As gémeas luso-brasileiras que receberam um dos tratamentos mais caros do mundo tiveram uma consulta marcada num hospital privado em Lisboa antes de serem seguidas no Hospital de Santa Maria. A família diz que, por isso, não faz sentido falar-se de uma cunha porque a porta para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) já estava aberta.
O advogado da família afirma que a mãe sabia que em Portugal é hábito os casos de doenças raras que cheguem aos hospitais privados serem encaminhados para os hospitais públicos. Terá sido isso que a família tentou fazer.
A 16 de outubro de 2019, a mãe das gémeas envia um email para o Hospital Lusíadas, em Lisboa, no qual explica que tem nacionalidade portuguesa, residência em Portugal e que pretendia marcar uma consulta com a médica Teresa Moreno.
A médica foi responsável pela administração do Zolgensma, que custa quatro milhões de euros e é dado a doentes com atrofia muscular espinhal, e foi também esta profissional que consultou as bebés, no Hospital de Santa Maria.
A consulta no Lusíadas ficou marcada para 6 de dezembro. Acontece que, antes disso, a mãe das gémeas luso-brasileiras tinha enviado para todo o lado um relatório médico onde era confirmado, e explicado, o diagnóstico de atrofia muscular espinal.
Devido a desse documento chegou até a trocar emails com um neuropediatra do Hospital Dona Estefânia.
Perante todas as tentativas, a mãe de Lorena e Maitê conseguiu que lhe ligassem do Santa Maria. Nos emails que recebeu confirma-se que ficou marcada uma consulta para as duas filhas para 5 de dezembro, um dia antes da consulta no hospital privado, que a família achou por bem cancelar.
Só em janeiro de 2020 é que as gémeas terão ido presencialmente ao Santa Maria e o tratamento de quatro milhões de euros foi administrado em junho.
Maitê recebeu o Zolgensma no dia 23, tal como Duarte, o menino açoriano com a mesma doença, cujo caso a SIC deu a conhecer esta semana. Lorena recebeu o medicamento dois dias depois.