Falta "o tempo político" no Brasil para resolver problemas da Amazónia, critica ativista

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"Muitos bens desejados" e "muitos interesses" existem em torno da Amazónia, defendeu a ativista e promotora da iniciativa, e, embora o Brasil tenha um novo Governo federal, liderado por Lula da Silva, com o qual muita coisa já mudou para melhor no país, os governos dos estados abrangidos pela grande floresta "mantêm-se na mesma cartilha" do anterior executivo do país, liderado pelo ex-Presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, lembrou.

Ora, a Amazónia precisa de "muita vontade política, mas não só do Governo federal", sublinhou, e "é difícil trabalhar com políticas públicas de cima para baixo quando a estrutura estadual se mantém a mesma do Governo anterior", acrescentou.

Por isso, Lau Zanchi considera que "falta o tempo político" para a Amazónia. A "vontade política há" da parte do Governo federal brasileiro, mas "há toda uma máquina política que precisa ser trabalhada, e isso leva o seu tempo", resumiu.

No Brasil, a floresta Amazónica ocupa praticamente toda a região norte, especialmente nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Acre, Roraima e Rondônia, além do norte do Mato Grosso e oeste do Maranhão.

No entender da ativista e organizadora do evento "Mês das Amazónias" em Lisboa, "o problema da Amazónia é histórico, desde a sua formação, então tem de ser trabalhado e pensado com muito rigor".

Pelo que, o primeiro ponto, é distinguir "preservação de conservação". Esse ponto "é um dificultador, mas, ao mesmo tempo, um facilitador para se compreender e se posicionar no que podemos esperar e fazer em relação à Amazónia", defendeu, salientando que há áreas que "não podem ser realmente tocadas, por serem um bioma importante", e como tal, devem ser preservadas.

Mas, outras há que são para "conservar, que é deixar tudo o que está e trabalhar, respeitando esse processo geoambiental e os seus habitantes", porque as populações da Amazónia "precisam de ter o seu meio de vida, e isso vira-se para o que o ambiente fornece ali".

Neste contexto, "a economia criativa é (...) uma grande aposta" e "o turismo um chapéu de vários outros setores", destacou.

Por isso, a economia criativa vai estar em destaque neste "Mês das Amazónias" em Lisboa, ficando patente no Palácio Galveias uma mostra de moda sustentável, um trabalho de um estilista indígena, que desenvolveu uma técnica de tingimento através das folhas da mandioca, explicou a investigadora.

Naquele espaço, também será dada a conhecer ao público uma produção de borracha sustentável para artesanato e produtos de decoração.

Tudo para mostrar o que se pode fazer com a Amazónia e o que não deve ser feito com a floresta que tem impacto na vida de todos nós.

Por isso, Lau Zanchi apelou aos europeus para que "investiguem a origem dos produtos" antes de os comprarem e pressionem a União Europeia para "não receber produtos que têm a pegada do desmatamento" na Amazónia.

A abertura, na última quinta-feira, da exposição fotográfica intitulada "A selva que nos habita" marcou o arranque do "Mês das Amazónias" em Lisboa, que será feito de palestras, debates, mostras de moda e artesanato sustentável, cinema (documentário e filme) e só será interrompido pelos dias da Páscoa, referiu Lau Zanchi.

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