“Os números do crescimento do 4.º trimestre foram uma surpresa positiva, mas que já se vinha adivinhando através de outros indicadores de atividade. Olhando para 2023 como um todo, acabou por ser bem melhor do que se previa um ano antes. Portugal desacelerou, é certo, mas muito menos do que a Zona Euro como um todo”, analisou o especialista, em declarações ao Jornal Económico.
O economista Filipe Garcia, da IMF – Informação de Mercados Financeiros, destaca o peso do turismo nos números positivos da atividade económica portuguesa no ano passado, perante um contexto externo que se “deteriorou”.
“Os números do crescimento do 4.º trimestre foram uma surpresa positiva, mas que já se vinha adivinhando através de outros indicadores de atividade. Olhando para 2023 como um todo, acabou por ser bem melhor do que se previa um ano antes. Portugal desacelerou, é certo, mas muito menos do que a Zona Euro como um todo”, analisou o especialista, em declarações ao Jornal Económico.
No conjunto do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 2,3%, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais divulgadas esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números estão ligeiramente acima da estimativa do Governo, cuja previsão era de 2,2%, tal como apontado pela Comissão Europeia e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). No caso da área da moeda única, segundo o Eurostat, o PIB da zona euro manteve-se inalterado no quarto trimestre, numa análise em cadeia. Em termos homólogos, o crescimento foi de 0,1% na zona euro e de 0,2% na UE.
O economista nota que, apesar de uma “deterioração do contexto externo”, “Portugal beneficiou de mais um ano positivo no turismo e também já se sentem no PIB os efeitos positivos do crescimento demográfico, do mercado laboral forte e da descida da inflação”, acrescentando que “a evolução (negativa) dos preços dos bens energéticos foi também muito relevante para melhorar o saldo externo”.
Ainda segundo o especialista, “o crescimento do PIB no 4,º trimestre contribuirá para que o Ministério das Finanças atinja o objetivo simbólico de baixar o rácio da dívida/pib para valores abaixo de 100% no final de 2023”.
Para o ano que há um mês começou, Filipe Garcia admite que “Portugal continuará a deparar-se com uma desaceleração dos seus principais parceiros comerciais”, apontando ao turismo, novamente, o poder de alavancar a economia.
“Continuamos com a expectativa de mais um bom ano no turismo e a procura interna deverá beneficiar de subidas de salários reais em muitos agregados familiares e, mais à frente, da descida da taxa de juro que aumentará o rendimento disponível”, acrescentou.
“A incógnita está na execução do PRR, na evolução do emprego e se a política irá perturbar ou não o desempenho da economia”, finalizu o economista.