Exército israelita abre inquérito sobre queima de livros em Gaza

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"Foi aberta uma investigação pela divisão criminal da polícia militar", declarou o Exército israelita à agência de notícias francesa AFP, em resposta a uma pergunta sobre o assunto.

"O comportamento visível no vídeo não está de acordo com os valores" do Exército israelita, que afirmou "respeitar todas as religiões" e "condenar categoricamente tal tipo de comportamento".

No vídeo viral, cuja autenticidade não foi ainda possível verificar, vê-se um soldado envergando uma farda semelhante à utilizada pelo Exército israelita a atirar um livro que parece ser um exemplar do Corão para uma fogueira.

Na fotografia que circulou amplamente na Internet, vê-se o que parece ser um soldado israelita a posar em frente a livros em chamas em Gaza.

Tanto o vídeo como a foto foram exibidos por estações televisivas israelitas.

Un soldat débile publie sur son compte Instagram une vidéo où il brûle le Coran dans la bande de Gaza.@TFilastin @Bassemvaudais #stopgenocide #gaza #Israel_is_terrorist_state pic.twitter.com/tzWfHwJpf9

— NusaybaAlQalam🇵🇸 (@AlNusayba) May 24, 2024

Um jornalista do 'site' Bellingcat, de investigação e verificação de factos, determinou que as estantes carregadas de livros que surgem em fundo na fotografia correspondem às da biblioteca da Universidade Al-Aqsa, em Gaza.

Desde o início da guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, em outubro do ano passado, soldados israelitas têm sido acusados de divulgar nas suas contas pessoais das redes sociais conteúdos humilhantes para os civis palestinianos.

Em fevereiro, o Exército anunciou a abertura de um inquérito criminal sobre vários incidentes de alegada má conduta de soldados durante a guerra.

Esses incidentes "originaram suspeitas de maus tratos a detidos, mortes de detidos, pilhagens e uso ilegal da força", afirmou na altura a conselheira geral do Exército, Yifat Tomer-Yerushalmi.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando mais de 1.170 pessoas, na maioria civis.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- fez também 252 reféns, 124 dos quais permanecem em cativeiro e 37 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 231.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 35.800 mortos e 80.200 feridos e cerca de 10.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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