Exclusão escolar custa à economia global dez biliões de dólares por ano, alerta UNESCO

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Estimativa do custo para a economia mundial do abandono escolar e dos problemas no acesso à educação é de 10 mil milhões de dólares por ano até 2030, o que equivale a mais do que os PIB anuais de França e do Japão juntos, de acordo com o relatório “The price of inaction: the global private, fiscal and social costs of children and youth not learning.

O custo global anual do abandono escolar e dos problemas no acesso à educação é estimado em dez biliões de dólares – sem excluir os custos sociais deste problema -, de acordo com o relatório da UNESCOThe price of inaction: the global private, fiscal and social costs of children and youth not learning“. Esta estimativa ultrapassa o produto interno bruto (PIB) anual combinado de França e do Japão, sublinha o documento.

Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, sublinha que o relatório “põe em evidência um círculo particularmente vicioso”, alertando para o “custo económico do subinvestimento numa educação de qualidade”.

Atualmente, 128 milhões de rapazes e 122 milhões de raparigas não frequentam a escola. Ainda segundo a agência especializada das Nações Unidas, 57% das crianças do mundo não adquiriram competências básicas de alfabetização.

Por região, os défices de competências abrangem 94% das crianças na África Subsariana, 88% no Sul e Oeste da Ásia, 74% nos Estados Árabes e 64% na América Latina e nas Caraíbas. “Mesmo nos países com rendimentos elevados, um quarto das crianças tem menos do que as competências básicas. As raparigas têm mais dificuldade em aceder à educação e têm mais probabilidades do que os rapazes de não frequentar a escola no ensino primário. Entretanto, os rapazes correm maior risco de repetir os anos de escolaridade, de não progredir e concluir a sua educação e de não aprender enquanto estão na escola”, é destacado no relatório da UNESCO.

Sobre os custos suportados pela população, “em 2030, a nível mundial, os custos privados anuais das atuais percentagens de abandono escolar precoce e de crianças com competências inferiores às básicas serão de 6,3 biliões de dólares e 9,2 biliões de dólares, ou seja, 11% e 17% do PIB mundial, respetivamente”. Apontando para um horizonte de vinte anos, estes valores serão 20 vezes mais elevados, estima a UNESCO.

Quanto às despesas estatais, “até 2030, a nível mundial, os custos fiscais anuais do abandono escolar precoce e das crianças com menos competências básicas ascenderão a 1,1 triliões de dólares e 3,3 triliões de dólares, respetivamente”. Quanto aos custos sociais anuais – custos privados e fiscais, menos os custos do aumento dos impostos – do abandono escolar precoce, a instituição aponta para seis biliões de dólares.

“No subconjunto de países para os quais existem dados disponíveis, a perda de PIB, devido a baixos níveis de competências socioemocionais, até 2030, ascenderá a 7,4 biliões de dólares (19% do PIB anual)”, acrescenta o documento.

“As pessoas com menos habilitações têm menos competências; os trabalhadores com menos habilitações auferem rendimentos mais baixos; as pessoas com menos rendimentos pagam menos impostos – o que significa que os governos têm menos recursos para investir em sistemas de ensino acessíveis a todos”, analisa a antiga ministra da Cultura de França.

“10.000 mil milhões de dólares por ano – o custo global do abandono escolar e da falta de educação é impressionante. Para além destas considerações financeiras, há um impacto social considerável. A mensagem deste relatório da UNESCO é clara: a educação é um investimento estratégico – um dos melhores investimentos para os indivíduos, as economias e a sociedade no seu conjunto. Apelo aos nossos Estados-Membros para que assegurem que este direito universal se torne uma realidade para todos os seres humanos o mais rapidamente possível”, refere Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, citada no relatório.

“Inversamente, o relatório conclui que a redução em 10% do número de crianças que abandonam precocemente a escola e de crianças com competências inferiores às básicas aumenta o crescimento anual do PIB em um a dois pontos percentuais. As considerações financeiras são apenas uma parte da história. O incumprimento dos compromissos em matéria de educação também tem um custo social – por exemplo, no que se refere à promoção da igualdade de género. As raparigas sem competências básicas têm mais probabilidades de ter gravidezes precoces: cada ano de escolaridade secundária pode reduzir o risco de as raparigas casarem e terem um filho antes dos 18 anos. A mensagem é clara: não só a educação para todos é uma poderosa alavanca para o desenvolvimento económico, como é também um investimento estratégico – um dos melhores investimentos que existem para os indivíduos, as economias e a sociedade em geral”, defendeu Azoulay.

O documento baseia-se em cálculos dos custos, a nível mundial e por região, das crianças e jovens que não frequentam a escola ou não adquirem competências básicas, bem como de números referentes a vinte países selecionados nos quais existem disparidades de género na educação.

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