FNAM acusa Governo de limpar dados de portugueses com médicos de família

9 meses atrás 79

Segundo a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), o Governo quer realizar uma "limpeza artificial" que resultará numa "redução absolutamente artificial da dimensão das listas de utentes".

"Os médicos de família foram contactados pelos Agrupamentos dos Centros de Saúde para que, até dia 19 de janeiro, atualizassem os dados pessoais dos utentes, passando para os centros de saúde essa responsabilidade, e para os utentes as eventuais consequências", pode ler-se no comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso. 

Ainda segundo a FNAM, "como essa atualização não é possível ser feita no prazo dado para o efeito, e como sabemos que entre 15% a 20% dos utentes não têm os dados completos, podemos esperar uma redução absolutamente artificial da dimensão das listas de utentes".

Para a federação, estes dados deviam ser revistos a nível central. "Dados como o Número de Identificação Fiscal ou o número da Segurança Social, por exemplo, mas também o cartão de cidadão para recém-nascidos, são alguns dos exemplos que podemos dar para ilustrar o absurdo", escrevem, acrescentando que "além de passar a responsabilidade desta atualização administrativa para as unidades de saúde", as listas de utentes vão manter-se desproporcionalmente elevadas para o número de médicos de família existentes.

Prossegue a FNAM, sublinhando em como muitos médicos vão ficar acima do limite máximo de 1900 utentes por médico, "uma vez que os utentes que vão ser apagados, vão na verdade continuar no sistema, somando-se aos novos utentes que forem chamados em sua 'substituição'".

"Numa sobrecarga de trabalho evidente e que prejudicará a qualidade dos cuidados de saúde. Perde-se, assim, um dos critérios propagandeados pelo Governo: a acessibilidade aos cuidados de saúde primários", atiram na nota. 

Esta atualização de dados estará a ser feira pretexto de atualizar a lista com os dados - com óbitos ou a emigração prolongada. Contudo, a FNAM acusa que  "as orientações que estão a pautar essa atualização são excessivas e exorbitantes, ao ponto de retirarem das listas de utentes e cidadãos apenas porque não têm todos os dados pessoais atualizados ou porque, estando saudáveis, passaram um período mais longo sem recorrer ao médico de família".

Note-se que, em Portugal, 1 milhão e 700 mil pessoas não têm médico de família.

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