Goldman Sachs antecipa forte pressão sobre lucros em 2024

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A pressão da escassez de fornecimentos já diminuiu, mas o horizonte da indústria não financeira continua a ser ensombrado com diversos fatores. Entre eles, o aumento dos salários.

Os lucros das empresas não financeiras diminuíram de um pico de 17% da receita do sector em 2022 para 16%, em média, em 2023, mas permanecem acima do nível de 13% que se registava no quarto trimestre de 2019. À medida que a economia continua a mover-se para um contexto mais próximo do equilíbrio pré-pandemia, mas com taxas de juros mais altas, “avaliamos em alta as perspetivas para as margens de lucro corporativas no próximo ano”, refere um research da Goldman Sachs.

Alguns custos associados à atividade foram diminuindo no último ano e nesse contexto “esperamos que custos mais baixos aumentem as margens de lucro no curto prazo”, até porque as empresas conseguiram encontrar forma de incorporar esse corte de custos. Ao contrário, diz ainda consultora, o aumento dos custos tem sido passado para o consumidor com algum sucesso – o que implica margens mais ‘agradáveis’. O crescimento das margens de lucro das empresas não financeiras deverá crescer em média, por esta via, cerca de 0,2 pontos percentuais em 2024.

Em contraste, diz ainda Goldman Sachs, a reversão dos efeitos de escassez que impulsionaram os preços e as margens nos últimos anos em algumas indústrias de bens deverá exercer pressão descendente sobre os lucros este ano. Aliás, “as margens para estas indústrias já começaram a reverter, especialmente em sectores que enfrentam maior concorrência de importações, e esperamos que esta dinâmica continue em 2024. Esperamos que a reversão contínua dos efeitos da escassez provavelmente gerará uma redução de 0,4 pontos percentuais nas margens de toda a economia este ano, o que irá traduzir-se numa redução de cerca de 0,3 pontos percentuais.

Por outro lado, antecipa a consultora, “o forte investimento em Inteligência Artificial provavelmente continuará para aumentar as margens de lucro do sector da tecnologia em 2024. A nosso previsão implica um aumento de cerca de 0,1 pontos percentuais nas margens globais“.

No que diz respeito aos custos laborais, “esperamos que o crescimento salarial desacelere de 4,5% para 3,5% ao longo do próximo ano, o que deverá manter o crescimento dos custos unitários do trabalho em torno de 2%. No mesmo período, esperamos que os preços dos fornecimentos das empresas não financeiras aumentar cerca de 2,3% no próximo ano (excluindo os efeitos da escassez), o que implica que o crescimento mais lento dos custos do trabalho deverá impulsionar o lucro em 0,3 pontos percentuais”. Em termos gerais, diz a Goldman Sachs, uma diminuição de 1 pp no crescimento salarial tende a aumentar os lucros em cerca de 0,3 pp.

Por outro lado, “as despesas com juros deverão aumentar 1,5-2% em 2024, o que terá um impacto de 0,1 pp nas margens de lucro este ano.

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