EUA interrompem fluxo de bombas para Israel face a "preocupações" com Rafah

1 semana atrás 24

Atef Safadi - EPA

Os Estados Unidos suspenderam a entrega de um carregamento de bombas na semana passada, depois de Israel não ter respondido às "preocupações" de Washington sobre a planeada ofensiva em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, revela um alto responsável da Administração Biden citado pelas agências internacionais.

Suspendemos a entrega de um carregamento de armas na semana passada. Consiste em 1.800 bombas de 907 quilos e 1.700 bombas de 226 quilos", afirmou o dirigente da Administração norte-americana, sob condição de não ser identificado.

“Ainda não tomámos uma decisão final sobre como proceder com este carregamento”, acrescentou.

Esta resolução foi tomada numa altura em que Washington se opõe a uma grande ofensiva planeada pelas tropas israelitas em Rafah.
Em declarações à Reuters sob a condição anonimato, um dirigente israelita não confirmou qualquer atraso específico no fornecimento de armas, mas pareceu levar os relatórios com tranquilidade: “Como o primeiro-ministro já disse, se tivermos que lutar com as nossas unhas, então faremos o que tivermos que fazer.”
Washington deixou claro que não apoia uma ofensiva sem um plano credível para proteger os civis que se refugiaram em Rafah.
Joe Biden “reiterou a sua posição clara” ao primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu na passada segunda-feira.

Os responsáveis israelitas e norte-americanos discutiram alternativas, mas “essas discussões estão em curso e não abordaram totalmente as nossas preocupações”, realçou o dirigente.

Como a liderança israelita parecia estar a aproximar-se de uma decisão sobre essa operação, começámos a analisar atentamente as propostas de transferência de armas específicas para Israel que poderiam ser utilizadas em Rafah. Isto começou em abril", explicou.

Segundo o dirigente da administração de Joe Biden, Washington estava “particularmente concentrado” na utilização das bombas mais pesadas de 907 quilos “e no impacto que poderiam ter em ambientes urbanos densos, como assistimos noutras partes da Faixa de Gaza”.

O Departamento de Estado norte-americano está também a examinar outras transferências de armas, incluindo a utilização de bombas de precisão conhecidas como JDAMs (bombas guiadas à distância), acrescentou.


Segundo a Reuters, os carregamentos, que estão atrasados há pelo menos duas semanas, envolviam munições conjuntas de ataque direto fabricadas pela Boeing, que convertem bombas normais em bombas guiadas com precisão, bem como bombas de pequeno diâmetro.

Na terça-feira, o exército israelita colocou tanques em Rafah (sul), tomou o controlo da passagem fronteiriça com o Egipto e fechou os dois principais pontos de acesso da ajuda humanitária (Rafah e Kerem Shalom), uma medida considerada “inaceitável” pelos Estados Unidos.

Os republicanos já criticaram a decisão. O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Mike Johnson, denunciou na terça-feira qualquer medida destinada a limitar a ajuda militar a Israel.Sem responder se houve um atraso no envio de armas, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierrere, afirmou que o compromisso de Washington com a segurança de Israel é “inabalável”.

O Pentágono tinha afirmado na segunda-feira que não tinha havido uma decisão política de não fornecer armas a Israel, o aliado mais próximo da América no Médio Oriente.

Ainda assim, os atrasos parecem ser os primeiros desde que o Governo de Biden ofereceu seu total apoio a Israel após o ataque de 7 de outubro do Hamas, que matou cerca de 1.200 pessoas com cerca de 250 outras sequestradas, das quais 133 são consideradas incapazes de permanecer em Gaza, de acordo com os cálculos israelitas.

A campanha de Israel para destruir o Hamas levou a uma campanha militar de sete meses que matou mais de 34.700 palestinianos, a maioria dos quais civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O conflito também deixou muitos dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza à beira da fome e provocou protestos nos EUA, exigindo que Biden retirassem o apoio a Israel - incluindo o fornecimento de armas.

c/ agências internacionais

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