EUA: Aversão a Trump leva republicanos a votar em candidatos desistentes

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Outra eleitora que não quer imaginar Donald Trump de regresso à Casa Branca é Michele, uma democrata de 65 anos, que não poupou críticas ao candidato favorito do eleitorado republicano.

A aversão ao ex-Presidente norte-americano Donald Trump levou vários eleitores republicanos de Richmond, capital da Virgínia, a votar em candidatos que já desistiram da corrida eleitoral primária como forma de protesto.

Na Biblioteca Pública de Richmond, o local de votação para a população residente no centro, Caroline, uma jovem de 23 anos, explicou à Lusa que votou no ex-governador de Nova Jérsia Chris Christie, um candidato que já abandonou a corrida primária republicana, mas que se tornou uma das vozes mais ‘anti-Trump’ dentro do Partido Republicano.

“A minha maior preocupação é a grande desigualdade que vemos neste país: uns com tudo, outros sem nada. Vemos um grande número de pessoas a viver nas ruas, enquanto uma pequena parcela controla todo o poder e todo o dinheiro”, observou Caroline, para quem Donald Trump representa tudo aquilo que rejeita e, como forma de protesto, decidiu votar em Christie, um grande opositor do ex-Presidente.

Da mesma forma, Patrick, um eleitor republicano de 34 anos, resolveu depositar o voto no governador da Florida, Ron DeSantis, também já fora da corrida primária republicana.

“Ron DeSantis era o melhor candidato e, apesar de eu saber que será Donald Trump a vencer, sinto que tenho de apoiar aquele que considero a melhor opção, a melhor pessoa, aquele que acredito que seria o melhor Presidente… e essa pessoa não é Donald Trump”, argumentou Patrick.

Outra tendência foi a de eleitores democratas que optaram, de forma estratégica, por votar na eleição republicana.

Ao contrário de muitos estados norte-americanos, uma das particularidades da Virgínia é que nesta “Super Terça-Feira” realizou primárias abertas, ou seja, eleitores democratas puderam votar em candidatos republicanos e vice-versa.

De acordo com analistas ouvidos pela Lusa, essa seria uma estratégia usada especialmente por eleitores democratas, que, dando como certa uma vitória do atual Presidente, Joe Biden, nas primárias do Partido Democrata, optaram assim por votar num candidato republicano que pudesse fazer frente a Donald Trump.

Jeff, um democrata de 62 anos, foi um dos eleitores a admitir ter recorrido a essa estratégia devido à forte rejeição que sente pelo magnata.

“Hoje votei na Nikki Hailey para tentar manter Trump bem longe da Casa Branca. Na realidade, penso que ela não tem chances de vencer, mas mesmo assim quis fazer a minha parte e tentar manter Trump fora da Presidência”, sublinhou.

“Apesar de saber que muita gente não está entusiasmada com esta eleição e com os candidatos disponíveis no boletim de voto, eu estou bastante entusiasmado. De facto, acho que Joe Biden colocou este país no caminho certo e gostaria que lhe déssemos mais quatro anos. Acredito que coisas boas iriam acontecer. Mas, se Trump vencer novamente, acho que o país voltará a ser a América da década de 1950, com homens ricos e brancos a dominarem todos os setores”, disse à Lusa.

Outra eleitora que não quer imaginar Donald Trump de regresso à Casa Branca é Michele, uma democrata de 65 anos, que não poupou críticas ao candidato favorito do eleitorado republicano.

“Donald Trump é um criminoso, ele já fez tanto mal ao nosso país, ele mentiu-nos sobre os seus negócios, provocou o ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021, tentou reverter resultados eleitorais. E, mesmo assim, há imensas pessoas que estão completamente cegas e que continuam a apoiar este homem”, lamentou.

“Trump só quer saber dele próprio e dos ricos. Como é que alguém consegue votar num homem que só promove o ódio, a raiva e maus hábitos? Ele não é honesto com o povo americano, não está a lutar por este país. Ele só luta pelos seus próprios interesses, ao contrário de Joe Biden, que efetivamente se preocupa com o bem coletivo”, argumentou Michele.

Contudo, Donald Trump venceu as primárias republicanas do decisivo estado da Virgínia, considerado um ‘swing state’ (‘estado pendular’) por tradicionalmente oscilar entre democratas e republicanos.

Do lado democrata, Joe Biden venceu sem dificuldades as primárias do partido na Virgínia.

Na terça-feira, 15 estados norte-americanos e um território foram a votos – Alabama, Alasca, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont, Virgínia e Samoa Americana.

O resultado desta “Super Terça-Feira” pode ser decisivo para a escolha dos candidatos presidenciais, sendo cada vez mais certo uma repetição do duelo entre Trump e Biden, num momento em que o atual chefe de Estado não tem adversários significativos e se espera que volte a vencer com facilidade os candidatos democratas Dean Phillips e Marianne Williamson.

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