Eslovénia adia reconhecimento da Palestina devido a proposta de referendo

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O Governo esloveno aprovou na semana passada uma iniciativa para avançar com tal reconhecimento, mas o poder legislativo tem de dar 'luz verde', e era essa a última etapa que faltava para o processo ficar concluído, depois de, na segunda-feira, a Comissão dos Assuntos Externos ter aprovado a proposta, um passo prévio para o debate que decorreria hoje no plenário.

No entanto, o Partido Democrático Esloveno (SDS), do ex-primeiro-ministro Janez Jansa, defendeu que "não é o momento certo" para reconhecer o Estado palestiniano e concordou com o Governo israelita de que qualquer passo nesse sentido representa uma "recompensa" para uma organização terrorista como o movimento islamita palestiniano Hamas, o artífice do pior ataque da história moderna de Israel.

Num comunicado, o SDS sustentou que os cidadãos eslovenos devem poder pronunciar-se sobre esta questão, razão pela qual propôs a realização de um referendo.

A presidente do parlamento, Urska Klakocar Zupancic, confirmou que a necessidade de analisar esta ideia obriga ao adiamento de qualquer votação parlamentar sobre a matéria, segundo a televisão pública.

A Eslovénia pretende seguir os passos de Espanha, da Irlanda e da Noruega, que a 28 de maio reconheceram a Palestina, numa ação simultânea que foi censurada por Israel, tendo o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocado os embaixadores dos três países europeus para consultas.

Por sua vez, o Conselho Nacional da Suíça (câmara baixa do parlamento da Confederação Helvética) votou hoje contra uma proposta apresentada por um deputado socialista para o reconhecimento do Estado da Palestina se e quando ocorrer a libertação dos reféns capturados pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) no seu ataque de 07 de outubro do ano passado ao sul de Israel.

A câmara baixa do parlamento suíço rejeitou a proposta, com 131 votos contra, mais do dobro dos 61 votos a favor expressos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Ignazio Cassis, sublinhou que a Suíça continua a apoiar a solução da coexistência de dois Estados (israelita e palestiniano), mas que agora, com a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, não é o momento adequado.

A proposta apresentada pelo deputado socialista Fabian Molina argumentava que o reconhecimento do Estado palestiniano ajudaria a promover a paz e a estabilidade na região, promovendo simultaneamente uma solução justa e duradoura para o conflito israelo-palestiniano, segundo o portal de notícias SwissInfo.

Em todo o caso, mesmo que o Conselho Nacional Suíço tivesse votado a favor da proposta, o reconhecimento do Estado Palestiniano é matéria da competência do Conselho Federal, o órgão executivo da Suíça, do qual dependem todas as medidas de política externa.

Espanha, Irlanda e Noruega ratificaram na semana passada o reconhecimento do Estado da Palestina, o que desencadeou críticas de Israel, que acusa estes países europeus de agirem a favor do Hamas.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Hamas fez também 251 reféns, 120 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 242.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 36.550 mortos, mais de 83.000 feridos e cerca de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após quase oito meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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