Na altura, Xi Jinping garantiu ao presidente norte-americano que não haveria interferência de Pequim nas eleições de 5 de novembro depois de Biden ter indicado que qualquer tentativa neste sentido seria inadmissível.
“O presidente Biden foi muito claro com o presidente Xi e eu repeti isso hoje, nas reuniões em que participei. (…) Qualquer interferência da China na nossa eleição, algo que estamos a seguir atentamente, é totalmente inaceitável para nós”, vincou o secretário de Estado norte-americano.
Questionado diretamente sobre os relatos de interferência através de contas chinesas que imitam apoiantes de Donald Trump, o responsável norte-americano não confirma essas informações, mas reconhece que há “provas” de tentativa de interferência.
“Temos visto, de um modo geral, provas de tentativas de influenciar e possivelmente interferir, e queremos ter a certeza que isto será interrompido o mais rapidamente possível”, afirmou Anthony Blinken.
Esta foi a segunda viagem do secretário de Estado dos EUA à China em menos de um ano. As duas superpotências mantêm abertas as linhas bilaterais de contacto, ainda que se registem poucos progressos em questões controversas.
Numa reunião com o homólogo norte-americano esta sexta-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, advertiu Washington para que não “pise as linhas vermelhas” de Pequim.
O responsável chinês não especificou a que linhas vermelhas se referia, mas há nesta altura várias questões que opõem os dois países, desde a tensão sobre Taiwan e no Mar do Sul da China, a guerra na Ucrânia, ou ainda as relações económicas e exportações de tecnologia avançada.
Em conferência de imprensa, o secretário de Estado norte-americano chamou à atenção para o apoio da China ao esforço de guerra russo na Ucrânia, com o fornecimento de bens de "dupla utilização".
"A China é o principal fornecedor de máquinas-ferramentas, microeletrônica, nitrocelulose, que é fundamental para o fabrico de munições e propulsores de mísseis, e outros itens de dupla utilização que Moscovo está a usar para aumentar sua base industrial de defesa", explicou, sem indicar se os Estados Unidos planeiam a imposição de novas sanções contra Pequim.
Por sua vez, a China garante que não está a fornecer armamento a nenhuma das partes envolvidas no conflito e não é "parte envolvida", mas apenas não interrompe ou restringe o comércio regular com a Rússia.
A nível económico, o presidente chinês também acusou os Estados Unidos de adotarem medidas "infinitas" para reprimir a economia, comércio, ciência e tecnologia da China.
"Esta é uma questão fundamental que deve ser abordada, tal como o primeiro botão de uma camisa que deve ser colocado corretamente, para que a relação entre a China e os EUA se estabilize verdadeiramente, melhore e avance", disse Xi Jinping.
No entanto, a visita de Blinken terminou num momento mais informal e inusitado, com o secretário de Estado norte-americano a visitar uma loja de música de Pequim, onde comprou um álbum de uma estrela da música rock chinesa, Dou Wei, e o álbum "Midnights", da artista norte-americana Taylor Swift.
A música "é a melhor ligação [entre os povos], independentemente da geografia", frisou o chefe da diplomacia norte-americana, um assumido amante de música.
Segundo a agência Reuters, Antony Blinken revelou também que o presidente Xi Jinping pretende reforçar o intercâmbio entre os dois países, nomeadamente com o aumento de estudantes norte-americanos na China.
O secretário de Estado norte-americano frisou que há mais de 290 mil estudantes chineses nos Estados Unidos mas apenas 900 estudantes norte-americanos a estudar na China.