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O parlamento da Geórgia aprovou, esta terça-feira, a terceira e última leitura do polémico projeto de lei sobre "agentes estrangeiros", apesar das grandes manifestações contra este diploma. Mas a discussão voltou a não ser serena.
Durante o debate sobre o projeto de lei, a televisão georgiana transmitiu brigas entre o partido no poder e os legisladores da oposição, que se pressionaram e gesticularam com raiva.
Nas imagens pode ver-se o deputado georgiano Dimitry Samkharadze a atacar Levan Khabeishvili, presidente do principal partido da oposição, Movimento Nacional Unido, depois de Khabeishvili o ter acusado de organizar multidões para espancar os apoiantes da oposição.
De seguida, outros deputados envolvem-se na discussão, gerando um alvoroço no parlamento georgiano.
Em simultâneo, cerca de 1.000 manifestantes juntaram-se à volta do edifício do parlamento durante o debate, forçando a polícia de choque a usar gás lacrimogêneo e canhões de água quando tentaram invadir o local ao saberem que o projeto de lei tinha sido aprovado.
Esta não é a primeira vez que deputados se envolvem em agressões no parlamento georgiano devido à lei dos "agentes estrangeiros". Em abril, uma discussão sobre o mesmo tema acabou com um deputado a esmurrar outro na cara.
A medida legislativa foi alvo, desde início de abril, de grandes manifestações da oposição, algumas das quais foram reprimidas. A lei determina que organizações, meios de comunicação social e entidades similares que recebam pelo menos 20% de financiamento do estrangeiro se registem como "agentes de influência estrangeira", como acontece na Rússia.
O Governo alega que esta medida pretende obrigar as organizações a serem "mais transparentes" em relação ao seu financiamento, mas, na Rússia, a lei é frequentemente usada para silenciar a imprensa hostil e os opositores do presidente russo Vladimir Putin.
Já no domingo, dezenas de milhares de pessoas mantiveram-se durante a noite no mesmo local para impedir a entrada dos deputados no parlamento, mas, assim que amanheceu, a polícia prendeu com violência vários dos manifestantes.
Desde dezembro passado, a Geórgia tem estatuto de candidato à União Europeia (UE), na sequência daquilo que a Comissão Europeia classificou como um "impressionante empenho" dos georgianos na integração europeia.
No entanto, nos últimos dias, 12 ministros dos Negócios Estrangeiros da UE enviaram uma carta ao chefe da diplomacia do bloco europeu, Josep Borrell, e ao comissário para o Alargamento, Olivér Várhelyi, criticando a intenção de Tbilissi de aprovar a lei dos "agentes estrangeiros".
"O Governo da Geórgia -- para nosso profundo pesar -- parece estar no caminho de comprometer a oportunidade de avançar na integração europeia e euro-atlântica do país", dizia a missiva, datada de 10 de maio e citada pela rede pan-europeia de media Euractiv.
Veja o vídeo dos desacatos na galeria acima.
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