anos e no nosso país deram nas vistas os modelos 300 NK e 650NK, sendo a segunda geração composta pela 800NK e por esta 450NK, com diferenças estéticas à vista. É que os modelos lançados este ano já tiveram a mão (em termos estéticos) do gabinete de design italiano Modena 40, e como todos nós sabemos, os italianos não são propriamente maus a desenhar veículos… Estética a par de uma elevada qualidade de componentes e de construção. A marca coloca como público alvo os jovens de 20-25 anos (só para contrariar o título deste trabalho), ou seja recém chegados às duas rodas com carta A2 que pretendem diversão e evoluir neste mundo fantástico.

MÚSCULO E AGILIDADE

Em termos técnicos esta moto não foge muito à desportiva 450SR, e começando pela ciclística encontramos um quadro tubular em liga de alumínio de alta resistência. Este apresenta um peso inferior aos 11 kg, com o sub-quadro abaixo dos 4 kg para um peso em ordem de marcha a rondar os 173 kg. Monta um assento a 795 mm do solo e o depósito de combustível comporta 14 litros de gasolina. Tecnologicamente dá nas vistas pelo TFT de 5 polegadas em que podemos escolher dois fundos diferentes, além de possuir conetividade com o smartphone e Tbox, um sistema de partilha de informação sobre a moto ou sobre o percurso com outros utilizadores. E claro, possui imensas informações no computador de bordo, embora sejam necessários alguns minutos até nos ambientarmos totalmente à instrumentação e forma como navegamos através desta com os comandos.

Nas suspensões encontramos uma unidade invertida na frente e um monoamortecedor traseiro com ligação por bielas ao braço-oscilante e que possui ajuste na pré-carga da mola e extensão. No capítulo da travagem esta NK monta um disco em cada eixo com componentes J.Juan, sendo o conjunto dianteiro composto por um grande disco de 320 mm e por uma pinça radial de 4 êmbolos, sendo o sistema ABS de duplo canal. Quanto à ligação ao solo, é feita através de pneus CST que já conhecíamos da 450SR.

Em relação ao motor, falamos de um bicilíndrico paralelo que em termos de potência está abaixo dos 35Kw para se enquadrar na carta A2. Os 34,5 Kw (obtidos às 10.000 rpm) significam cerca de 46,9 cv e o binário máximo é de 39,3 Nm às 7.750 rpm. Possui duplo veio de equilíbrio, embraiagem deslizante, controlo de tração, e a cambota a 270º ajuda à sonoridade fantástica, ajudada naturalmente por um escape que felizmente não parece (nada) abafado. Segundo a marca, estes números chegam para esta NK alcançar os 178 km/h e garantir uma aceleração de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos. As especificações são semelhantes às da desportiva, até nas relações de caixa e de transmissão final, mas a marca afirma que foram realizados ajustes na eletrónica para que a NK reaja melhor nos baixos e médios regimes.

A instrumentação é muito completa e possui excelente legibilidade. Este é um dos fundos que está disponível, de visual bastante radical...

A instrumentação é muito completa e possui excelente legibilidade. Este é um dos fundos que está disponível, de visual bastante radical…

...sendo este o outro modo de visualização, mais tradicional, que acabámos por escolher durante todo o percurso com a 450NK.

…sendo este o outro modo de visualização, mais tradicional, que acabámos por escolher durante todo o percurso com a 450NK.

Na dianteira a agressividade estética é a nota dominante, mas de uma forma fluída, sendo de consenso geral que a estética está muito bem conseguida.

Na dianteira a agressividade estética é a nota dominante, mas de uma forma fluída, sendo de consenso geral que a estética está muito bem conseguida.

A posição de condução é boa e o assento do condutor não merece reparos. Já o do passageiro é demasiado duro e de exíguas dimensões.

A posição de condução é boa e o assento do condutor não merece reparos. Já o do passageiro é demasiado duro e de exíguas dimensões.

Belos detalhes numa moto chinesa com design italiano.

Belos detalhes numa moto chinesa com design italiano.

Se na dianteira temos agressividade estética, no farolim traseiro podemos dizer que o requinte e o bom gosto são a nota dominante.

Se na dianteira temos agressividade estética, no farolim traseiro podemos dizer que o requinte e o bom gosto são a nota dominante.

O motor bicilíndrico é praticamente semelhante ao da desportiva 450SR, pelo que temos vivacidade e bastante carácter em todos os regimes.

O motor bicilíndrico é praticamente semelhante ao da desportiva 450SR, pelo que temos vivacidade e bastante carácter em todos os regimes.

A travagem está de acordo com as (boas) prestações da NK, e as suspensões são mais para o durinho, o que é positivo.

A travagem está de acordo com as (boas) prestações da NK, e as suspensões são mais para o durinho, o que é positivo.

Este escape é responsável pela excelente sonoridade da NK. Os pneus apresentam um desenho muito desportivo, com poucos rasgos, e depois de quentes oferecem uma boa segurança.

Este escape é responsável pela excelente sonoridade da NK. Os pneus apresentam um desenho muito desportivo, com poucos rasgos, e depois de quentes oferecem uma boa segurança.

Após lerem o texto já perceberam qual é a minha decoração favorita, mas as outras duas também não estão nada mal.

Após lerem o texto já perceberam qual é a minha decoração favorita, mas as outras duas também não estão nada mal.

EM ESTRADA

O dia amanheceu frio, muito frio na zona da Costa Nova em Aveiro, mas consegui chegar cedo à zona das motos para escolher a minha decoração favorita, a branca e azul. Pessoalmente considero esta moto lindíssima, talvez a naked desportiva para carta A2 que mais me agrada, e aos comandos a adaptação é rápida. A posição de condução é espaçosa para condutores de várias estaturas, as pernas não seguem demasiado dobradas e o guiador tem a largura adequada. A instrumentação é de leitura muito agradável e quando colocamos o motor em funcionamento recordamos os bons momentos que tivemos com a SR, pois a sonoridade é a mesma e realmente notável, parecendo a de uma moto de cilindrada bem mais elevada. Contudo, nem tudo foi fácil: a moto estava praticamente saída da caixa, os pneus (de desenho quase slick) ainda tinham “goma”, a temperatura estava muito baixa e assim que nos fizemos às curvas fomos brindados com piso molhado até à hora do almoço. Nestas condições aproveitámos para perceber como o motor enquadra-se perfeitamente neste modelo, sendo bastante vivo em todos os regimes e sempre com carácter. Podemos rodar em sexta a partir dos 75 km/h (cerca de 4.000 rpm), mas normalmente optamos sempre por engrenar uma ou duas mudanças abaixo para privilegiar os médios e altos regimes deste bicilíndrico. Por ser um conjunto quase virgem em termos de quilómetros as suspensões também pareceram demasiado duras, mas era preciso conduzir esta NK a seco, o que acabou por acontecer durante a tarde.

BEM MELHOR

Não apanhámos sustos com a estrada molhada, mas pode-se dizer que tudo melhorou com o asfalto seco. Os pneus aqueceram, as suspensões começaram a “trabalhar” melhor, pudemos verificar que a travagem está também em bom nível, e já conseguimos tirar partido do divertido motor numa estrada bem sinuosa, em que a agilidade da NK também foi posta à prova. Pareceu-nos apenas que o consumo (na instrumentação) a rondar os 5,1 l/100 km é um pouco elevado, algo que já tínhamos notado na SR, embora ainda não tenhamos medido o consumo real na bomba. Talvez numa próxima. Entre os aspetos a melhorar, creio que seria possível desenhar um assento para o passageiro mais macio e confortável, enquanto o tato do acelerador é ligeiramente brusco, algo que temos vindo a alertar quase sempre que rodamos com uma CFMOTO. Mas fazendo um balanço rápido, esta é mesmo uma moto equilibrada e bastante divertida, com uma sonoridade incrível e uma das melhores propostas do segmento. Apenas fiquei com uma dúvida, uma boa dúvida na verdade: não sei qual escolheria entre a desportiva 450SR e esta naked 450NK!

Caption text

CFMOTO 450NK

MOTOR dois cilindros paralelos, 8 válvulas, refrigeração líquida

CILINDRADA 449 cc

POTÊNCIA 46,9 cv (34,5 kw) @10.000 rpm

BINÁRIO 39,3 Nm às 7.750 rpm

CAIXA 6 velocidades

QUADRO tubular em liga de alumínio

DEPÓSITO 14 litros

SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha invertida de 37 mm, curso de 130 mm

SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor, curso de 130 mm

TRAVÃO DIANTEIRO disco de 320 mm, pinça radial J.Juan de 4 êmbolos

TRAVÃO TRASEIRO disco de 220 mm, pinça de 2 êmbolos

PNEU DIANTEIRO 110/70-R17

PNEU TRASEIRO 150/60-R17

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.370 mm

ALTURA DO ASSENTO 795 mm

PESO 173 kg

P.V.P. (desde) 5.790 €

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