Ergonomia, construindo um ‘happy workplace’

9 meses atrás 82

As histórias da nossa infância começam sempre com o “era uma vez”, e após muitas peripécias acabam inevitavelmente num final feliz. É também assim que podemos olhar para a temática da felicidade no local de trabalho e como isso pode impactar o well-being das nossas pessoas.

É imperativo que o bem-estar dos trabalhadores se torne uma preocupação fundamental para todas as organizações. Enquanto a saúde física e mental dos colaboradores afeta diretamente a sua produtividade, o seu engagement tem um impacto direto nos níveis de felicidade no trabalho.

Para gestores mais atentos, métricas financeiras tradicionais como ROE, EBITDA ou Fluxos de Caixa não são suficientes, por si só, para construir uma empresa sustentável. Só com o aumento dos índices de engagement dos colaboradores conseguimos influenciar positivamente alguns KPIs estratégicos para os negócios contemporâneos como, por exemplo, reduzir a attrition, já que a retenção de talento é um desafio para todas as empresas.

Ao mesmo tempo, iniciativas para o aumento de engagement têm por norma ecos positivos no mercado e esses benefícios têm a vantagem de proporcionar um pacote mais atrativo para novos colaboradores, permitindo diminuir o time to hire e colmatando, por sua vez, um outro problema real que é a atração de talento.

A ergonomia pode e deve ser utilizada em favor de espaços de trabalho mais felizes e produtivos, desempenhando um papel crucial neste contexto. Muitas vezes associamos a ergonomia à postura física, aos equipamentos e ao seu manuseamento.

No entanto, esta é apenas uma das três dimensões que podem ser trabalhadas nesta ciência. As outras dimensões são a cognitiva que aborda a gestão do lado emocional e mental e a organizacional onde se inclui, por exemplo, as políticas de RH, os valores, a cultura da empresa.  São precisamente essas as dimensões que não têm sido devidamente exploradas pelo nosso tecido empresarial na criação de culturas e espaços de trabalho.

Serão os empresários demasiado self-centric para não perceberem o que se passa?

Ao observarmos a evolução dos escritórios ao longo do século XX, desde a integração do telefone até a transição para a era digital, notamos uma resistência em repensar os espaços. E embora as metodologias de trabalho tenham evoluído, os espaços nem sempre acompanharam essa mudança, resultando em ambientes projetados predominantemente para um foco na eficácia e produtividade, e para uma divisão em silos do negócio e com pouca consideração para todas as dimensões da ergonomia.

O espaço de trabalho não deve ser apenas um local para desempenhar funções, mas também um ambiente propício à recuperação de energia quando necessário. Embora as empresas estejam a investir cada vez mais no bem-estar das suas pessoas, ainda há um longo caminho a percorrer. A publicação da NP4590 – Sistema de Gestão do Bem-Estar e Felicidade Organizacional pelos organismos públicos é um passo na direção certa. Devemos isso às próximas gerações, deixar-lhes uma cultura de trabalho mais equilibrada do que a que as nossas gerações encontraram.

Neste contexto, a ergonomia deve ser vista como um elemento-chave para a criação de ambientes que promovam a felicidade. O investimento em práticas ergonómicas não é apenas uma questão de conforto físico, mas uma estratégia vital para o sucesso empresarial, contribuindo para a satisfação, produtividade e retenção de talentos.

Num cenário onde o trabalho remoto se torna mais comum e os ambientes de trabalho estendem-se para além dos limites físicos do escritório, a dimensão organizacional e cognitiva ganham uma importância ainda mais preponderante. Assim, ergonomia não é apenas sobre móveis e equipamentos, mas sobre criar uma cultura que promova o bem-estar e a felicidade em todas as dimensões do trabalho e que, por sua inerência, resultará num aumento da produtividade.

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