Ensaio – Kawasaki Ninja e-1 / Z e-1 – as primeiras da “Kawa”

6 meses atrás 60

Por diversas vezes a Kawasaki mostrou ser pioneira em várias soluções, por outras vezes apresentou simplesmente modelos premium porque sempre foi esse o intuito da marca: lançar modelos de vanguarda e com elevadas prestações. Desta vez as prestações não são o principal objetivo, mas teremos sempre de dar destaque aos primeiros modelos elétricos da marca de Akashi.

A Kawasaki tem a velocidade e a competição no seu ADN, o que não quer dizer que não esteja atenta à forma como tudo está a mudar rapidamente neste mundo. Por isso mostrou nos últimos salões de motos alguns modelos híbridos e a hidrogénio que estão em avançado estado de desenvolvimento. Em relação às motos elétricas, a marca japonesa preferiu começar por baixo, lançando modelos limitados a 11 Kw que irão facilitar a compra e a sua utilização. Aqui a curiosidade maior é que, em vez de apresentar novas scooters como outros fabricantes fariam, a marca lançou as suas novas propostas com zero emissões numa “embalagem” já conhecida, nada mais nada menos do que no formato Ninja e Z dos seus modelos de baixa cilindrada. Excelente ideia ou nem tanto, só o futuro o dirá!

OBJETIVO

Com a obrigatoriedade de terem de ser lançados veículos zero emissões de CO2 na Europa dentro de alguns anos (de duas e quatro rodas) a Kawasaki adianta-se assim e pretende chegar a um tipo de cliente que pretende usar veículos de duas rodas nas zonas mais congestionadas das cidades, em especial em zonas urbanas de exclusão de veículos – ZER ou de estacionamento gratuito para veículos com emissões zero. E lança dois modelos com a potência de 11 Kw, o limite para os titulares de carta de condução B ou A1, sabendo de antemão que existem muitas marcas no mercado mais acessíveis mas sem a qualidade e a experiência da Kawasaki no fabrico de motos. Veremos também que tipo de apoios continuarão a vigorar para a compra deste tipo de veículos daqui para a frente.

Fonte:Kawasaki

CARACTERÍSTICAS

Com estas duas motos a Kawasaki pretende então lançar modelos de qualidade, fiáveis e seguros (e com inúmeros concessionários da marca espalhados pelo país fora) mas que não deixam de oferecer alguma emoção, contribuindo para isso a curiosa função e-boost, que já iremos explicar. Com exceção das cores, o estilo está então decalcado dos modelos Ninja e Z, e se exteriormente são muito poucas as diferenças, nota-se depois na ciclística que estes novos modelos são um pouco mais simples, por não terem de lidar com tanta potência. A facilidade de condução é uma vantagem, não apresentando embraiagem nem caixa de velocidades, e a baixa velocidade até existe um “walk mode” para ajudar nas manobras, tanto para diante como em marcha-atrás. Com cerca de 12 cv de potência, falamos de uma velocidade máxima a rondar os 99 km/h (apenas durante alguns segundos com o e-boost), para uma autonomia máxima de 72 km e um consumo que, segundo a marca, poderá significar em custos algo como 0,64€ /100 km. Existem dois modos de condução, Eco e Road, e o e-boost que é acionado por um botão tem a duração máxima de 15 segundos, pelo que a partir daí teremos de esperar para que o sistema recupere a energia. Em relação à velocidade máxima, retirem cerca de 10 km/h se não usarem o e-boost e outros 10 km/h se estiverem no modo eco, modo de condução que experimentámos apenas por breves instantes e que não é propriamente veloz…

A instrumentação é completa e agradável, e dá-nos muitas informações que normalmente não encontramos num modelo a combustão...

A instrumentação é completa e agradável, e dá-nos muitas informações que normalmente não encontramos num modelo a combustão…

A conetividade é uma realidade e faz todo o sentido em modelos bastante vanguardistas como estes.

A conetividade é uma realidade e faz todo o sentido em modelos bastante vanguardistas como estes.

Os comandos apresentam ligeiras diferenças para os modelos a combustão. Neste caso, à esquerda temos o botão walk mode, para usar a uma velocidade muito baixa nas manobras, para a frente ou para trás.

Os comandos apresentam ligeiras diferenças para os modelos a combustão. Neste caso, à esquerda temos o botão walk mode, para usar a uma velocidade muito baixa nas manobras, para a frente ou para trás.

Na secção inferior podemos encontrar as grandes diferenças para as tradicionais Ninja 400 e Z 400. A qualidade de construção está a um bom nível, como seria de imaginar em modelos Kawasaki.

Na secção inferior podemos encontrar as grandes diferenças para as tradicionais Ninja 400 e Z 400. A qualidade de construção está a um bom nível, como seria de imaginar em modelos Kawasaki.

O funcionamento das suspensões é relativamente macio e a travagem mostra-se suficiente, estando a ciclística bem ajustada às prestações destes modelos.

O funcionamento das suspensões é relativamente macio e a travagem mostra-se suficiente, estando a ciclística bem ajustada às prestações destes modelos.

Os assentos poderiam ser os de qualquer modelo Ninja ou Z da Kawasaki, sendo algo duro para o passageiro.

Os assentos poderiam ser os de qualquer modelo Ninja ou Z da Kawasaki, sendo algo duro para o passageiro.

O "depósito" tem aspeto normalíssimo, mas debaixo deste estão as duas baterias destas Kawasaki.

O “depósito” tem aspeto normalíssimo, mas debaixo deste estão as duas baterias destas Kawasaki.

Sob o falso depósito estão as baterias que podemos retirar se as quisermos carregar fora da moto

Sob o falso depósito estão as baterias que podemos retirar se as quisermos carregar fora da moto

Se pretendermos carregar as baterias diretamente na moto então é aqui que teremos de ligar o carregador.

Se pretendermos carregar as baterias diretamente na moto então é aqui que teremos de ligar o carregador.

Se pretendermos retirar as baterias para efetuarmos o carregamento noutro local, é aqui que as encaixamos.

Se pretendermos retirar as baterias para efetuarmos o carregamento noutro local, é aqui que as encaixamos.

Quanto à fonte de alimentação, é composta por um pack de duas baterias (de 11,5 kg cada) ligadas em paralelo que podem ser retiradas para serem carregadas (uma de cada vez) num local próprio, seja em casa, no escritório, etc, ou mantidas no local (debaixo do falso depósito) por quem tem possibilidade de carregar através de uma respetiva ficha numa garagem. Segundo a marca, o carregamento das duas baterias dos 0% aos 100% é feito em 7,4h (ou em 3,2h dos 20% aos 85%), algo que não conseguimos comprovar naturalmente nesta apresentação.

Nota ainda para o facto de estes modelos possuírem conetividade, pelo que através do smartphone e respetiva app podemos obter muitas informações sobre as nossas deslocações, estado do veículo e das baterias. Estes modelos apresentam um peso de 135 kg na naked e 140 kg no caso da desportiva, e até já existe uma lista de opcionais que pode acrescentar algo em termos de conforto e estética a estas máquinas.

EM ESTRADA… E PISTA

A apresentação nacional destes modelos decorreu no Montijo, e esperavam-nos alguns quilómetros em estrada mas também no kartódromo local, com a curiosidade deste ter boa parte do traçado indoor. Desde o início notamos que estas são motos bem construídas, feitas por uma marca com muita experiência no setor de duas rodas a combustão. Tudo é simples mas funciona bem, e para além da aceleração muito suave (que já se adivinhava), a ciclística acompanha com suspensões confortáveis e uma boa travagem.

A posição de condução é confortável (carrega apenas de forma ligeira os pulsos na Ninja), e em curva portam-se bem, não se notando o peso de forma nociva, pelo que neste aspeto poderíamos estar aos comandos de um qualquer veículo a gasolina. Mas a potência não é enorme, pelo que somente quando usamos o e-boost ficamos com prestações equivalentes a uma comum 125 cc a quatro tempos. E como o e-boost esgota-se, temos de o poupar para algumas ultrapassagens e para que a autonomia não se esgote rapidamente. A condução acaba por ser divertida e parece que estamos num jogo de computador, tal como no momento em que ficamos com pouca autonomia e aparece-nos o desenho de uma tartaruga na instrumentação!

Fonte:Kawasaki

No geral temos direito a uma condução muito fácil, agradável e suave, mas sempre bastante calma. Depois, no kartódromo, não quisemos abusar pois o nosso equipamento não era o mais apropriado e os pneus IRC pareciam não gostar das curvas muito fechadas, mas é sempre engraçado conduzir de forma indoor sem quaisquer emissões poluentes.

Pessoalmente não gostei muito do ruído quando se desacelera, um “restolhar” estranho que vem da regeneração das baterias, nem do facto de não existir qualquer travão de parque, pelo que é necessária atenção sempre que estacionamos pois não é possível deixar a moto “engatada”. O mais complicado será no entanto a autonomia, que deverá rondar sempre algo como os 60 – 70 km; mas desde logo o preço de venda ao público. Compreende-se a entrada da marca com estes modelos no segmento elétrico mas eventualmente talvez conseguissem um maior sucesso se tivessem escolhido uma configuração scooter… ou não! 

Seja qual for o caso, são modelos interessantes e bem construídos, mas que pelas prestações, autonomia e preço não deixam de estar num nicho muito pequeno de mercado. Em todo o caso, e como em qualquer veículo elétrico, é uma questão de fazer contas, percebendo se a nossa utilização poderá ir ao encontro de uma moto que tem os seus prós mas também as suas limitações.

Caption textFonte:Kawasaki

KAWASAKI Ninja e-1 / Z e-1

MOTOR síncrono interno de ímã permanente, refrigerado a ar

POTÊNCIA MÁXIMA 12 cv (9 kw) @2.600-4.000 rpm

POTÊNCIA NOMINAL 6,8 cv (5.0 Kw)@2.800 rpm

BINÁRIO 40,5 Nm @0-1.600 rpm

CAIXA automática

QUADRO tubular em aço tipo treliça

AUTONOMIA MÁXIMA 72 km

SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha telescópica, curso de 120 mm

SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor, curso de 133 mm

TRAVÃO DIANTEIRO disco

TRAVÃO TRASEIRO disco

PNEU DIANTEIRO 100/80-17

PNEU TRASEIRO 130/70-17

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.370 mm

ALTURA DO ASSENTO 785 mm

PESO Ninja e-1: 140 kg / Z e-1: 135 kg

P.V.P. (desde) Ninja e-1: 9.390 € / Z e-1: 8.790 €

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