Espanha arranca no domingo no País Basco maratona de três eleições em dois meses

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No domingo, há eleições autonómicas no País Basco e na sexta-feira seguinte arranca a campanha das regionais da Catalunha, marcadas para 12 de maio.

Seguem-se, em 09 de junho, as eleições para o Parlamento Europeu (como vai acontecer em todos os estados-membros da União Europeia).

As eleições bascas e catalãs foram antecipadas pelos respetivos governos regionais, liderados pelo Partido Nacionalista Basco (PNV, de centro-direita) e pela Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista).

O atual governo de Sánchez foi viabilizado, em novembro passado, por uma `geringonça` de oito partidos, que incluem formações de esquerda e de direita, assim como nacionalistas e independentistas das Canárias, Catalunha, Galiza e País Basco.

A antecipação das eleições no País Basco e na Catalunha teve já um impacto direto na governação de Espanha: o executivo de Sánchez desistiu de avançar como uma proposta de Orçamento do Estado para este ano e vai gerir o país prolongando os tetos de despesa e receitas que constavam do documento do ano passado.

"Não era o momento adequado para uma negociação com os grupos independentistas catalães", disse em meados de março a ministra das Finanças e `número dois` do Partido Socialista (PSOE), Maria Jesús Montero, depois do anúncio da antecipação das autonómicas na Catalunha e quando já tinham sido marcadas também as do País Basco.

Da `geringonça` que viabilizou o governo de Sánchez fazem parte dois partidos bascos (PNV e EH Bildu) e dois partidos catalães (ERC e Juntos pela Catalunha) que são adversários diretos nas respetivas eleições autonómicas.

No caso do País Basco, o atual governo regional é uma coligação do PNV e dos socialistas (PSE-EE, a estrutura regional do PSOE).

As últimas sondagens dão o EH Bildu como partido mais votado, seguido pelo PNV. Os socialistas garantem que só fazem coligações com o PNV, por considerarem que o EH Bildu, que integra formações consideradas herdeiras dos braços políticos do grupo terrorista ETA, ainda não fez um `mea culpa` pleno nem a condenação desse passado.

O EH Bildu tem garantido que o cenário pós-eleitoral no País Basco afeta os entendimentos em Madrid, face aos alertas do PNV e da direita espanhola, sobretudo, do Partido Popular (PP).

"Não fazemos política convencional, não trocamos cromos, fazemos política com propósito. A vontade da nossa presença em Madrid é conhecida e é fechar a porta a um possível governo de extrema-direita", disse o candidato a presidente regional do EH Bildu, Pello Otxandiano, numa entrevista publicada na quinta-feira no jornal "Diario Vasco".

Apesar desta resposta, dirigentes do EH Bildu não têm deixado de sublinhar as contradições e hipocrisia dos socialistas, que em Madrid aceitam os votos do partido, mas recusam um acordo no País Basco. Os socialistas respondem que uma coisa são acordos parlamentares para avançar com leis e outra é um acordo de Governo.

Já na Catalunha, onde as sondagens, a um mês das eleições, dão como favorito o partido socialista (PSC) mas sem maioria absoluta, parece haver mais riscos para a estabilidade do governo espanhol.

A ameaça mais direta surgiu do líder do Juntos pela Catalunha (JxCat), Carles Puigdemont, o antigo presidente regional que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola depois de ter protagonizado uma declaração unilateral de independência.

Numa entrevista esta semana, Puigdemont ameaçou retirar o apoio ao governo de Sánchez se os socialistas aceitarem os votos do PP para inviabilizarem um executivo regional liderado por independentistas, como aconteceu no ano passado na câmara municipal de Barcelona.

"Ninguém entenderia que continuássemos a apoiar uma pessoa que não ganhou as eleições, Pedro Sánchez, e que é presidente [do Governo] graças aos nossos votos", afirmou.

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