Fortuna de Rishi Sunak supera a do Rei Carlos III

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Com 44 anos acabados de cumprir, o primeiro-ministro britânico conseguiu ultrapassar a fortuna do líder de umas das casas reais mais abastadas do mundo. Mas como?

O Reino Unido, outrora um império hegemónico e uma das mais antigas democracias, nunca deixa de nos surpreender com as suas particularidades. Desta vez trata-se de algo que será certamente pouco comum nas monarquias parlamentares: a fortuna do primeiro-ministro, Rishi Sunak, e da sua esposa supera a do próprio Rei Carlos III, segundo uma lista publicada pelo Sunday Times. O natural de Southampton, filho de pais com ascendência indiana, tem agora uma fortuna avaliada em cerca de 760 milhões de euros.

De origem oriental, hindu, com 44 anos acabados de cumprir, com menos de dois anos de mandato e com umas eleições – as primeiras em que participa como líder, por sinal – ao virar da esquina, Sunak conseguiu ultrapassar a fortuna do líder de umas das casas reais mais abastadas do mundo. Mas como?

Origens

Filho de um médico de família do NHS e de uma farmacêutica, Sunak não enfrentou dificuldades financeiras, mas não foi dos progenitores que brotou a fortuna. 

Analisando o seu passado antes de entrar na esfera política em 2015, é fácil entender o motivo de tamanha fortuna. Em 2001, com apenas 21 anos, Rishi Sunak entrou para uma das instituições mais conceituadas do setor bancário, a Goldman Sachs, tendo posteriormente saído quando decidiu fazer um MBA em Stanford. E foi enquanto estudava nos Estados Unidos que conheceu Akshata Murty, atual esposa, filha do multimilionário e fundador da gigante tecnológia Infosys, N. R. Narayana Murty.

Este matrimónio é um dos fatores-chave para a fortuna, mesmo com a carreira de sucesso no setor financeiro, com passagens pelo fundo de cobertura (ou hedge fund) TCI (The Children´s Investment Fund) – algo controverso, já que, segundo o The Guardian, o capital seria colocado em paraísos fiscais como as Ilhas Caimão – e por outras empresas que operam no mercado de investimentos. Sunak refere ainda na sua pequena nota autobiográfica no website dos Conservadores que teve a sorte de «desfrutar de uma carreira de sucesso nos negócios», que fundou uma «grande empresa de investimentos, trabalhando com empresas de Silicon Valley a Bangalore» e que utilizou esse conhecimento para «ajudar pequenas empresas britânicas a crescer com sucesso».

Também segundo o The Guardian, Sunak fundou com Ashkata Murty a Catamaran Ventures, uma empresa de investimentos antes de se tornar membro do Parlamento britânico, a partir da qual se tornou acionista, a par do famoso comediante Jimmy Carr, da Acamar Films.

Mais ricos que o rei

Como referido no início, o primeiro-ministro britânico e a sua esposa são detentores de uma fortuna avaliada em 760 milhões de euros, 48 milhões mais elevada que a do rei Carlos III. Mas, mesmo assim, este valor não foi o mais alto que o casal atingiu, uma vez que em 2022 a fortuna estava estimada perto dos 850 milhões de euros.

No último ano, o casal viu o seu património aumentar 23% (cerca de 141 milhões de euros), principalmente pelo crescimento da Infosys, que segundo o The Guardian o valor das ações aumentou de 126 para cerca de 700 milhões de euros no último ano, e também pela sábia gestão das finanças pessoais do próprio primeiro-ministro. Em termos de património, o casal é proprietário de uma casa no bairro de Kensington, um dos mais exclusivos da capital inglesa, avaliada em cerca de 8 milhões de euros e uma em Santa Mónica, na Califórnia. Mas tudo isto apenas os coloca no modesto lugar número 245 da lista do Sunday Times.

Ainda assim, conseguiram superar o Rei Carlos III, que apesar de estar abaixo do primeiro-ministro também viu a sua fortuna pessoal aumentar de 700 para 712 milhões de euros.

Infortúnio político

Mesmo estando num bom momento no que às finanças pessoais diz respeito, Rishi Sunak não atravessa um bom momento político. Após uma derrota estrondosa dos conservadores nas eleições autárquicas, onde perderam 396 assentos, e umas sondagens claramente desequilibradas para o lado dos trabalhistas de Keir Starmer, o primeiro-ministro convocou eleições – que teriam de obrigatoriamente acontecer até janeiro de 2025 – antecipadas já para 4 de julho, tentando aproveitar um momento em que a situação económica dá sinais positivos – com a redução da inflação para 2,3% e com um ligeiro crescimento na ordem dos 0,6% – e da recente aprovação de medidas de combate à imigração ilegal, fenómeno para o qual a Europa tem começado a acordar.

Podendo concordar ou discordar das suas medidas e independentemente de se avaliar o seu mandato como positivo ou negativo, uma coisa é certa: Rishi Sunak não está na política por puro interesse financeiro nem tem governado com instintos ou inclinações eleitoralistas. Porque não precisa, e quem não precisa está mais perto de utilizar a política para servir a nação do que a usar para se servir. 

Assim, a sua permanência no número 10 de Downing Street – que desta vez seria apoiada pelo voto popular – é possível, mas é mais provável que o próximo primeiro-ministro britânico volte a ter uma fortuna inferior à do seu próprio chefe de Estado.

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