Europeias. Qualidade dos candidatos deixa eleitores "sem desculpa para não votar"

3 meses atrás 105

A duas semanas das eleições europeias, o presidente da Associação Comercial do Porto considera que os eleitores portugueses têm à sua escolha “candidatos com boa preparação”, não obstante terem “ideias muito diferentes”.

Para Nuno Botelho, o modelo de debates, com grupos de quatro candidatos “tem funcionado muito bem”, o que deixa os portugueses “sem desculpa para não votar, de forma esclarecida sobre o programa de cada um dos partidos”.

Na avaliação a cada um dos candidatos, o empresário e jurista realça o desempenho de João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, “que tem sido o único a chamar a atenção que o modelo económico da Europa está gasto, tema ao qual os outros candidatos têm fugido”.

Botelho considera, também, que Sebastião Bugalho, da AD, parece estar “muito preparado” e “os debates que ele fez anteriormente esta candidatura, assim como o trabalho que desenvolveu como comentador contam muito para a sua preparação técnica”.

De menos para mais, o presidente da Associação Comercial do Porto vê em Marta Temido, cabeça de lista do PS e antiga ministra da Saúde, uma candidata “mais preparada e mais assertiva” do que no início da série de debates televisivos.

João Oliveira, do PCP, tem sido, para Nuno Botelho a demonstração das ideias de um partido que, segundo diz, estão “cada vez mais gastas e cada vez menos interessantes para o eleitorado”.

Do lado do Chega, Nuno Botelho vê em António Tânger-Correia um cabeça de lista “desgastado e com ideias confusas”.

“Só a revisão da política agrícola comum em benefício dos agricultores portugueses pareceu-me um tópico interessante”, acrescenta.

Considerando como igualmente positivo o diálogo entre candidatos sobre pacto europeu para as migrações e as questões em torno da segurança e da defesa comuns, Botelho insiste que “estamos confrontados com guerra na Europa, que pode ter consequências mais complicadas em função do que as eleições americanas vierem a determinar no final deste ano”.

Por isso, conclui que “é muito importante que os diferentes candidatos digam ao que vêm para nós percebermos com o que podemos contar” quanto ao futuro da Europa, perante a ameaça da Rússia, no quadro da guerra na Ucrânia.

Palestina e o bom senso português

Outro conflito às portas da Europa reacendeu, esta semana, a discussão em torno do reconhecimento do estado da Palestina.

Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram a intenção de, no próximo dia 28, tornar efetivo o reconhecimento da existência de um estado palestiniano, por parte dos respetivos.

Questionado sobre o compasso de espera por parte de Portugal nesta matéria – com o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel a defender um consenso mais alargado na União Europeia – Nuno Botelho elogia o que diz ser o “bom senso” da diplomacia nacional, porque “reconhecer neste momento a Palestina, numa altura em que a paz não está consolidada e numa altura em que o Hamas controla a Palestina, é dar a vitória ao Hamas, que é, objetivamente um grupo terrorista”.

O presidente da Associação Comercial do Porto aconselha “calma” para que a paz seja alcançada, “não colocando nunca em causa a justiça da existência dos dois estados, Palestina e Israel”.

Norte da semana

Aguiar-Branco e liberdade de expressão. “A recusa de Aguiar-Branco de censurar André Ventura por um comentário que é evidente que foi de mau gosto e muito mal-educado – embora longe de ser o comentário mais ofensivo que já se ouviu no Parlamento – merece o elogio de quem acredita na democracia e na pluralidade de opiniões. Esses elogios chegam de setores da esquerda e de pessoas como Jorge Lacão, Sérgio Sousa Pinto, Álvaro Beleza. Aguiar-Branco esteve bem pela diferença que marca em relação aos anteriores presidentes da Assembleia da República, dizendo uma coisa que é síntese da democracia: é aos eleitores que compete avaliar a qualidade do discurso político. Não vamos ser nós que vamos silenciar ideias das quais não gostamos”.

Desnorte da semana

Fenprof fora do descongelamento dos professores. “Mário Nogueira fez uma vitimização, dizendo que houve uma facada no coração dos professores. Mas ele nunca assinou nenhum acordo com nenhum Governo e limita-se a continuar a fazer protesto pelo protesto, sem qualquer benefício visível para a causa da escola pública. Acho lamentável que, 50 anos depois do 25 de Abril, ainda haja este tipo de posições do movimento sindical perfeitamente retrógradas, sectárias e que nada querem fazer para encontrar alguma solução”.

Ler artigo completo