Georgia ridiculariza ameaças de sanções pelos EUA devido a "lei russa"

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As autoridades georgianas consideraram esta sexta-feira ridículas as ameaças de sanções realizadas por Washington na sequência da aprovação da lei "Sobre a transparência da influência estrangeira", conhecida como "lei russa".

"A imposição de sanções aos deputados eleitos pelo povo por terem aprovado uma lei é algo sem precedentes e ridículo", escreveu o líder da maioria parlamentar, Mamuka Mdinaradze, na rede social Facebook, referindo-se às declarações do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

Blinken tinha anunciado restrições à concessão de vistos aos responsáveis pela lei e pela repressão dos protestos contra a mesma, argumentando que estão a "minar" a democracia da Geórgia.

"A independência do país não se troca por vistos", afirmou Mdinaradze, denunciando que "a política de chantagem e ameaças contínua para que a Geórgia não tome decisões independentes, que respondam aos seus próprios interesses".

Sobre a eventualidade das sanções pudessem ser alargadas aos familiares das pessoas sancionadas, o responsável recordou que "mesmo a União Soviética, na sua época, decidiu não alargar as responsabilidades aos familiares".

"Os georgianos nunca abandonarão a sua pátria, a sua língua, o seu credo, as suas tradições, os seus valores, a sua justiça, e tornar-se-ão assim membros de pleno direito da família europeia", considerou.

O deputado sublinhou que, apesar das sanções, os Estados Unidos terão de dialogar "com o povo georgiano e com as autoridades por ele eleitas e não com as nomeadas pelo exterior", defendendo que é algo que a Geórgia "pode conseguir".

Segundo a mesma fonte, o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobajidze, recebeu ameaças de que poderia ter o mesmo destino que o seu homólogo eslovaco, Fobert Fico, alvo de um atentado há nove dias.

Mdinaradze argumentou que a França já aprovou uma lei semelhante e a Turquia está a considerar o mesmo, afirmando ainda que o "secretário de Estado dos EUA anuncia sanções por apoiar uma lei que é muito mais branda do que a que existe" nos Estados Unidos.

Dmitri Jundadze, deputado do movimento Força Popular, alinhado com o partido no poder Sonho Georgiano, afirmou à imprensa que "o parlamento georgiano irá ultrapassar o veto do Presidente Salome Zurabishvili a 28 de maio", após o que a lei "entrará em vigor".

Os Estados Unidos vão reavaliar a cooperação com a Geórgia após a adoção pelo parlamento georgiano de uma lei sobre "influência estrangeira", alvo de críticas e protesto maciços, disse o chefe da diplomacia norte-americana.

Antony Blinken anunciou também restrições à emissão de vistos para permanecer nos Estados Unidos para pessoas consideradas responsáveis por "minar a democracia" na Geórgia, bem como os seus familiares.

Além da própria lei, Blinken alertou que "as táticas repressivas utilizadas para reprimir a dissidência legítima minam a democracia georgiana e as liberdades fundamentais a que o povo georgiano tem direito".

A lei em causa exige que qualquer organização não-governamental ou meio de comunicação social que receba mais de 20% do seu financiamento exterior se registe como uma "organização que prossegue os interesses de uma potência estrangeira" e se submeta ao controlo administrativo.

Sob a presidência de Vladimir Putin, a Rússia tem utilizado uma lei semelhante para perseguir e ilegalizar organizações da sociedade civil e meios de comunicação social independentes, praticamente extintos desde a invasão da Ucrânia em 2022.

Ex-república soviética, a Geórgia é oficialmente candidata à entrada na UE desde dezembro de 2023.

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