Goldman Sachs escolhe JP Morgan como “top pick” por ser único banco dos EUA que não espera queda da margem

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“A nossa principal escolha é o JPM” dizem os analistas do Goldman Sachs que levam em consideração a orientação do JP Morgan para a receita de margem financeira (de juros) em 2024.

O banco norte-americano Goldman Sachs emitiu uma nota de research sobre o último trimestre de 2023 para o sector bancário norte-americano e as perspectivas para 2024.

Os grandes bancos dos EUA apresentaram resultados recorrentes ligeiramente mais fortes (1% acima do consenso dos analistas), embora o foco continue no impacto da mudança do ambiente de taxas sobre a trajetória dos lucros dos bancos.

O Goldman Sachs analisa quais são os impactos estimados na receita de margem financeira em 2024/25 e “quando veremos o ponto de inflexão da margem financeira devido aos cortes nas taxas, à continuada de saídas de depósitos, betas de depósitos desfasados e abrandamento do crescimento dos empréstimos”

O banco também procura a resposta à pergunta “com que rapidez o crédito malparado e a constituição de provisões aumentarão a partir daqui? Quais são as áreas de risco de crédito no futuro, especialmente no sector dos cartões?”

Com o guidance de custos anunciado pelos bancos, qual é o caminho para uma alavancagem operacional positiva no segundo semestre? É outra das perguntas lançadas pelo Goldman Sachs na nota, a que acrescenta o facto de “com a incerteza contínua em torno do Acordo Final de Basileia 3 (Endgame de Basileia 3) e do CCAR (Comprehensive Capital Analysis and Review), como irão os bancos pensar sobre os retornos de capital (recompras e dividendos) em 2024?”

O Goldman Sachs escolhe JP Morgan como “top pick” por ser o único banco dos EUA que não espera queda da margem financeira este ano.

“A nossa principal escolha é o JPM” dizem os analistas do Goldman Sachs que levam em consideração a orientação do JP Morgan para a receita de margem financeira (de juros) em 2024.

O JP Morgan é o único banco que não prevê um declínio da margem financeira em 2024, explicam os analistas.

“Consideramos que a orientação da JPM para a receita da margem financeira é conservadora, impulsionada por uma maior flexibilidade face aos seus pares para ajustar as taxas de juros dos depósitos ao ambiente de taxa de  juro em queda, dado o alto beta de depósitos”.

Os betas dos depósitos medem a sensibilidade do custo dos depósitos de um banco às alterações na taxa de juros de curto prazo. Por exemplo, um beta de depósito de 0,4 significa que um banco aumenta a sua taxa média de depósito em 40 pontos base para um aumento de 100 pontos base na taxa de juro de curto prazo.

A escolha do JP Morgan tem ainda como base o aumento da receitam da margem financeira devido à reavaliação em alta dos títulos; o crescimento dos empréstimos de um dígito em média versus a hipótese conservadora de crescimento dos empréstimos do JPM; e apropriação de quatro meses de margem financeira do  First Republic Bank, uma vez que a aquisição do banco foi concluída em maio de 2023.

“Além disso, o JPM poderá surpreender positivamente em termos de receitas de comissões, uma vez que beneficia também da recuperação secular e dos ganhos de quota nos mercados de capitais. bem como  das sinergias de receitas do acordo o First Republic. Além disso, a posição de excesso de capital do JPM significa que há espaço para subir os lucros, quer devido a um maior retorno do capital do que o previsto, quer devido à reafectação de capital para o negócio, acelerando o crescimento das receitas”, defendem os analistas.

Lucros do quarto trimestre do ano passado: Um gap muito significativo existiu entre o crescimento anual da receita da margem financeira e a trajetória trimestral, com o JPM a esperar uma evolução anual da margem estável.

“Os grandes bancos viram os fluxos de depósitos infletir pela primeira vez em 2023, com os depósitos totais do 4ºtrimestre a subirem 1% sequencialmente, liderados por um crescimento de 5% nos depósitos corporativos (embora pensemos que parte disto se deveu a maiores reservas de caixa sazonais no final do ano por parte das empresas), parcialmente compensados por 1% declínio nos depósitos dos particulares”, diz o Goldman Sachs.

Os custos dos depósitos continuam a aumentar para os sete principais bancos, com betas acumulados a atingirem 49%, uma vez que os depósitos não remunerados diminuíram mais 1pp em relação ao trimestre anterior (os depósitos não remunerados representam cerca de 25% dos depósitos totais, contra um mínimo de 19% em 2008), e o mix de certificate of deposit (CD) continuou a aumentar, subindo 200bps, embora em 10% dos depósitos, este número permaneça 800 pontos base abaixo de 2008, dizem os analistas.

“Esperamos um crescimento limitado dos depósitos (em parte como resultado do QT – Quantitative Tightening – e do menor crescimento dos empréstimos). A maioria dos bancos apresentou uma perspetiva conservadora de crescimento do crédito para o ano inteiro, sendo o negócio dos cartões o único ponto positivo. Além disso, os rácios CET1 aumentaram 10 pontos percentuais sequencialmente para os grandes bancos, através dos lucros retidos e do acréscimo de AOCI (Accumulated Other Comprehensive Income), dada a queda significativa das taxas de juros durante o trimestre. Com a maior probabilidade de que as regras B3E finais possam ser reduzidas em relação à proposta original, esperamos recompras de cerca de 75% superiores em 2024Eem relação ao ano anterior, e modestamente abaixo da média histórica pré-Covid”, refere o banco de investimento.

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