Ensaio – Indian FTR R Carbon – não é só carbono

7 meses atrás 87

A Indian FTR é bem conhecida dos campeonatos de flat track americano e tem sido a moto a bater, alcançando enorme sucesso nos Estados Unidos. Com isso a marca decidiu expandir a família FTR, que conta agora com 4 variações diferentes. Aqui, vamos falar da Carbon, a mais equipada.

Os mais atentos perceberam que a nossa reportagem do Lés-a-Lés, na edição passada, foi realizada aos comandos desta Indian FTR 1200 Carbon R – FTR R Carbon para facilitar. E com os testes de longa duração a serem cada vez mais escassos no meio (infelizmente), foi muito agradável realizar mais de 2.000 km em quatro dias com esta Indian e passar por todas as situações possíveis e imaginárias. Chuva, sol, mau piso, autoestrada, estradas nacionais; um pouco de tudo para colocar todas as capacidades desta Indian à prova.

Quando vemos que há “Carbon” no nome de qualquer moto, sabemos à priori que vai ser um modelo extremamente bem equipado e, como o nome indica, cheio de carbono. Esta Indian não foge à regra e a FTR Carbon é mesmo a mais equipada das quatro irmãs. Ainda assim, o motor é o mesmo bloco bicilíndrico em V de 1.203 cc e 120 cv, com uns impressionantes 118 Nm de binário máximo às 6.000 rpm. Este motor é um portento da força bruta e impressiona pela facilidade que tem de destruir o pneu traseiro, mesmo com saídas de curva em mudanças altas e a baixa rotação. Este bloco pede mesmo para ser utilizado em baixos e médios regimes, oferecendo aí o seu melhor comportamento, uma vez que em rotações mais elevadas vibra bastante e não entrega nada que não entregue antes.

Fonte:Motociclismo

O MELHOR  Disponibilidade do motor, travões, suspensões  A MELHORAR  Interface do painel, vibrações do motor

COMPONENTES DE TOPO

Fonte:Motociclismo

E se juntarmos um motor que nos permite uma condução relaxada, mas rápida, a componentes de topo, o que temos? Uma Indian FTR Carbon com suspensões Ohlins totalmente ajustáveis na dianteira e traseira, e travões Brembo com dois discos de 320 na dianteira e boas pinças para muita potência e tato, e disco de 260 mm na traseira. Apesar da versão base vir já equipada com estes mesmo travões, as suspensões Ohlins são exclusivas da Carbon e comportam-se de forma sublime, principalmente em estradas de mau piso (onde somos obrigados a notar mais o comportamento das suspensões), permitindo circular a um ritmo bastante elevado sem nos preocuparmos com reações inesperadas – principalmente a dianteira que revelou ser bastante precisa e focada no asfalto, mesmo com toda a potência a querer elevar a roda da frente. Os pneus Metzeler Sportec M9RR complementaram tudo isto, e revelaram ser uma escolha acertada para esta moto – com um bom comportamento também à chuva. O quadro revelou alguma rigidez, mas isso foi compensado pelo excelente trabalho do amortecedor e da forquilha dianteira. Mesmo com os seus 235 kg com o depósito de 13 litros atestado, conseguimos extrair um bom comportamento do conjunto, sendo notório algum peso extra desta moto, obrigando assim a um trabalho extra do condutor.

EQUIPADA ATÉ DIZER CHEGA

Fonte:Motociclismo

Já falámos das suspensões como sendo algo exclusivo deste modelo. Naturalmente todo o carbono que vemos na moto é também específico para esta FTR R Carbon, mas há muito mais, nomeadamente na eletrónica. Resumidamente, na versão base contamos com uma instrumentação analógica de 4” e apenas ABS e Cruise Control como ajudas de série, ao passo que na versão mais equipada da FTR temos um ecrã tátil de 4” (com ligação ao telemóvel via Bluetooth) com três modos de condução diferentes (Rain, Standard e Sport), ABS sensível à inclinação, controlo de estabilidade, anti cavalinho, e ainda contamos com o cruise control presente na versão base. Esta Indian FTR R Carbon incorpora também uma tomada USB na lateral do painel, o que pode ser bastante útil para viagens como o Lés-a-Lés. E voltando um pouco atrás ao ecrã tátil, dizer que, apesar de pequeno para os padrões atuais, tem tudo o que precisamos e revelou boa visibilidade e sensibilidade. Foi bastante fácil de navegar no mesmo, mas ainda assim, a interface parece estar um pouco desatualizada e lenta, demorando algum tempo até estar pronto a ser utilizado. Quanto a todas as ajudas eletrónicas, foram muito bem-vindas e diria mesmo quase essenciais quando atingimos um determinado ritmo nesta moto. Com o enorme binário e vontade de nos impulsionar para a frente, a ação da eletrónica foi benéfica e pouco intrusiva, o que revelou estar bem afinada nesta FTR R Carbon.

A “NOSSA VERSÃO”

Fonte:Motociclismo

A moto que testámos estava praticamente nova, com poucos quilómetros e tinha alguns extras, para além dos que já equipam de série a versão Carbon. A mala lateral à prova de água foi uma adição que agradecemos muito à Indian e pode ser algo que dá bastante jeito (e deu) para o dia-a-dia, ou mesmo para longas viagens – nós optámos por utilizar este acessório como bolsa mecânica caso algo corresse menos bem, o que não se verificou, felizmente. Esta moto vinha também equipada com um suporte de top case que foi essencial para colocarmos o saco de viagem. E digo essencial porque nos permitiu ao longo da viagem – principalmente em autoestrada – movimentar de forma mais livre no assento, uma vez que o saco não estava a ocupar espaço do mesmo.

DEPOIS DE 2.500 KM

Fonte:Motociclismo

Ao fim de 4 dias e mais de 2.500 km, a avaliação a esta Indian FTR R Carbon ficou bem clara. O carbono adiciona um toque especial a esta moto (e por alguma razão mais peso), mas o que mais marca esta versão são mesmo as suspensões e como se comportam inseridas no conjunto de quadro e motor. Não estamos perante uma moto líder da classe naked de alta cilindrada, mas esse não é de todo o propósito. A Indian quer oferecer um produto exclusivo de qualidade e que cumpra com o que está na ficha técnica, oferecendo um conjunto equilibrado, com boa ciclística e um motor que nos oferece boa disponibilidade sem ser um colosso de potência. Para viajar esta moto pode ser um pouco cansativa pela sua posição de condução, mais agressiva para as pernas, mas com o depósito de apenas 13 litros e um consumo na casa dos 6,5L/100 km, não conseguiremos fazer muito mais do que 200 km de seguida, por isso seremos “obrigados” a esticar as pernas. Mas optando por estradas nacionais e com algumas curvas pelo meio, a Indian FTR R Carbon torna-se numa moto bem divertida e dinâmica. Divertida e dinâmica, é assim que vamos terminar com uma boa definição desta moto.

INDIAN FTR R CARBON

Fonte:Motociclismo

MOTOR 2 cilindros em V, refrigeração líquida

CILINDRADA 1.203 cc

POTÊNCIA 89,4 kW (120 cv) @ 6.000 rpm

BINÁRIO 118 Nm @6.000 rpm

CAIXA 6 velocidades

QUADRO Treliça em aço

DEPÓSITO 13 litros

SUSPENSÃO DIANTEIRA suspensão invertida Ohlins totalmente ajustável, curso 120 mm

SUSPENSÃO TRASEIRA amortecedor Ohlins totalmente ajustável, curso 120 mm

TRAVÃO DIANTEIRO duplo disco Brembo de 320 mm, pinças de 4 êmbolos

TRAVÃO TRASEIRO disco de 260 mm, pinça de 2 êmbolos

PNEU DIANTEIRO 120/70 R17

PNEU TRASEIRO 180/55 R17

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.525 mm

ALTURA DO ASSENTO 780 mm

PESO 235 kg

P.V.P. (desde) 18.990€

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