Ensaio – Suzuki V-Strom 800DE – futuro risonho

8 meses atrás 86

2023 parece ser o ano de reafirmação da Suzuki. No salão EICMA de 2022 a GSX-8S (que testámos na edição passada) e V-Strom 800DE foram o ponto alto da apresentação da marca nipónica, que revelou duas motos totalmente novas, apontando ambas como referências das respetivas gamas. Vamos então falar do que sentimos aos comandos da nova trail de média cilindrada da Suzuki.

A Suzuki retirou-se de todas as competições de velocidade com a premissa de que pretendia realizar um forte investimento no mercado global e a V-Strom 800DE faz parte desse mesmo investimento. Com o segmento trail a ser um dos mais disputados do mundo, como por exemplo em Portugal, a marca nipónica quis mostrar que a retirada das competições motorizadas está a dar frutos para os consumidores.

EM LINHA OU EM V?

A resposta é em linha, mas sem parecer que o é. A verdade é que a Suzuki quis manter a sonoridade e acima de tudo, o comportamento de um motor em V com este novo bloco de 776 cc. Para isso criou um desfasamento da cambota a 270º, permitindo assim que os tempos de combustão se assemelhem aos dos seus famosos motores a 90º. E as sensações que o motor transmite são em tudo semelhantes ao que estamos habituados num bloco em V, com elasticidade nos baixos e médios regimes, sem o comportamento mais áspero nas baixas rotações, repudiando vibrações que podem ser consideradas normais quando circulamos com um bloco bicilíndrico em V. Mas, à semelhança da GSX-8S – uma vez que o motor é exatamente o mesmo, apesar de apresentar sensivelmente mais um 1 cv – a V-Strom 800DE sofre também um pouco nas rotações mais altas, onde sentimos claramente que lhe “falta ar” devido às restrições do EURO5. Contudo, a resposta dos 84,3 cv é muito boa juntamente com os 78 Nm de binário máximo, permitindo uma condução com poucas passagens de caixa, confiando na “força bruta” do novo motor Suzuki.

CICLISTICAMENTE FALANDO…

Fonte:Motociclismo

Como referimos, o conjunto desta Suzuki V-Strom 800DE é totalmente novo, e a acompanhar o motor que a Suzuki quer tornar uma referência, segue também um quadro totalmente novo – igual ao da GSX-8S – com um sub-quadro e braço-oscilante únicos deste modelo. Isto por forma a tornar esta moto mais capaz para terrenos acidentados, mesmo que a marca nipónica coloque esta V-Strom como mais direcionada para estradas pavimentadas. A sigla DE indica que estamos perante uma Dual Explorer, e por isso a Suzuki equipou esta moto com suspensão dianteira invertida Showa totalmente ajustável e com um monoamortecedor traseiro, também ele Showa e totalmente ajustável com uma roda de cliques que é sempre bem-vinda para ajustes rápidos.

Para além de um excelente curso de 220 mm na dianteira e traseira para incursões fora de estrada, contamos ainda com um comportamento exemplar na estrada. As afinações base vão pedir rapidamente um pequeno ajuste quando aumentarmos o ritmo, estando claramente direcionadas para o conforto, cumprindo bem esse propósito. Ainda assim, com um pequeno toque na dianteira e alguns cliques na traseira, a V-Strom 800DE transforma-se numa moto totalmente diferente da que sai da caixa, e para melhor. Sabem quando parece que tudo está a funcionar em harmonia, desde motor, suspensões, travões e quadro? É isso que sentimos assim que fazemos um pequeno ajuste nestas suspensões. Mas o melhor foi termos sentido que, com mais tempo, paciência e conhecimento, podíamos tirar ainda mais partido do conjunto da V-Strom, mostrando muito potencial de afinação. E mesmo com os seus 230 kg – um pouco acima da concorrência, também pelo seu depósito de combustível de 20 litros – esta moto não se mostrou modesta nas transições entre curvas, revelando bastante agilidade e vontade de curvar depressa e com trajetórias muito precisas mesmo com a roda de 21” na dianteira.

Mas, e fora de estrada? Bem, o percurso foi curto, mas conseguimos perceber que o potencial das suspensões e restante ciclística se mantém, e há ajudas eletrónicas preciosas para os menos experientes, ou que simplesmente não pretendem arriscar tanto – mas já lá vamos. Referir apenas que os travões da nova trail de média cilindrada da Suzuki se revelaram totalmente adequados às capacidades desta moto, com um bom tato e potência na dianteira e traseira, contando com dois discos de 310 mm na frente e um disco de 260 mm na traseira. Nota apenas para o ABS que se mostrou algo intrusivo na dianteira no nível 2 (o mais elevado), mesmo em situações que não se esperaria sentir, tornando assim a condução mais agradável com o nível 1 acionado no painel.

AS AJUDAS

Fonte:Motociclismo

Por muito bom que seja todo o conjunto, é impensável nos dias de hoje pensar numa moto com mais de 80 cv e 700 cc, que não possua ajudas eletrónicas, e boas ajudas. Sabendo isso mesmo a Suzuki não poupou esta V-Strom 800DE. Através do painel TFT de 5” podemos controlar três mapas de motor diferentes e quatro modos de intervenção do controlo de tração, com o modo Gravel a ser o “extra” que não encontramos no modelo naked, oferecendo assim um deslizar da roda traseira fora de estrada mais controlado e com ajuda do “cérebro” desta moto. E podemos afirmar que funciona muito bem, mesmo em terreno bastante solto, proporcionando bastante confiança.

Para os mais aventureiros, é também possível desativar totalmente o controlo de tração. Mas as ajudas não se ficam apenas pelos momentos de aceleração, com a Suzuki V-Strom 800DE a beneficiar de ABS desligável na roda traseira, para além de dois níveis de intervenção. O quickshifter bidirecional está equipado de série nesta moto e é também um dos pontos a favor da nova V-Strom.

A PENSAR NO FUTURO

Fonte:Motociclismo

A nova Suzuki V-Strom 800DE vem reforçar a ideia de que a Suzuki sabe fazer motos muito bem, simplesmente parecia andar com “pouca vontade”, ou com algumas dificuldades em encontrar o rumo certo. Com a GSX-8S e a V-Strom 800DE a marca nipónica não está apenas a preparar o futuro, como a marcar o presente.

Os dois novos modelos vêm preparados para enfrentar a concorrência, e definitivamente a V-Strom 800DE está bem munida de características que lhe permite ser uma opção a ter em conta quando olhamos para as trail de média cilindrada. Melhor, é conseguir olhar para esta moto e perceber que está assente numa base que tem espaço para ser melhorada e para oferecer mais modelos vindos do Japão. Ficamos a aguardar.

SUZUKI V-STROM 800DE

Fonte:Motociclismo

MOTOR 2 cilindros em linha, refrigeração líquida

CILINDRADA 776 cc

POTÊNCIA 62 kW (84,3 cv) @ 8.500 rpm

BINÁRIO 78 Nm @6.800 rpm

CAIXA 6 velocidades

QUADRO tubular em aço

DEPÓSITO 20 litros

SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha invertida Showa, totalmente ajustável, curso de 220 mm

SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor Showa, totalmente ajustável, curso de 220 mm

TRAVÃO DIANTEIRO 2 discos de 310 mm, pinças de 2 êmbolos Nissin

TRAVÃO TRASEIRO disco de 260 mm, pinça de 1 êmbolo

PNEU DIANTEIRO 90/90 – 21

PNEU TRASEIRO 150/70 – 17

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.569 mm

ALTURA DO ASSENTO 855 mm

PESO 230 kg

P.V.P. (desde) 11.499€

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