A mais recente 'novela' no Sporting teve o seu último capítulo esta sexta-feira, logo após a goleada frente ao Estrela da Amadora (5-1), levando Rúben Amorim a justificar os contornos da sua decisão em aceitar a oferta milionária do Manchester United. As palavras, essas, foram sublinhadas pelo presidente Frederico Varandas.
"No início da época tive uma conversa com o presidente e com o Hugo Viana, muito antes do Viana sair, e disse que acontecesse o que acontecesse seria a minha última época no Sporting. O United apareceu, bateu a cláusula, bateu acima da cláusula e o presidente defendeu os seus interesses. Nunca me meti, nunca discuti nada com o presidente e depois a negociação chegou até mim", começou por revelar Rúben Amorim, em conferência de imprensa, onde se falou mais da decisão (como esperado) do que propriamente do jogo marcado pelo 'póquer' de Viktor Gyokeres.
"O único pedido que fiz foi que fosse no final da época, estive três dias a pedir e foi-me dito que não era possível, que era agora ou nunca, ou que se ia buscar outra pessoa. Tive três dias para tomar uma decisão que muda radicalmente a minha vida. Já tive outras ocasiões para sair, não é a primeira nem segunda vez que tenho a minha cláusula paga por um clube. Chegou o quinto ano e tive de fazer uma escolha. Não queria outro clube, a seguir ao Sporting queria aquele clube. Queria aquele contexto porque o clube acredita em mim daquela maneira, como aconteceu com o Sporting. Chega a um ponto em que tive de dar um passo em frente na carreira e custa-me a mim mais do que a qualquer adepto", revelou o ainda treinador do clube de Alvalade, garantindo também que não pensa em contratar Viktor Gyokeres ou outro jogador do Sporting no mercado de inverno.
"Não existiu confusão nenhuma. Há um contrato, há clausulas e há situações desportivas para salvaguardar os interesses de cada um. Sem me fazer de coitadinho, a única pessoa que está na zona morta sou eu. Eu nunca pude dizer nada mais cedo, senão diria. Apareceu um clube que sabia que se rejeitasse, daqui a sete meses não o iria ter. Poderia sentir um arrependimento que acho que seria difícil de lidar. Decidi e agora tenho de levar com o que tenho de levar. Vou mais descansado para casa porque já expliquei. Há muita gente a dizer que é pelo dinheiro, mas eu ganhava três vezes com o último clube que quis pagar a minha cláusula. Dei tudo o que tinha pelo clube, custa-me muito sair daqui, estou muito confortável e sou muito feliz. Adoro o clube. A minha escolha foi sair porque me foi dito que era agora ou nunca", rematou Amorim.
"Sair por dinheiro? Ganhava 3 vezes mais com o último clube que me quis"
Rúben Amorim respondeu a quem o acusa de ter aceitado transferir-se para o Manchester United pelos valores em causa.
Notícias ao Minuto | 23:55 - 01/11/2024
Frederico Varandas assistiu bem de perto à conferência de imprensa do técnico de 39 anos - naquele que foi o antepenúltimo jogo no comando técnico dos leões, antes de defrontar Manchester City e Sporting de Braga - e não tardou em sublinhar praticamente todo o discurso de Rúben Amorim.
"Confirmo que no final da época passada e no início desta época que era altura de terminar o ciclo de cinco anos, que considerou que estava desgastado, e nós começámos a preparar o futuro. Obviamente que a chegada do United não era o que queríamos e a decisão do treinador foi outra, foi de achar que era o momento de ir e nós respeitámos e respeitamos, apenas antecipámos o que estava preparado. O treinador será sempre a peça chave do projeto desportivo. Rúben Amorim era a nossa peça-chave, e entendemos que vamos escolher um treinador que será a peça-chave do projeto desportivo. O futuro treinador do Sporting será anunciado a 11 de novembro", começou por dizer.
"Nós, Sporting, entendemos muito bem todas as reações quando se fala de paixão. O nosso treinador criou, por mérito dele, uma reação forte com os nossos adeptos. Quando há separação há dor, há desgaste, há desânimo. Faz parte. Tentamos sempre ter a visão mais racional e quando olho para o Amorim vejo o segundo treinador com mais jogos da história do Sporting, vejo um treinador brilhante. O Sporting é grande e nobre de valores, sejamos grandes e, nesta casa, trataremos sempre bem quem nos fez bem", acrescentou o líder máximo do Sporting, que não confirmou João Pereira como próximo treinador.
"Ao Rúben Amorim nós reconhecemos muita dedicação, profissionalismo, batalhas, e com todo o respeito pela carreira enquanto jogador tenho a certeza que ele, daqui a muitas décadas, será lembrado como treinador. Foi o Sporting que arriscou e investiu num jovem treinador que tinha apenas oito jogos na I Liga. O que vai ficar para a história é que o Rúben Amorim tem e terá sempre um selo de Sporting na sua vida e vice-versa. É um dos melhores treinadores da nossa história. Enquanto presidente do Sporting, desejo-lhe as maiores felicidades a partir de 11 de novembro e é óbvio que a cor das camisolas não vai ajudar", rematou Frederico Varandas.
Os leões, recorde-se, confirmaram a saída de Rúben Amorim, por 11 milhões de euros, aos quais acrescem 1.658.000 euros "relativos à extinção de direitos de crédito, registados como passivos e passivos contingentes, em consequência da revogação e renegociação de contratos referentes a comissões de intermediação", conforme surge descrito no comunicado da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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