Godard, o controverso, fez sonhar e pensar

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Adorado e injuriado, Jean-Luc Godard nunca deixou de despertar paixões. A partir de 22 de fevereiro, a Leopardo Filmes lança em diversas salas do país 11 filmes do cineasta, das grandes obras do início da ‘Nouvelle Vague’ a “Valha-me Deus”.

Patricia acaba de revelar a Michel, um assassino em fuga, que o denunciou à polícia. Spoiler alert: a sequência inicia-se com a fuga de Michel, que sai abruptamente do edifício, e, já na rua, troca um breve diálogo com o seu comparsa, ao volante de um descapotável. A polícia entra em cena e abate Michel com um tiro nas costas, em plena rua, quando este corria no sentido oposto.

Um longo travelling para a frente acompanha-o à distância. Patricia corre atrás dele e é filmada de frente. Vestido às riscas, rosto fechado. Mistérios do amor que os rostos de ambos, em grande plano, ilustram. A rutura. A morte. Os dedos dela a passar por cima dos lábios, imitando o gesto que, apesar de roubado a Humphrey Bogart, acompanhou Michel ao longo do filme.

Jean Seberg é Patricia, Jean-Paul Belmondo é Michel. O filme? “O Acossado” – À Bout de Souffle, no original – partiu de um argumento assinado por François Truffaut e foi filmado em apenas 20 dias. Com um orçamento muito inferior ao habitual à época e uma equipa reduzida, a arte do ‘desenrascanço’ falou sempre mais alto, caso do travelling feito a partir de uma cadeira de rodas. No entanto, os parcos recursos financeiros não impediram que “O Acossado” tivesse grande impacto a nível internacional, não só pela sua latente sexualidade, mas também pela forma introspetiva como Godard ilustrou a complexidade das relações humanas.

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