Geórgia. Primeiro-ministro tem planos de proibir os principais partidos da oposição

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Irakli Gedenidze - AFP

O primeiro-ministro da Geórgia e líder do partido Sonho Georgiano, Irakli Kobakhidze, ameaçou que, caso ganhe as próximas eleições parlamentares em outubro, irá banir todas as forças políticas que se lhe opõem. Por sua vez, a coligação da oposição acusa o Sonho Georgiano de procurar estabelecer políticas de tendências autoritárias e de estar a aprofundar relações com a Rússia e, desta forma, a colocar em risco a esperada adesão do país à União Europeia.

“Será provado que a coligação Movimento Nacional Unido (MNU / oposição) está a servir objetivos criminosos”. Quem o diz é o líder do partido do poder, Sonho Georgiano, Irakli Kobakhidze.

Kobakhidze, também primeiro-ministro da Geórgia, confirmou, no fim da semana passada, que tem planos de banir todas as forças políticas que se lhe opuserem nas próximas eleições parlamentares, marcadas para 26 de outubro.

Oposição acusada de criminosa por Kobakhidze, por isso deve ser proibida

Esta ameaça surge dias depois de o partido do Governo, Sonho Georgiano, anunciar que quer dissolver o maior grupo da oposição no parlamento – o Movimento Nacional Unido, fundado pelo ex-presidente do país, Mikheil Saakashvili.

Além do MNU, "outras fações pró-ocidentais com assentos no parlamento enfrentam também a proibição", disse Kobakhidze, porque “na realidade, tudo isso é uma única força política”.

Para argumentar esta posição, o primeiro-ministro insiste que toda a oposição é criminosa e promete, precisamente, "provar que a coligação MNU serve objetivos criminosos".

Ao acusar a oposição de possuir "membros criminosos das forças políticas criminosas", deixa claro que "não devem exercer o status como um membro do parlamento da Geórgia", acrescentou Kobakhidze.

Por isso, “qualquer deputado eleito nestas plataformas será impedido de assumir o cargo”, acentua.

“Acredito que a abolição dos mandatos [parlamentares] será a continuação lógica de proibir esses lugares", defende.

O partido MNU lidera a coligação Unidade para Salvar a Geórgia, enquanto Ahali, do espetro centro, faz parte da Coligação para a Mudança.

Kobakhidze exalta que a coligação em torno de um outro partido centrista, o Lelo, “está diretamente envolvida em extorsão empresarial, juntamente com o regime do MNU, e isso também deverá ser investigado”. Lelo é liderado por Mamuka Khazaradze, que pertence à coligação Strong Georgia.

Possível fim da democracia da Geórgia?

Estes sinais já foram interpretados por Tinatin Akhvlediani, investigadora do Centro de Estudos Políticos Europeus. 

Argumenta que esta intenção de Kobakhidze “efetivamente proibirá toda a oposição que o Sonho Georgiano vê como uma ameaça”.

Citada na publicação Politico, acrescenta que "os únicos paralelos para este tipo de coisa são Alexander Lukashenko na Bielorrússia, ou a Coreia do Norte – e isso pode implicar o fim da democracia da Geórgia".


O Sonho Georgiano tem enfrentado protestos nas ruas de Tbilisi, nos últimos meses, por ter decidido a implementação de uma lei de “estilo russo que classifica ONGs e meios de comunicação apoiados pelo Ocidente” como “agentes estrangeiros”.
Sonho Georgiano e a propaganda de “futuro brilhante”, (sem oposição)

Kobakhidze afirmou na semana passada que as próximas eleições parlamentares serão um “referendo entre guerra e paz, e entre propaganda e valores tradicionais”, acrescentando que a escolha dos eleitores seria “fácil”.

“Nunca houve uma eleição tão fundamental até agora - é uma espécie de referendo entre a guerra e a paz, um referendo entre a propaganda e os valores tradicionais”, sublinhou o primeiro-ministro.

O líder do partido do Governo realçou que a escolha “deve ser feita a favor da paz, da moralidade e de um futuro brilhante” para o país.
União Europeia cada vez mais longe

Há muito que a Geórgia quer integrar a União Europeia, mas mais recentemente tem sido acusada de demonstrar tendências autoritárias e de estar a aprofundar relações com a Rússia. Isso porque, entre outras nuances, não impôs sanções aos russos.

O partido Sonho Georgiano, desde que é Governo, diz-se também a favor de aderir à União Europeia e à Organização do Tratado do Atlântico Norte, porém, Moscovo já afirmou que é contra a entrada da Geórgia na NATO.

Com estas palavras sobre a ameaça ao Estado de Direito, Kobakhidze está a colocar Tbilisi e Bruxelas cada vez mais de costas voltadas.
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