Malam Bacai Sanha Jr, de 52 anos, filho do ex-Presidente da Guiné-Bissau Malam Bacai Sanha - que presidiu o país desde 2009 até à data da sua morte, em 2012 - liderava uma organização transnacional de tráfico de drogas e, em setembro do ano passado, declarou-se culpado de "conspiração para distribuição de substância controlada para fins de importação ilegal", de acordo com a justiça norte-americana.
"Na audiência, o tribunal ouviu que Sanha era filho do ex-presidente da Guiné-Bissau e pretendia usar o produto da droga para financiar a sua futura campanha à Presidência em 2025 e um golpe de Estado naquele país", indicou em comunicado a Administração de Repressão às Drogas (DEA), a agência federal norte-americana responsável pelo combate ao tráfico e distribuição ilícita de drogas.
O juiz distrital dos EUA, Keith Ellison, ordenou que Sanha Jr cumprisse uma pena de 80 meses de prisão.
Conhecido como "Bacaizinho" na Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha Jr --- que chegou a servir no Governo do pai como conselheiro para a área económica --- já havia sido extraditado para os EUA em agosto de 2022, depois de ter sido detido na Tanzânia, e estava numa prisão no estado do Texas.
Ao proferir a sentença, o tribunal norte-americano observou que Sanha Jr estava diretamente envolvido na importação de heroína da Europa para os Estados Unidos. O tribunal também concluiu que suas atividades de tráfico de drogas eram extensas.
"Malam Bacai Sanha Jr não era um traficante de drogas internacional comum. Ele é filho do ex-presidente da Guiné-Bissau e traficava drogas por uma razão muito específica -- para financiar um golpe que acabaria por levá-lo à Presidência do seu país natal, onde planeava estabelecer um regime de drogas", disse o agente especial Douglas Williams, do escritório do FBI em Houston, no Texas.
"Felizmente, os agentes do FBI de Houston e os nossos parceiros da DEA frustraram as suas tentativas, com a cooperação dos nossos parceiros internacionais. O crime tem alcance e impacto global, e o FBI também", acrescentou.
Além de liderar uma organização criminosa transnacional, Sanha Jr trabalhava com "co-conspiradores internacionais" para importar heroína de vários países para Portugal, assegurou a justiça norte-americana.
Com a ajuda de co-conspiradores, "Sanha forneceu 4,7 quilogramas de heroína a um agente da lei disfarçado em Lisboa em fevereiro e março de 2022" e "concordou ainda em entregar a heroína em pelo menos três ocasiões, acreditando que ela seria importada ilegalmente para os Estados Unidos", diz o comunicado da DEA.
"O alcance expansivo das redes criminosas transnacionais, como a que Sanha dirigia, representa uma séria ameaça à segurança e à saúde de todas as comunidades", disse o procurador dos Estados Unidos para o Distrito Sul do Texas, Alamdar Hamdani.
A investigação em causa foi fruto de uma cooperação entre agências e organizações de vários países, incluindo a Polícia Judiciária portuguesa.
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