Funcionários relatam condições desumanas em hospital para palestinianos

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Os relatos, alguns de médicos, confirmam descrições semelhantes feitas anteriormente por grupos de defesa dos direitos humanos de como funciona o hospital, uma tenda branca no deserto com uma dúzia de camas.

Oito meses após o início da guerra de Israel contra o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, as acusações de tratamento desumano no hospital de campanha militar de Sde Teiman estão a aumentar e o Governo israelita está sob crescente pressão para o encerrar.

Israel diz que detém apenas militantes do Hamas, mas muitos pacientes acabam por ser não-combatentes e os grupos de direitos humanos e outros críticos acusam que o que começou por ser um lugar temporário depois do ataque do Hamas em solo israelita a 07 de outubro de 2023 se transformou num severo centro de detenção.

Os militares negam as acusações de tratamento desumano e dizem que todos os detidos que precisam de cuidados médicos os recebem.

O hospital fica perto da cidade de Beersheba, no sul de Israel, e abriu ao lado de um centro de detenção numa base militar, porque alguns hospitais civis se recusaram a tratar os palestinianos feridos.

Dos três trabalhadores entrevistados pela AP, dois falaram sob condição de anonimato porque temem represálias do governo e outros poderes israelitas.

"Somos condenados pela esquerda porque não estamos a cumprir questões éticas. Somos condenados pela direita porque pensam que somos criminosos por tratar terroristas", disse Yoel Donchin, anestesiologista que trabalha no hospital de Sde Teiman desde os primeiros dias e até hoje.

Donchin, que defendeu, ainda assim, a instalação de grande parte das alegações de maus-tratos, criticou algumas das práticas, como a maioria dos pacientes estar com fraldas e não ter permissão para usar a casa de banho, ou algemados e com os olhos vendados.

"Não sei qual é a razão de segurança para isso", disse.

Os militares contestaram estas alegações, dizendo à Associated Press que os pacientes são algemados apenas "nos casos em que o risco de segurança o exige".

Um soldado que trabalhou no hospital contou como um idoso foi operado a uma perna sem medicação para a dor: "gritava e tremia", disse.

Sobre os tratamentos médicos, o soldado relatou que os pacientes eram alojados em condições precárias, as suas feridas muitas vezes desenvolviam infeções e havia um cheiro putrefacto no ar.

Responsáveis militares israelitas anunciaram esta semana que formaram uma comissão para investigar as condições do centro de detenção, mas não ficou claro se isso incluía o hospital, e na próxima semana, o mais alto tribunal de Israel deve ouvir grupos de direitos humanos que tentam que o local seja encerrado.

As autoridades israelitas não concederam aos jornalistas ou ao Comité Internacional da Cruz Vermelha acesso às instalações de Sde Teiman.

Israel deteve cerca de 4.000 palestinos desde 07 de outubro de 2023, de acordo com dados oficiais, embora cerca de 1.500 tenham sido libertados depois de os militares determinarem que não eram afiliados ao Hamas.

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