Ensaio – Zontes 350S – estilo próprio

6 meses atrás 87

Sempre que testamos uma Zontes ficamos impressionados com o equipamento de série e com alguns detalhes estilísticos dos modelos. Esta 350S não foge à regra, sendo uma pequena custom utilitária que, ao mesmo tempo apresenta características de muscle bike (em miniatura), capaz de fazer sonhar muitos motociclistas com elevadas prestações.

Desta vez não nos vamos alongar a falar sobre a marca, já que por diversas vezes o fizemos quando testámos modelos da Zontes, uma marca que tem crescido de forma muito sustentada e que, depois das 125 cc, 310 cc e 350 cc, deverá apresentar em breve o seu novo motor tricilíndrico. Esse motor deverá revolucionar a gama do construtor chinês, com uma base motriz que poderá chegar a modelos de segmentos diversos, mas para já foquemo-nos nesta 350S, mais um modelo de designação simples mas com muito para mostrar.

Esta é a segunda alternativa custom da Zontes entre as 350: encontramos a estilizada e futurista 350V e esta 350S, de linhas mais arredondadas e suaves que dão origem a um estilo muscle bike mas com alguns toques mais clássicos. Ou seja, é fácil perceber como a marca continua a retirar ideias de modelos famosos do mercado, para depois criar motos com uma filosofia bastante própria. Ainda assim, em todos os modelos Zontes até agora existem pontos em comum: elevado equipamento e tecnologia e uma boa relação final em termos de preço / qualidade.

CARACTERÍSTICAS

Sob uma roupagem de modelo vintage clássico, esta 350S esconde vários componentes já conhecidos, nomeadamente o motor monocilíndrico de 4 válvulas e dupla árvore de cames que debita 29 Kw de potência (39 cv) e um binário máximo de 32,8 Nm, sendo caracterizado por apresentar uma elevada taxa de compressão e juntar um sistema de injeção de combustível Bosch. O cilindro de alumínio é totalmente produzido pela Zontes, desde a fundição até ao processamento, e possui um magneto de elevada potência com um peso do rotor reduzido. Ainda em termos de motor, destaque para a embraiagem deslizante, para o novo desenho do filtro de ar e para a presença de um radiador de grandes dimensões. Modos de condução são dois (Eco e Desportivo), e neste modelo destacamos ainda a presença de um escape totalmente oculto, fabricado em aço inoxidável e com um isolamento térmico interno para que ninguém se queime neste elemento.

O MELHOR Condução agradável, qualidade das suspensões, equipamento, preço A MELHORAR Formato do seletor da caixa, chave para abertura do depósito

CICLÍSTICA E TECNOLOGIA

Na ciclística, salienta-se naturalmente a presença de um monobraço traseiro em liga de alumínio, que faz a ligação a uma vistosa roda que monta um pneu 180 mm. O monoamortecedor traseiro progressivo está completamente escondido sob o motor e possui um engenhoso sistema de articulação, contando com nitrogénio de alta pressão para reduzir a temperatura do óleo hidráulico. Na frente encontramos uma forquilha invertida de 43mm e um disco de travão J.Juan de generosas dimensões, juntamente com uma pinça de montagem radial. Nota ainda para a presença de iluminação full LED, que além de contar com elementos bem agradáveis em termos estéticos à frente e atrás, oferecem uma agradável visibilidade noturna, onde os comandos retroiluminados são também de enaltecer pela positiva. Uma moto que conta com um assento a apenas 750 mm do solo e que monta plataformas para os pés, algo que na nossa opinião não combina assim tanto em termos estéticos com o restante. De salientar ainda a completa instrumentação TFT, com computador de bordo e que possui vários modos de visualização, o sistema de monitorização da pressão de pneus, as duas portas USB e é claro, a ignição Keyless. Nós avisámos que o equipamento desta moto era super completo! O peso total do conjunto é de 195 kg.

Os comandos são os já conhecidos na gama Zontes. Muitos botões mas de fácil manuseamento e retroiluminados, algo que apreciamos bastante.

Numa moto com um elevado equipamento não faltam as proteções de motor, algo bem pensado até porque esta moto destina-se aos menos experientes.

A ignição é keyless, mas para acedermos ao depósito temos de usar a chave que está num local próprio junto à bateria. O ideal é colocá-la no porta-chaves junto ao comando da moto.

A ciclística funciona muito bem. Na dianteira a forquilha invertida é suave e competente, e a travagem é igualmente progressiva.

A secção traseira é super vistosa. Jante monobraço, pneu 180 mm e um moderno farolim LED. A ponteira de escape está escondida sob o conjunto, tal como o amortecedor traseiro articulado que oferece um excelente desempenho.

Os pousa-pés são na verdade pequenas plataformas. Se estivermos de botas, a utilização do seletor da caixa e do travão traseiro poderá não ser a mais fácil.

O assento possui um bom formato mas sentimos que é demasiado estreito quando nos sentamos. O do passageiro é ainda mais pequeno.

A secção dianteira não é menos impressionante que a traseira, com a vistosa jante em alumínio. O radiador cromado também se destaca no meio de tanto negro. Os pneus de aspeto desportivo são da marca CST.

A instrumentação já conhecida oferece vários modos de visualização, com dados do computador de bordo, monitorização da pressão dos pneus, etc. Este é o formato de visualização mais clássico e o nosso preferido.

EM ANDAMENTO

Ao vivo as linhas da 350S são realmente curiosas e naturalmente não agradam a todos, mas também não deixem ninguém indiferente. Digamos que a secção traseira é a melhor conseguida, através da espetacular jante, pneu bem largo e vistoso farolim em LED. Quanto à posição de condução, é a tradicional num modelo custom, através de um assento baixo (e minimamente confortável) e pés na frente, que ficam colocados em pequenas plataformas, de menores dimensões que as tradicionais nos modelos americanos. Contudo, o seletor de caixa não tem o melhor posicionamento, e em vez de acionarmos as mudanças para cima quase que temos de puxar o seletor para trás. Com botas rígidas foi ainda mais difícil a habituação. O guiador tem um bom formato e em andamento o motor monocilíndrico oferece boas sensações (e prestações), embora não notemos diferenças entre o modo Eco e o Sport. As prestações fazem lembrar outros modelos Zontes equipados com este motor, em que as relações de caixa entre a 3ª e a 4ª velocidade são praticamente semelhantes (a rotação quase não cai quando se passa de caixa), mas isto não invalida que as acelerações e recuperações sejam boas, e que levam a 350S para lá dos 150 km/h. E com uma economia a condizer, com consumos a rondar os 4,2 l/100 km, mesmo com ritmos animados. Acima de tudo, é um motor bastante suave e linear, que vibra pouco e por isso mantém também a qualidade de visibilidade dos espelhos intacta, já para não falar no conforto.

Gostámos da travagem suave e progressiva – excelente para quem está a começar – do tato das manetes reguláveis e do funcionamento das suspensões, mesmo em ritmo vivo, com tudo isto a ajudar a tarefa dos menos experientes. Na verdade, a suspensão traseira é mesmo muito boa, do melhor que existe em motos desta capacidade e nem estamos a falar apenas de motos custom. Quanto aos pneus CST de desenho bem desportivo, não falham (pelo menos a seco), mas nunca conseguimos perceber na totalidade onde estão os limites, pelo que precisávamos de mais quilómetros para os “percebermos” melhor.

No fundo, uma moto de qualidade, muito agradável na condução e que tanto pode servir os novos condutores como aqueles que pretendem algo fácil e atraente para regressarem ao motociclismo. Com este nível de equipamento, prestações, dinâmica e preço final, terão de procurar bem para encontrar propostas tentadoras a este nível nas marcas concorrentes.